O crânio de um ancestral dos mamíferos só encontrado antes em terras russas e africanas foi descoberto em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, anunciaram cientistas brasileiros nesta segunda-feira (16). O fóssil é o primeiro descoberto na região de um carnívoro terrestre que teria vivido na América do Sul durante a Era Paleozoica – entre aproximadamente 540 milhões e 250 milhões de anos atrás.
Os chamados "terápsidos" viveram há 260 milhões de anos e se alimentavam de pequenos herbívoros.
O crânio completo encontrado tem aproximadamente 32 centímetros de comprimento e foi visto pela primeira vez em dezembro de 2008 na região dos pampas, dentro de uma fazenda. Depois de três anos de análises, os cientistas conseguiram identificar a espécie do animal e a anunciaram nesta segunda.
Para os pesquisadores responsáveis pela descoberta, as comparações com os “parentes” russos e africanos permitem estimar que o carnívoro brasileiro tinha 3 metros de extensão, pesando mais do que um leão.
O nome científico do bicho (Pampaphoneus biccai) significa “matador dos pampas”, explica um dos autores da descoberta, o pesquisador Juan Carlos Cisneros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
O animal pertence a um grupo particular de terápsidos conhecidos como "dinocefálios". Este grupo de animais já extintos também recebeu um apelido ameaçador na tradução do latim: “cabeça terrível”.
A bravura está ligada aos ossos grossos dos dinocefálios, reforçados por rugas e cristais no crânio. “Essa característica era voltada para proteção. Algumas espécies usavam a cabeça para brigar, como fazem as cabras hoje em dia”, diz o pesquisador.
Mesmo bravos, a maior parte dos dinocefálios era herbívora. As poucas espécies carnívoras mediam até 6 metros e eram os maiores predadores terrestres na época em que P. biccai viveu.
“Carnívoros são raros. Até hoje, se você vê um documentário na África, vai ver um monte de zebra, mas poucos leões”, diz Cisneros. “Eles são limitados pelo volume de alimento disponível, há sempre menos carnívoros do que herbívoros.
Caça a fósseis
O achado foi divulgado na revista da Academia de Ciências Americana, a PNAS, nesta segunda. Cisneros já esperava encontrar fósseis no Rio Grande do Sul que fossem parecidos com os de outras partes do globo.
“A gente tinha uma suspeita de que esse animal pudesse existir no Brasil”, afirma.
Entre 2008 e 2009, a equipe de Cisneros visitou 50 localidades no país, procurando por sítios arqueológicos relevantes. Eles escolheram dez lugares, sendo que um deles rendeu a descoberta de outro animal pré-histórico, mas herbívoro: o Tiarajudens eccentricus, um terápsido com dentes no céu da boca (palato), cujo fóssil também foi achado em São Gabriel.
“Procurávamos sempre por lugares sem vegetação e, dependendo das cores observadas e da erosão no local, nós avaliamos as chances de encontrar fósseis ou não”, explica o especialista. “Essa área dos pampas gaúchos apresenta grande potencial, há rochas sedimentares ali, que cobrem os restos mortais dos seres vivos com areia e lama.”
O nome científico do bicho (Pampaphoneus biccai) significa “matador dos pampas”, explica um dos autores da descoberta, o pesquisador Juan Carlos Cisneros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
O animal pertence a um grupo particular de terápsidos conhecidos como "dinocefálios". Este grupo de animais já extintos também recebeu um apelido ameaçador na tradução do latim: “cabeça terrível”.
A bravura está ligada aos ossos grossos dos dinocefálios, reforçados por rugas e cristais no crânio. “Essa característica era voltada para proteção. Algumas espécies usavam a cabeça para brigar, como fazem as cabras hoje em dia”, diz o pesquisador.
Mesmo bravos, a maior parte dos dinocefálios era herbívora. As poucas espécies carnívoras mediam até 6 metros e eram os maiores predadores terrestres na época em que P. biccai viveu.
“Carnívoros são raros. Até hoje, se você vê um documentário na África, vai ver um monte de zebra, mas poucos leões”, diz Cisneros. “Eles são limitados pelo volume de alimento disponível, há sempre menos carnívoros do que herbívoros.
Caça a fósseis
O achado foi divulgado na revista da Academia de Ciências Americana, a PNAS, nesta segunda. Cisneros já esperava encontrar fósseis no Rio Grande do Sul que fossem parecidos com os de outras partes do globo.
“A gente tinha uma suspeita de que esse animal pudesse existir no Brasil”, afirma.
Entre 2008 e 2009, a equipe de Cisneros visitou 50 localidades no país, procurando por sítios arqueológicos relevantes. Eles escolheram dez lugares, sendo que um deles rendeu a descoberta de outro animal pré-histórico, mas herbívoro: o Tiarajudens eccentricus, um terápsido com dentes no céu da boca (palato), cujo fóssil também foi achado em São Gabriel.
“Procurávamos sempre por lugares sem vegetação e, dependendo das cores observadas e da erosão no local, nós avaliamos as chances de encontrar fósseis ou não”, explica o especialista. “Essa área dos pampas gaúchos apresenta grande potencial, há rochas sedimentares ali, que cobrem os restos mortais dos seres vivos com areia e lama.”
Passeio pela Pangeia
Cisneros defende que o estudo é uma prova da grande mobilidade dos vertebrados terrestres por todos os cantos do supercontinente Pangeia, que unia, no passado, todos os continentes atuais.
O fóssil é muito parecido com as espécies encontradas atualmente na Rússia, no Cazaquistão, na China e na África do Sul. Com a versão brasileira deste tipo de animal, especialistas acreditavam que uma distribuição mais cosmopolita dos terápsidos pode ter ocorrido muito antes do que se imaginava.
Até então, os cientistas afirmavam que este tipo de interação teria ocorrido somente mais tarde, durante o período Triássico – entre cerca de 250 milhões e 200 milhões de anos atrás.
'Pais' dos mamíferos
Apesar de serem muito parecidos com répteis, os terápsidos se encontram mais próximos dos mamíferos na arvore genealógica dos animais pré-históricos. Isso os distancia também das comparações com os dinossauros.
Os mamíferos atuais possuem ossos dentro do ouvido que participam da audição, além de dentes mais complexos, cauda menor e uma postura mais ereta. No caso de P. biccai, a semelhança com répteis aparece somente quando se leva em conta a forma como os dentes se encaixavam: os de cima entre os debaixo, como ocorre em uma boca de jacaré.
G1
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