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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Quinze minutos de infâmia





É preciso denunciar todos os "polêmicos" e suas bobag
ens antes que sejam tomados como exemplo



Transformações sociais envolvem tantas variáveis que é natural que provoquem resultados imprevisíveis. À medida que a profecia atribuída a Andy Warhol se concretiza e que todos têm direito a 15 minutos de notoriedade, a fama, inflacionada, perde valor. O que significa aparecer na TV, no jornal ou na revista quando há tantos canais de TV, jornais e revistas?

Na internet, a situação é mais dramática. Empresas despreparadas e pessoas desesperadas fazem de tudo para ser "famosas na rede", "bombar nas mídias sociais" ou virar "WebCelebridades", mesmo sem saber o que farão com a notoriedade que venham a conquistar.

Quando todos são famosos, ninguém é. A popularidade que muitos anônimos acreditam ter conseguido com seus vídeos engraçadinhos e comentários politicamente incorretos nada mais é do que uma flutuação social irrelevante. Em ambientes sem trabalho ou assunto sério a discutir, fala-se de qualquer coisa. Muito do que é dito nos Twitters e Facebooks é tão efêmero quanto uma fofoca ou a conversa sobre o tempo no elevador.

A internet amplifica e registra tudo. Por causa do seu alcance, ela cria um novo tipo de sucesso, instantâneo e efêmero como o barato de uma pedra de crack, que pode ter efeitos devastadores em seus portadores e, principalmente, nos que os cercam. Fascinados pelo brilho, glamour e deslumbramento da claque, muitos neofamosos acabam por acreditar na fantasia que criaram, acostumados que estão com as repentinas mordomias e rapapés. Seu fracasso lhes subiu à cabeça, serão incapazes de voltar à vidinha medíocre que levavam. Por isso fazem de tudo para criar novas polêmicas e controvérsias vazias, em busca de factoides que os recoloquem em evidência.

O resultado é uma avalanche de afirmações e comentários de baixa qualidade, que transbordam em grosserias por falta de cultura, exultando o despreparo em nome de uma irreverência vazia. Para chamar a atenção, vale qualquer coisa: ignorância, homofobia, fundamentalismo, pedofilia, apologia ao crime e outras baixarias. Falem mal, mas falem de mim.

A celebridade é construída sem ter feito nada de célebre, porque sempre haverá idiotas dispostos a consumir (e patrocinar) idiotices e simplificações rasteiras, em vez de se dar ao trabalho de elaborar um argumento. Muitos valentões de mídia se calariam caso tivessem que defender as mesmas bobagens em público. Protegidos pela distância, esbravejam feito crianças mimadas, cada vez mais barulhentas.

A boa educação recomendaria ignorá-los. Mas, como a rede armazena tudo e uma busca no Google pode ressuscitar uma bobagem dita fora de contexto há muito tempo, seus comentários, se não contestados, podem durar para sempre.

Quem cala consente. É preciso protestar contra as bobagens ditas por um Datena (ou, em escala menor, um Rafinha Bastos ou um Silvio Koehrich) antes que alguém os leve a sério. A crítica pode aumentar sua popularidade por algum tempo, mas acaba quebrando sua falsa imunidade de "famosos", registrando o direito de resposta nas mesmas mídias e forçando-os a prestar contas de suas declarações perante a sociedade antes de serem, definitivamente, ignorados.

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