De um lado, homens armados com objetos cortantes. Do outro, piscinas de alto padrão em frente à praia. Nos primeiros dias deste feriado de Páscoa, dois bois não hesitaram e, durante a fuga de farristas empenhados em matá-los, invadiram as áreas sociais de dois hotéis repletos de turistas na praia dos Ingleses, em Florianópolis, em Santa Catarina.
Os animais, em desespero, entraram nas instalações de hóspedes correndo de participantes da farra do boi, herança açoriana proibida atualmente no Estado e coibida pela Polícia Militar (PM).
Na manhã de hoje, por volta das 11h, em pleno horário de "check out", turistas deixavam o hotel Lexus Internacional, posicionado bem na orla, quando um boi foi visto em disparada.
"O pessoal começou a correr e voltou para dentro do saguão. Fecharam a porta, mas o boi conseguiu passar pela entrada dos funcionários", disse o recepcionista Jean Scheffer.
Por sorte e após rápida movimentação dos funcionários, o animal acabou encurralado em um portão, sem deixar feridos. "O pessoal do Cidasc [Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina] veio e levou o bicho". O bovino será sacrificado - pois não tinha identificação sanitária.
Na quinta-feira, o episódio foi vivenciado pelos hóspedes do hotel Holiday, na rua das Gaivotas, igualmente nos Ingleses, segundo a PM. Também em fuga de homens que integravam um grupo de farreiros, o animal correu para a área da piscina.
O boi chegou a quebrar algumas cadeiras - e destruiu equipamentos de jardinagem e parte da vegetação, segundo a PM. "Mas, quando nossos homens chegaram, o boi já tinha fugido", afirma o capitão Alessandro Marques, do Centro de Comunicação Social da PM. Até agora, ele não foi encontrado.
Crueldade na mira da polícia
A tradição da farra do boi em Santa Catarina faz parte da cultura local há mais de 200 anos e teria sido trazida por imigrantes açorianos.
Nos últimos 30 anos, no entanto, a brincadeira ganhou contornos criminosos. Como diz o capitão Marques, porta-voz da PM, os envolvidos nas farras furam os olhos dos animais, provocam sofrimento severo e, não raro, só se sentem realizados quando matam os animais de cansaço ou afogados no rio e no mar - já que os bois correm para a água como última tentativa de salvação.
Para combater essa nova modalidade da tradição, a PM tem um centro de gerenciamento de dados que, com ajuda de informantes, atua detendo responsáveis por organizar as festas e descobrindo locais de confinamento dos animais.
No dia 19 de abril, após investigações, a polícia encontrou um espaço em que 12 animais eram guardados para participar de farras. Todos foram apreendidos e encaminhados para os cuidados da Cidasc.
"Sabemos que é difícil acabar com uma tradição tão antiga, mas o crime está bem tipificado, temos súmulas judiciais a nosso favor, e não toleramos esse tipo de crueldade", diz o capitão Marques.
UOL
Eu sempre torço para o boi atacar os imbecis que promovem esta palhaçada contra eles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário