Formar-se em Direito, passar nos exames da OAB em que menos de 10% são
aprovados, disputar os concursos para a magistratura em que apenas 1% passa, é
duríssima a carreira de um juiz, pelas responsabilidades da função pública que
exerce. Mas, nada justifica que tantos juízes do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro ganhem mais de R$ 50 mil por mês, o dobro do salário da presidente da
República e do teto legal, e alguns recebam até quatro vezes mais.
Sim, os benefícios não são ilegais - ninguém conhece as leis melhor do que os
juízes - e vigoram por decisões judiciais e administrativas dos próprios
beneficiários.
Todos os juízes sabem que nem tudo que não é proibido pela lei é permitido
pela ética, e a grande maioria, principalmente das novas gerações, não aceita
mais a cultura de privilégios das velhas elites judiciárias encasteladas no
poder.
Sim, a carreira é muito difícil para todos, e alguns, às vezes entre os mais
brilhantes, acabam se desviando pelo caminho, corrompidos pela vaidade, a
ambição e a onipotência, como Darth Vaders de toga que passam para o lado escuro
da Força.
Raros são denunciados ou punidos e continuam reagindo indignados contra
qualquer investigação, denunciando as críticas na imprensa como conspiração para
desmoralizar toda a corporação, quando querem apenas impedir que se faça …
justiça.
É verdade que não há justiça na natureza, muito pelo contrário, nem no
cosmos, nem nas religiões (pelo menos na vida terrena), nem nos deuses que
permitem injustos e cruéis sofrimentos, a morte de inocentes e a salvação de
assassinos.
A ideia de justiça é uma invenção humana, baseada na ética e na moral, como
parte fundamental do processo civilizatório, mas existe apenas como tentativa de
fazer justiça, nem sempre realizada, pelas precariedades da condição humana.
O que não é justo é a imensa maioria de juízes honestos, que cumprem todos os
deveres que sua nobre função exige, ser usada como escudo por elites
corporativas que não querem justiça, mas privilégios abusivos pagos pelo
trabalho e os impostos de todos nós, inclusive os juízes honestos.
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