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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Dimensões e Tolices


Por Nelson Magrini

O termo Dimensão costuma gerar muita confusão com o pessoal leigo ou não técnico, e exatamente por esse motivo é explorado por místicos, profetas da nova-era, pretensos paranormais e mesmo, “vigaristas científicos”, pessoas que só falam ficção com o intuito de se mostrarem como gênios perante os demais.

Dentro desse contexto, um exemplo muito comum é o de pessoas que se referem a “habitantes de outra dimensão”. Como facilmente podemos perceber, aqui o termo é empregado como um “lugar diferente do nosso universo” e seja na ficção-científica, seja em seitas ou religiões espíritas, etc, a imagem mais apropriada, neste caso, seria de um “universo paralelo” ou um outro universo. Este mesmo significado se aplica quando o termo é empregado para referenciar as chamadas “dimensões astrais”, “dimensões espirituais”, etc. Em outras palavras, nestes casos a palavra Dimensão não está em seu conceito ordinário ou matemático.

Outro ponto muito corriqueiro, encontrado em diversos tipos de literatura e mesmo através de bravatas, são pessoas que afirmam que “podem viajar pela quarta dimensão”, por exemplo.

Primeiramente, aqui cabe uma ressalva, e esclareço que não estou levando em consideração de que, em Física, o Tempo é tomado como uma quarta dimensão, conforme visto a partir dos trabalhos iniciais de Einstein, na chamada Relatividade Restrita. Esta quarta dimensão aqui considerada pode ser uma dimensão espacial adicional qualquer, mas isto não altera a análise a seguir em absolutamente nada.

Voltando à questão da possibilidade de se “viajar” ou se locomover por essa hipotética quarta dimensão, devemos primeiro entender o que tais pessoas querem dizer, e mesmo o que entendem, por esse tipo de afirmação. De uma maneira geral, tal afirmação significa que essas pessoas podem se locomover de uma maneira que não podemos perceber, naquilo que eles mesmo chamam de “nosso mundo tridimensional”, saindo de nossa realidade, através dessa quarta dimensão, e depois retornando, de uma maneira que nos pareceria milagrosa. Se algo assim fosse possível, trancar uma pessoa dessas em uma sala completamente fechada, não garantiria que ela ficaria presa. Apesar de estar emparedada por todos os lados, tal pessoa simplesmente sairia pelas aberturas existentes nessa quarta dimensão, as quais, para nós, estariam fora de nosso alcance.

Contudo, o que tais pessoas não percebem é que um cenário desses é completamente infactível. Levantar a possibilidade de se “viajar exclusivamente através de uma quarta dimensão” é tão idiota quanto afirmar que podemos “viajar somente no comprimento”, desconsiderando-se a largura e a altura! Isso simplesmente é impossível, uma vez que somos seres 3D, ou seja, sempre iremos nos deslocar em TODAS as dimensões. Basta qualquer um tentar se deslocar “apenas no comprimento” ou na largura, ignorando as dimensões restantes! Portanto, esse tipo de afirmação ou suposição é uma bobagem total.

Outro ponto que não é levado em consideração, ou mesmo, que é desconhecido, é que se um dia o universo revelar ter, por exemplo, 10 dimensões, como se especula em alguns cenários da Física Moderna, seremos, então, seres com 10 dimensões, pouco importando se 6 delas estão de um tamanho minúsculo. Se ele se revelar tendo 30 dimensões, seremos seres de 30 dimensões. É impossível ser diferente, uma vez que essas dimensões comporiam o universo e tudo o que há nele. Ter a imagem de que somos seres 4D e que, se nosso universo for 10D, poderia, então, haver seres 6D é totalmente errado. Notem que, em nosso mundo de três dimensões, tudo o que conhecemos no universo é 3D (se não incluirmos o Tempo). Coisas com duas dimensões, 2D, como a sombra ou a projeção de imagens, tem sua origem em objetos 3D.

Percebam que algo 2D só pode se deslocar em planos e é exatamente o que acontece com a sombra, por exemplo. Basta olhar para a nossa própria. Ela pode estar projetada em uma parede e, conforme você anda, ela se desloca para o chão (ou teto, dependendo da posição da fonte de luz) e depois se desloca para a outra parede, mas ela não se movimentou pelo espaço livre entre as paredes; ela só fará isso, se for colocado um anteparo no vão entre as paredes, ou em outras palavras, se for definido um plano para ela se movimentar.

Outro ponto que se nota facilmente é que o nosso movimento em linha reta, de uma parede à outra, pelo espaço do vão entre as paredes, obrigou a sombra executar uma série de movimentos estranhos, alterando por duas vezes seu plano de movimento. É curioso como algo tão simples como esta constatação já rendeu inúmeros profetas que apregoavam que nós seríamos, apenas, sombras tridimensionais de seres quadrimensionais, invisíveis à nossa consciência limitada. Se isto lembra alguma coisa a você, pode ter certeza de que não é mera coincidência; você já escutou bobagem semelhante em algum lugar.

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