A ampliação do número de linhas e estações vem trazendo cada vez mais gente para o metrô de São Paulo. Ao mesmo tempo, o sistema apresenta constantes falhas, causando transtornos aos usuários, o que se reflete na avaliação do serviço.
Pesquisa Datafolha revela que nunca os paulistanos tiveram avaliação tão ruim do metrô, meio de transporte adotado por 35% dos moradores, maior taxa da história.
Desde 1997, o Datafolha pesquisa a avaliação do sistema de transporte público de São Paulo. E, pela primeira vez, menos da metade aprova a qualidade do metrô. Agora, 47% dizem que o metrô é "ótimo/bom", queda de sete pontos percentuais desde 2008. Já a reprovação aumentou seis pontos. O período a partir de 2008 também coincide com a integração com o bilhete único.
Foram ouvidas 1.039 pessoas de todas as classes sociais, faixas de renda e idade, sexo e escolaridade. A margem de erro é de três pontos percentuais.
O transporte coletivo de um modo geral é mal avaliado 24% aprovam e 42% desaprovam, e a situação já foi pior. Em 2007, 51% dos moradores avaliavam o sistema como ruim ou péssimo.
Os ônibus também são muito mal avaliados, segundo a pesquisa: 27% de aprovação e 41% de reprovação. Em 2001, os percentuais eram parecidos: 28% e 41%, respectivamente. Os trens têm 25% de aprovação e 25% de reprovação. Entre os mais ricos (renda familiar superior a dez salários mínimos), 57% dizem que o metrô é ótimo ou bom. (Fonte: Folha de S. Paulo)
Metrô já soma 57 panes
De dezembro de 2007 até hoje, já foram registradas, pelo menos, 57 panes graves nas linhas do metrô paulista.
Na verdade, todas estas panes comprovam a fragilidade do sistema que a Bancada do PT na Assembleia Legislativa denuncia há tempos. Caso o governo tucano não tome providências imediatas, o metrô paulista entrará em colapso.
Meta de 200 km de metrô em São Paulo só em 30 anos
O metrô de São Paulo expande-se de forma lenta e equivocada, aponta o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Junior. Ao “esticar linhas”, sem criar conexões, a ampliação do metrô aumenta a superlotação e o risco de acidentes. “O Metrô vem de um atraso de décadas que, somado a mais gente no sistema e à expansão lenta, cria superlotação. O que aumenta mesmo são os problemas”, critica.
Com o corte de investimentos na expansão do sistema no primeiro semestre, Altino calcula que o governo do Estado de São Paulo levará mais de 30 anos para atingir a meta de 200 quilômetros de vias. Entre 2008 e 2010, a gestão estadual utilizou 37% a menos da verba disponível para a Companhia do Metropolitano de São Paulo. Nesse período, dos R$ 9,58 bilhões previstos, foram gastos R$ 5,95 bilhões, segundo o Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária (Sigeo). Para os seis primeiros meses deste ano, o orçamento do Estado previa investimentos de R$ 3 bilhões. O governo empenhou R$ 1,2 bilhão, mas não chegou a concretizar nenhum pagamento.
Na ponta do lápis, se o governo estadual mantiver o ritmo de ampliação atual das linhas – 2,35 quilômetros por ano, de acordo com relatório do próprio Metrô – a previsão de Altino é otimista, porque seriam necessários aproximadamente 55 anos. Atualmente, esse modal de transporte na capital paulista está perto de completar 70 quilômetros de vias.
Com os congestionamentos no trânsito da cidade cada vez maiores, o sindicalista prevê o metrô cada dia mais inchado. “Não há alternativa: ônibus e carro são piores”, critica. “O problema é que começa a cair a qualidade”. Na sexta-feira 12 de agosto, o metrô atingiu a marca de 4,1 milhões de passageiros, recorde de usuários num único dia.
Além da falta de investimentos, o metroviário aponta falhas no planejamento das linhas. Segundo ele, faltam conexões. “A Linha 4 – Amarela, por exemplo, não é eficiente, porque só ampliou a entrada e continuam existindo poucas saídas. Quem vem da zona leste continua sem ter alternativa para ir à avenida Paulista, por exemplo. A única via de integração passa pela Estação Sé”, detalha.
A Linha 5 – Lilás – teve aumento de quase 100% no fluxo de passageiros, informa Altino. Dos 130 mil passageiros diários no início, o atendimento passou para 250 mil. Além disso, a linha continua desconectada de outras do próprio sistema. A única conexão é com a Linha 9 – Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Acidentes
A lotação cada vez maior, segundo Altino, aumenta a insegurança nos trens. “Agressões sexuais são favorecidas pela superlotação. Também cresceram os acidentes em escadas e o empurra-empurra.”
As falhas nos trens também tendem a aumentar, diz. “Em relação à manutenção, o metrô funciona como carro: quanto mais lotado maior o desgaste”, explica. A frequência de manutenção preventiva, analisa, não é suficiente diante dos novos números.“Não chega a haver risco, mas com o número de passageiros cada vez maior, seria necessário mais manutenção”.
Novas máquinas colocadas em operação no sistema também preocupam. “Já chegaram com problemas” diz. “O Caf (os novos trens são chamados pelo nome da empresa que os fabrica) é mais alto que o normal e fica acima da plataforma”, relata. Apesar de a empresa ter rebaixado os vagões no limite, os trens ainda estão em desacordo com o nível das plataformas, dificultando o acesso de cadeirantes, por exemplo. “Compraram os trens com padrão errado”, denuncia.
O novo sistema de sinalização e gerenciamento das composições, chamado de CBTC (Controle do Trem Baseado em Comunicações, na sigla traduzida do inglês) é outra preocupação. “Nos testes na linha 2 apresentou problemas”. O novo sistema permite aproximação maior entre os trens e redução dos intervalos. Mas se não estiver funcionando adequadamente aumenta a probabilidade de acidentes. Para o sindicalista o número de testes ainda é insuficiente para garantir a segurança do sistema. “No metrô qualquer falha, por menor que seja, causa tumulto”, alerta.
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