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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia de Nsa.Sra. Aparecida: Deixe-me ver se eu entendi

Na Índia, afirmam que estátuas dos deuses hindus bebem leite, quando uma colher com o mesmo é aproximado delas. Para o católico brasileiro, isto com certeza é uma bobagem e superstição. Para o hindu, acreditar que uma imagem comum de terracota encontrada sem cabeça em um rio é um milagre também é uma grande bobagem.

Hoje, no dia 12 de outubro, comemora-se no Brasil o dia de "Nossa Senhora Aparecida".

Recapitulando a história:
- Há 2000 anos, uma jovem virgem palestina teria engravidado magicamente de um Deus e dado a luz a um "salvador", que teria morrido na cruz para "perdoar os pecados" da humanidade;

- Em 1717, pescadores encontraram uma imagem simples de terracota sem cabeça, no Rio Paraíba. Depois, teriam encontrado a cabeça e as redes ficaram cheias de peixes. É o que diz a história e chamam isto de milagre;

- Em 1834, construíram uma igreja para esta estátua, desenhada em homenagem à virgem palestina do começo da história;

- O Papa Pio XI declara esta imagem, "Nossa Senhora Aparecida", Padroeira do Brasil. Getúlio Vargas endossa isto, em 1931;

Em 1946, construíram uma basílica maior, na qual em sua volta movimenta um comércio de milhões de reais;

- Milhões de pessoas afirmam que recebem milagres ao rezar para esta jovem palestina. Curioso ressaltar que dos muitos alegados "milagres", nenhum registra alguém que tenha perdido uma perna e miraculosamente cresceu outra no lugar, uma criança que nasceu com anencefalia e por divina providência apareceu um cérebro novo e funcional na mesma, alguém que precisava de um rim e outro surgiu após orações à esta jovem e ao seu filho;

-No final das contas, as pessoas com fé continuam indo até esta igreja e rezando, mesmo que o efeito seja apenas psicológico, sem nenhuma evidência científica e que no fundo faz bem aos seus egos, pois acreditam que entidades sobrenaturais são agentes que trabalham por elas ;

-Apesar de bilhões de orações contra a fome do mundo, contra a violência, contra desastres naturais e tudo mais não adiantarem nada, elas seguem acreditando que essa jovem palestina gosta de "promessas" e outros atos de pura vaidade, para auxiliá-la com suas doenças pessoais, de uma forma até certo ponto egoísta. É conhecido e amplamente registrado o efeito placebo, ou seja, não é difícil que imagens "divinas" disparem mecanismos de cura nos organismos de algumas pessoas, como acontece também em crenças não-cristãs. Ora, muitas oram e não obtém a graça. Dirão que é falta de fé, provavelmente;

"Santas milagreiras" são objeto de fé em todo o mundo. Como diz Carl Sagan, no excelente livro " O mundo assombrado pelos demônios":



"Em 1858 se informou de uma aparição da Virgem Maria na Lourdes, França; a Mãe de Deus confirmou o dogma de sua concepção imaculada que tinha sido proclamado pela batata Pio XI só quatro anos antes. Algo assim como cem milhões de pessoas foram após a Lourdes com a esperança de curar-se, muitas delas com enfermidades que a medicina da época não podia vencer. A Igreja católica romana rechaçou a autenticidade de grande quantidade das curas chamadas milagrosas: só aceitou sessenta e cinco em quase um século e médio (de tumores, tuberculosis, oftalmitis, impetigo, bronquite, paralisia e outras enfermidades, mas não, por exemplo, a regeneração de uma extremidade ou uma coluna vertebral partida). Das sessenta e cinco curas, há dez mulheres por cada homem. As possibilidades de uma cura milagrosa na Lourdes, portanto, são de uma entre um milhão; há tantas possibilidades aproximadas de curar-se depois de uma visita a Lourdes como de ganhar a loteria, ou de morrer no acidente de um vôo regular de avião... incluindo o que vai a Lourdes.

A taxa de remissão espontânea de todos os cânceres, agrupados, estima-se entre um por cada dez mil e um por cada cem mil. Se só cinco por cento dos que vão a Lourdes fossem tratar se um câncer, deveria haver entre cinqüenta e quinhentas curas “milagrosas” só de câncer. Como só três das sessenta e cinco curas testemunhadas são de câncer, a taxa de remissão espontânea na Lourdes parece ser inferior que se as vítimas se ficaram em casa. Certamente, se um se encontrar entre os sessenta e cinco curados, será muito difícil lhe convencer de que sua viagem a Lourdes não foi a causa da remissão da enfermidade... Post hoc, ergo propter hoc. Algo similar parece ocorrer com os curandeiros individuais. "


-Milhares de romeiros vão anualmente até Aparecida andando pela beira das estradas. Aparentemente, nem esta jovem palestina e nem seu filho, supostamente filho de um deus, ligam muito para as pessoas que morrem vítimas de acidentes de trânsito neste caminho. Deve ser alguma ironia ou a proteção só vale para os que conseguem lá chegar. Era de se esperar que, mesmo com alguns descuidos, a "Virgem" tomasse providências miraculosas, mágicas e divinas para poupar a vida dos que se arriscam e se descuidam para visitar seu templo:



Sem dúvidas todos estas pessoas rezavam fervorosamente, no caminho. O que aconteceu?



Faz sentido, tudo isto?


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