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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Brasil e o buraco negro

A capa da nova "The Economist" traz a imagem de um buraco negro. Ao redor dele, planetas e estrelas estão sendo sugados. No centro do buraco, as palavras: "Be afraid" (tenha medo).

Na sexta, o ministro Guido Mantega (Fazenda) evocou a imagem para justificar o movimento do Banco Central no sentido de reduzir os juros no Brasil em momento de inflação em alta.

Isso ajudaria a manter a atividade à tona enquanto o mundo afunda. As pressões inflacionárias seriam contidas por uma "desinflação" global. O planeta comprará e crescerá menos, segurando preços, é a aposta.

No Brasil, o limite do teto da meta de inflação (de 6,5%) está ameaçado neste ano. Mas o governo opta por arriscar um pouco mais de inflação no curto prazo a ver o crescimento desabar. Ao mesmo tempo, cortaria os juros para economizar no gasto público.

A dívida pública federal cai R$ 8,6 bilhões (11% do orçamento da Saúde) para cada ponto percentual de queda da Selic , após o período de um ano.

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, quantificou no Congresso o quanto esse buraco negro citado pela "The Economist" já sugou: US$ 10 trilhões em riqueza de famílias e empresas em quatro meses de turbulência nas Bolsas.

O Brasil teria mudado sua política, ao cortar o juro, para fugir dessa força gravitacional negativa.

A destruição da riqueza, ancorada na crise das dívidas dos países ricos, é quem alimenta a espiral do buraco negro. Com o passar do tempo, sua força fica irresistível.

Na zona do euro (17 países), mais da metade dos U$ 6,5 trilhões em títulos emitidos pelos governos locais já mostram sinais de deterioração (leia-se risco de calote), segundo o FMI.

Bancos ao redor do mundo, especialmente na Europa, são os principais credores desses papéis.

Do outro lado do Atlântico, os bancos norte-americanos também estão expostos: mais de meio trilhão de dólares em ativos em risco em Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha.

O sistema segue "capturado".

Mesmo que haja um quase improvável socorro trilionário (nos moldes de 2008 e que acabou por arrebentar as contas fiscais nos EUA e na Europa) ele serviria para salvar, em última instância, os próprios bancos. São eles os principais detentores dessas dívidas.

É preciso levar em conta também que, até 2008, o mundo só crescia porque esses mesmos bancos inundavam famílias e empresas com crédito farto e barato, gerado pela irresponsabilidade que nos trouxe à crise atual.

Ou seja, dificilmente o mundo voltará ao padrão anterior de crescimento. Mesmo que seja adotada solução política que passe por mais gastos estatais trilionários.

O quadro abaixo tentar dar uma ideia do futuro.

Mostra o potencial de crescimento neste ano e no próximo na comparação com os sete anos que antecederam a crise global.

(clique para aumentar)


Quer escapar da crise e ajudar a afundar os bancos estrangeiros? Não aplique na bolsa de valores, não utilize cartões de crédito e cheque especial, compre somente à vista e, se possível, em dinheiro.

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