Saens Peña chega com ônibus novos e velhos problemas

A empresa assumiu ontem 28 linhas em São José que eram operadas há 20 anos pelo grupo Real/Capital do Vale, encerrando o período de transição do transporte público no município que começou em 2007

Carolina Teodora
São José dos Campos

Atraso na chegada dos ônibus, falhas na catraca de leitura do cartão eletrônico e coletivos lotados.

O primeiro dia de operação da Viação Saens Peña foi marcado por problemas já conhecidos dos usuários de ônibus de São José.

A empresa do Rio de Janeiro assumiu ontem 28 linhas do lote 1 antes operadas em caráter precário pelo grupo Capital do Vale/Real. Juntas, as linhas atendem cerca de 45 mil pessoas das regiões norte, oeste e sul.

A entrada da nova empresa significa o fim do período de transição do sistema que começou em 2007 e que tirou de circulação as permissionárias São Bento, Real e Capital do Vale que operaram por mais de 20 anos.

Apesar de ser um marco no setor que acendeu nos usuários uma esperança de melhora, a nova empresa não agradou nem os motoristas e cobradores.

A reclamação por parte deles é do local em que fica o cobrador --no canto esquerdo atrás do motorista--tirando a visibilidade da entrada e saída da porta o que aumentaria o risco de assaltos.

Lotação. Já os usuários reclamaram da troca do tamanho dos ônibus responsáveis em atender alguns bairros da zona norte. É o caso da empregada doméstica Maria Madal Moreira, 59 anos, que mora no Jaguari.

“Eles chegaram no meu bairro com mais de 20 minutos de atraso em um ônibus tão pequeno que o conforto ficou pior. Não gostei da mudança”, afirmou.

Reclamação diferente tem a produtora de eventos, Conceição Queiroz, 47 anos, que anunciou uma outra falha nos novos ônibus.

“O cobrador estava levantado toda hora que alguém saia do ônibus o que estava atrasando o a saída do ônibus nos pontos. Eu perguntei o que aconteceu e ele disse que a porta estava com um defeito”, disse.

Os ônibus da Viação Saens Peña são zero quilômetro. A empresa deveria ter iniciado sua operação de forma gradativa desde o último dia 22, mas uma mudança no planejamento da prefeitura fez com que a Saens Peña assumisse todas as linhas em um único dia.

Início. Os ônibus saíram de madrugada da garagem da Tursan, na zona leste, que estava sendo usada em caráter provisório até que os coletivos da Capital do Vale fossem recolhidos de maneira definitiva.

Agora, a empresa vai usar a antiga garagem da Real na zona norte. A empresa vai operar em São José pelos próximos 10 anos.

Avaliação. A Prefeitura de São José informou que a operação no primeiro dia da Saens Peña foi diferenciada, pois os motoristas dos ônibus estavam orientados a reduzir a velocidade próximo aos pontos.

Essa operação --para a divulgação dos coletivos--deve continuar nos próximos dias.

O secretário de Transportes, Anderson Farias Ferreira, disse que o problema na leitura do cartão eletrônico só aconteceu com os idosos. “Então não houve prejuízo porque eles já têm direito a gratuidade”, afirmou. “Não tivemos nenhum grande atraso e atendemos bem todas as linhas”.


Defensoria analisa o reajuste

São José dos Campos

A Defensoria Pública de São José deve concluir até o final dessa semana o estudo sobre o reajuste da tarifa de ônibus para ingressar na Justiça contra o valor cobrado atualmente.

O defensor Jairo Salvador dos Santos afirmou que uma equipe está estudando as justificativas apresentadas pelas empresas Expresso Maringá e Júlio Simões, para promover o aumento da tarifa.

Desde o último dia 30, os 100 mil usuários de ônibus pagam R$ 2,80 pela passagem --um aumento de 12% se comparado aos R$ 2,50 cobrados desde julho de 2009. Este foi o segundo aumento anunciado pela prefeitura desde que as novas empresas começaram a operar.

“Não está claro quais são os gastos das empresas e pelo estudo preliminar que fizemos até agora um aumento de 4%, que elevaria a passagem para R$ 2,60, seria o suficiente para pagar as despesas das empresas”, disse o defensor.

Transição. Desde o início do processo de transição do transporte público de São José, em 2007, o valor da tarifa de ônibus na cidade acumula um aumento de 47,3%. Há quatro anos, a tarifa de ônibus custava em São José R$ 1,90, passando em fevereiro de 2007 para R$ 2,10.


O Vale


Pude andar em dois ônibus novos hoje pela manhã e percebi tanto melhorias quanto coisas que podem ser aperfeiçoadas. Os novos veículos possuem ventiladores, o que refresca os passageiros neste calor. Porém, em um deles sem motivo os ventiladores estavam desligados. Os ônibus são silenciosos e não ficam dando solavancos como os antigos.

Um problema que constatei foi na catraca eletrônica. Alguns cartões não estão funcionando, tanto de idosos como bilhetes comuns. Se há uma falha nos equipamentos novos, precisa ser corrigida logo.
Espero também que sejam colocadas mais ECOs (Estações de conexão) pela cidade e que a integração total do sistema ocorra o mais breve possível, tendo em vista o alto preço da passagem.