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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Megafeira nos EUA vende armas e safáris


Uma cabeça de capivara argentina faz companhia a outros animais empalhados na sala de estar do americano Michael Humma, 52. São o que ele chama de troféus das viagens que faz por vários países através de sua companhia especializada em caças.

No final de janeiro, Humma exibia seus pacotes de turismo ao lado de uma coleção de rifles e fotografias de búfalos e ursos.

Ele estava num estande montado na 39ª edição da feira do Safari Club International (SCI), a maior do gênero no mundo, que aconteceu em Reno, uma pequena cidade de cassinos em Nevada.

O evento é um dos pilares da indústria de armas de US$ 5 bilhões anuais nos Estados Unidos, país cuja população possui mais armas de fogo do que qualquer outra nação.

A feira durou quatro dias, contou com mais de 25 mil visitantes e 2.000 exibidores, que iam desde fabricantes de pistolas, dos EUA, Inglaterra e Espanha, a serviços de decoração de taxidermia.

A sede mundial da SCI fica justamente em Tucson, no Estado vizinho do Arizona, onde o atirador Jared Lee Loughner, 22, deixou seis mortos e 14 feridos ao tentar matar a deputada americana Gabrielle Giffords, em 8 de janeiro.

Para os organizadores, a tragédia não abalou os ânimos dos frequentadores, muitos dos quais não acreditam que Washington conseguirá restringir o comércio de armas no país, cujo direito ao porte está previsto na constituição há mais de 200 anos.

"Sempre existe esta preocupação, volta de tempos em tempos. Mas o lobby é muito forte e protege nossos direitos", disse Humma, que afirma ter mais de 20 em casa.

"Veja aqui nesta feira, muita gente está armada sem você perceber e nada acontece. Não podemos ser prejudicados por conta de um maluco", disse.

Humma vendia seus pacotes de viagens para a Argentina e Nova Zelândia, alguns de até US$ 30 mil, enquanto conversava com o filho do colega vizinho de estande, um adolescente de 12 anos da África do Sul.

"Tenho um gnu azul, um porco do mato e um impala no meu quarto", disse François Dunan, cuja primeira caça aconteceu aos 5 anos.

A recessão econômica não chegou a prejudicar os negócios nos EUA, e entre 2008 e 2009 houve um crescimento na compra de armas no país devido à vitória de Barack Obama e ao medo de uma maior restrição ao comércio.

TROFÉUS

Pelos corredores da feira, que tinham nomes de animais, o visitante topava com grandes decorações de ursos e tigres empalhados em posições de caça. Havia também duas cabeças de elefantes.

Palestras durante o dia ensinavam como montar sua sala de troféus, como proteger os ouvidos na hora dos disparos, ou o que fazer ao cruzar com uma plantação ilegal de maconha.

O casal Adana e Bobby Mckinney, de Reno, visitavam a feira pelo nono ano seguido, mesmo já tendo abandonado o hobby de caçar.

"Gosto de ver os animais de perto. Amo os animais. Sei que é estranho, que estão mortos, mas é isso", afirmou Adana, 51, que usava chapéu de caubói.


Folha

A cultura armamentista é um fato nos Estados Unidos, goste-se disso ou não. Por consequência, estão dispostos a pagar o preço pelo fato de que sempre aparece um adolescente completamente maluco armado em uma escola, matando professores e crianças. Também se acham os donos do mundo e no direito de matarem animais de maneira covarde e brutal. It´s de american pride, my friends (É o orgulho americano, meus amigos).

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