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quarta-feira, 19 de maio de 2010

A torcida contra o Brasil

Calando a boca dos boçais e debilóides que tentam criticar a diplomacia do Brasil:



O mal estar da grande mídia por conta do acordo Brasil-Irã-Turquia


Este final de semana foi cômico para a mídia conservadora que não conseguiu disfarçar o seu mal estar e incômodo com o acordo obtido pelo governo brasileiro com o Irã a respeito da contenda do programa nuclear da nação persa. Na sexta e no sábado, a tônica unânime da mídia hegemônica brasileira foi que o presidente Lula estaria "perdendo tempo", quie estava "arriscando a credibilidade internacional do país" ao tentar negociar com um governo já qualificado como "pária", "autoritário", "desequilibrado", entre outros.





No domingo, a Folha de S. Paulo estampou na matéria sobre o tema o título "Irã dá ao Brasil um polêmico protagonismo" com duas linhas finas: "Gestões de Lula conseguem reduzir isolamento de Teerã e adiar sanções na ONU, mas dificilmente resultarão em recuo iraniano" e "Esforços por acordo com país persa têm gerado críticas à política externa brasileira; presidente se reúne hoje com Ahmadinejad e Khamenei ". A matéria do jornalista enviado especial a Teerã, Sammy Adghirni começa com o seguinte lide: "A despeito do discurso otimista, a mediação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas conversas sobre o programa nuclear iraniano provavelmente não surtirá efeito" As críticas citadas na linha fina vieram de um analista do jornal Washington Post e de um ex-assessor do governo dos EUA, Bill Clinton. Fontes dos EUA. país diretamente interessado em isolar o Irã p or conta da sua estratégia geopolítica internacional que privilegia o enfraquecimento dos países adversários dos Israel e o fortalecimento deste (que, diga-se de passagem, possui armas atômicas).

O jornal O Estado de S. Paulo vai na mesma linha e busca apoio para esta posição na aparentemente insuspeita candidata do Partido Verde, a senadora ex-petista Marina Silva, que critica a tentativa de um diálogo com um "governo que desrespeita os direitos humanos".

Bem, chega o domingo à noite e o acordo é acertado entre Brasil, Irã e Turquia. A aposta no fracasso dá lugar ao ceticismo com misto de inveja e dor de cotovelo. O portal da revista Veja lembra que o Irã já "descumpriu" acordos anteriores e por isto, nada garante que este vai ser cumprido. Lembra ainda que o acordo está restrito a uma das usinas, mas a secretária Hillary Clinton acreditqa existir outras instalações nucleares no Irã. o portal da Veja só esqueceu de lembrar que o governo Bush também disse que o Iraque tinha armas de destruição em massa e por isto invadiu-o. As investigações posteriores mostraram que esta informação era falsa e tudo não passou de um pretexto para aquela guerra absurda.

Na mesma toada de ser cético - agora não quanto a fazer o acordo, mas sim quanto à eficácia do acordo - vieram Folha e Estadão. O jornalão dos Mesquita novamente usaram Marina Silva para reforçar o ceticismo: Para a senadora, a estratégia do Irã ao fechar acordos como o do ano passado e o atual é ganhar tempo. "É bom não perder a perspectiva histórica, de que aquele país tem perseguido a construção de artefatos nucleares e da bomba atômica. Há indícios que preocupam", avaliou (trecho da matéria publicada no portal Estadão hoje).

Na Folha on line, a forma de tentar reduzir a importância do acordo foi destacar o anúncio de que o Irã afirmou que irá continuar enriquecendo urânio a 20% (em uma linha final de um dos vários textos do portal UOL, é dada a informação - sonegada emn quase todas notícias - de que para fazer uma bomba atômica é necessário enriquecer urânio a 90%!). Também repercutiu as opiniões céticas de "analistas internacionais" - sempre dos EUA e das potências nucleares européias, interessadas diretas em bloquear o acesso dos países em desenvolvimento à tecnologia nuclear, porém deu espaço para um articulista iraniano que deu uma visão diferenciada, enfatizando o papel importante de mediação do Brasil e da Turquia, vistos como países "amigos" do Irã, ao contrário dos demais membros do Conselho de Segurança da ONU.

O que chama a atenção nesta cobertura? Primeiro, o alinhamento ideológico da mídia conservadora a uma política internacional de submissão aos Estados Unidos e demais potências mundiais, criticando qualquer iniciativa internacional independente da chancelaria brasileira, em especial a geopolítica Sul-Sul. Segundo, a transformação do espaço de noticiário em lugar de manifestação explícita de opinião e uma "quase torcida" para que estas iniciativas da chancelaria brasileira fracassem e, quando dão certo, a recusa em reconhecer o erro de avaliação. E, terceiro, a postura desavergonhada de ocultação de informações (por exemplo, que este enriquecimento do urânio no Irã não é suficiente, nem de longe, para a fabricação de armas nucleares), de escolha ideológica de fontes (todas elas das grandes potências, em especial dos EUA) e a tentativa de construção de um consenso de que a açã o política das "potências ocidentais" é o lado do bem e o Irã, o lado "mau".

E, travestidos de vestais do bem, os jornais pouco deram espaço - como dão, por exemplo, quando a China ou Cuba expulsam um dissidente político - ao fato de que Israel impediu o pensador judeu norte americano Noam Chomsky de fazer uma palestra em Ramallah porque ele é um crítico áspero da política israelense para os palestinos. Será que isto não é ataque à "liberdade de expressão" ou isto acontece só quando vem do Chave, do Castro ou do Lula?

Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, coordenador geral do CELACC (Centro de Estudos Latino Americanos de Cultura e Comunicação) e membro do Alterjor (Grupo de Pesquisa de Jornalismo Popular e Alternativo).


Comentários:
 Primeiro, Hillary Clinton afirmou que a diplomacia brasileira não daria certo. Ao ver que Lula tinha obtido sucesso, pediu sanções à ONU, mesmo sem motivos concretos. Ou seja, não interessava se os esforços da chancelaria brasileira dariam certo ou não.
 O que os americanos querem é colocar a máquina de guerra dos Estados Unidos em ação, fazendo a indústria armamentista dos E.U.A. lucrar trilhões de dólares. Os estadunidenses não estão interessados em serem bonzinhos com ninguém, o que querem é serem a polícia do mundo, mesmo sem ninguém ter lhe outorgado este título. 
E continua a pergunta: Qual foi o país que cometeu o MAIOR atentado terrorista da história, utilizando duas bombas nucleares no Japão, sem nunca ter sofrido nenhuma sanção da ONU? Então é assim? Quem nunca atacou ninguém com armas nucleares tem que sofrer retaliação e quem já atacou, inclusive mentindo e dizendo que o Iraque tinha armas de destruição em massa (quando não tinha) passa incólume? Sobre isto, a imprensa direitista e ignorante nada fala.

Cada vez mais infelizmente o Governo Obama se parece com o Governo Bush.
Ainda sobre a ONU, algo que não dá para entender: Por que a sede da ONU fica nos Estados Unidos e não em um país realmente neutro, como a Suíça? Será que é para ser mais fácil dela ser um fantoche dos americanos?

Um comentário:

Anônimo disse...

a imprensa conservadora é meretriz dos EUA... é papagaio dos EUA... literalmente....
ah... Os bondosos Ocidentais tem excelentes relações com regimes sanguinários na África... Engraçado ke não vejo a mídia reaça armar escândalo com isso!