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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Depoimento contraditório marcou reunião da CPI da Bancoop

A CPI da Bancoop ouviu na reunião, desta terça-feira (25/5), três cooperados. Dois deles focaram o depoimento nos problemas e na disputa judicial entre associados e a cooperativa, provocada pela cobrança de valores residuais. Já o terceiro depoente inquirido pelos deputados foi Andy Roberto Gurczynska, cooperado e prestador de serviços de segurança para a Bancoop, que destacou suas relações de trabalho com os dirigentes da cooperativa..

Andy informou que iniciou seus trabalhos na área de segurança em 1994 e passou a prestar serviços de segurança patrimonial e pessoal na Bancoop a partir de 2002, quando abriu sua empresa ARG Segurança, encerrando a relação comercial em 2006.

Segundo Andy, o dirigente Luiz Malheiro (falecido em novembro de 2004, vítima de um acidente automobilístico) foi quem solicitou segurança pessoal por se sentir ameaçado por associados não satisfeitos com os serviços da cooperativa.

Outras vítimas do acidente de automóvel foram Alessandro Bernardino e Marcelo Rinaldo que, segundo Andy, também eram proprietários de empresas que prestavam serviços para a Bancoop. Andy Gurczynska disse à CPI que já recebeu seu imóvel, mas também questiona os valores cobrados pela cooperativa.

Depoimento cheio de contradições

Logo no início de seu depoimento Andy disse que se sentia perseguido e ameaçado, mas não explicitou e nem fez nenhum registro, boletim de ocorrência sobre os fatos e riscos que diz ter vivido. Por inúmeras vezes, foi inquirido pelos deputados, mas sempre se esquivou de mais esclarecimentos e caiu em várias contradições.

O depoente afirmou que foi por iniciativa própria ao Ministério Público Estadual e procurou o promotor José Carlos Blat, para quem informou as perseguições e o telefone grampeado.

Gurczynska disse aos deputados que presta serviços à prefeitura de Guarulhos e que já prestou também para a prefeitura da administração da ex- prefeita Marta Suplicy, mas omitiu cinco contratos com o governo do Estado, num total de R$ 1,6 milhão, com o IPESP, Nossa Caixa Desenvolvimento, DER, Prodesp e Fundação Pró-Sangue. Segundo dados apurados pela Bancada do PT, curiosamente os contratos foram firmados no final de dezembro de 2009, logo após o anúncio da instituição da CPI na Assembleia Legislativa.

O depoente afirmou que emitiu notas fiscais de prestação de serviços (três ou quatro, segundo ele) no valor de R$ 3.850,00 e, no entanto, foi depositado em sua conta R$ 38.500,00, e a diferença entre esses valores foi desenvolvida a diretores da Bancoop, citando os nomes de Alessandro Bernardino e Marcelo Rinaldo.

Questionado sobre se teria provas do que disse, Andy afirmou que sua prova é só sua palavra.

O líder da Bancada petista, Antonio Mentor, indagou Andy se ele reconhecia que praticava fraude fiscal pela emissão de notas fiscais com valores incorretos. O depoente reconheceu que sim, mas não acha que suas irregularidades também estariam prejudicando aos cooperados, inclusive a si próprio.

O deputado Vicente Candido, diante da irregularidade confessada pelo depoente, solicitou à presidência da CPI que seja verificada a situação da empresa de Andy junto ao Fisco municipal e federal.

Andy também afirmou que seu telefone foi grampeado e que soube disso porque um amigo policial verificou essa condição para ele. No entanto, se recusava a falar quem era esse amigo policial.

Antonio Mentor explicou que ele fez um juramento ao iniciar seu depoimento na CPI e que precisava falar quem era amigo, pois ao contrário estaria cometendo um crime. Diante disso, acabou revelando quem era a pessoa.

Por fim, Andy ainda disse que foi seguido por três veículos na rodovia D. Pedro, na altura de Jacareí. Primeiro afirmou que estava no sentido Jacareí, depois de contradisse que estava no sentido São Paulo.

“É um depoimento confuso, cercado de contradições, cheio de achismos, de ouviu dizer. É preciso cautela, pois tudo tem que ser provado”, explicou Mentor.

Cobrança de resíduos

O primeiro depoimento, nesta terça-feira, foi de Adalberto dos Santos Joaquim, que alega ter quitado em 2002 seu apartamento e contesta a dívida de R$ 32 mil apresentada pela Bancoop posteriormente. Segundo Adalberto, em meados de julho de 2003, soube que a Caixa Econômica Federal havia repassado para a cooperativa um total de R$ 11 mil de FGTS, enquanto a Bancoop reconhece apenas cerca de R$ 4 mil.

Indagado pelos deputados da base governista e petistas se havia tomado providências sobre a diferença de valores, procurando a Bancoop para apurar o que havia ocorrido, Adalberto foi categórico em afirmar que não buscou esclarecer o ocorrido e disse que tinha ido ao Ministério Público e prestado depoimento ao promotor José Carlos Blat.

O deputado Vicente Cândido chegou a sugerir que como as obras do empreendimento não foram concluídas a Caixa Federal poderia não ter repassado todo o recurso, pois só o faz de acordo com as medições da obra executada.

Questionado pelo deputado Vanderlei Siraque sobre a suposta apropriação indébita sugerida pela base governista, o depoente disse que não poderia afirmar e consentiu a quebra do sigilo de suas relações financeiras com a Bancoop e com a Caixa Econômica Federal.

O segundo depoimento do dia foi dado pelo associado Oscar Militão, que afirmou ter pago R$ 70 mil à Bancoop na aquisição de seu imóvel e também questionou os valores residuais de R$ 35 mil cobrados pela cooperativa.

Depoimento por procuração

Por último foi chamado para depor, Marcos Sérgio Migliacci, sendo qualificado pelo presidente da CPI como Conselheiro do Edifício Cachoeira. No entanto, a justificativa do requerimento aprovado para sua convocação descrevia-o como cooperado. O deputado Vanderlei Siraque questionou Marcos Sérgio, de fato, era cooperado. O depoente disse que não, e que sua mãe é quem é a cooperada, ele apenas tinha uma procuração para representá-la.

De imediato, o deputado do PT apresentou um requerimento pedindo a suspensão do depoimento, visto que a previsão era de se ouvir um cooperado, “além do mais não existe depoimento por procuração”, ressaltou Siraque.

Diante da irregularidade, o presidente da CPI não quis admitir o erro e aproveitou-se de um instante em que o deputado Siraque teve que deixar o plenário, para declarar que, por falta de quórum, a comissão deveria encerrar os trabalhos.


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