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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Equívocos sobre o jornalismo

Truman Capote: escritor e mestre do jornalismo literário

Em um blog pessoal, em uma coluna ou um editorial, o jornalista não tem nenhuma obrigação de ser imparcial. A imparcialidade é boa e necessária quando o jornalista vai redigir uma matéria ou elaborar uma reportagem para a TV.
A obrigação, ao menos em teoria, de ouvir todas as partes envolvidas existe quando estou por exemplo em um jornal, não no meu blog de opinião. Quem pensa o contrário talvez haja por completa ignorância e desinformação sobre o tema, o que eu não condeno. Afinal, ninguém que não tenha estudado jornalismo tem a obrigação de conhecer os conceitos teóricos de jornalismo ou de teoria da comunicação.
Se eu estou opinando em meu blog sobre um músico, não tenho nenhuma obrigação de publicar opiniões favoráveis a este, já que não estou fazendo uma matéria para um jornal e estou tão somente exercendo meu direito democrático de opinar, previsto por nossa boa Constituição Federal.

Se eu estivesse elaborando uma matéria sobre o músico A, aí sim deveria me ater aos fatos, ouvir talvez algumas opiniões de fãs e talvez de alguns críticos, além de contar de maneira satisfatória fatos sobre sua carreira. Porém quando estou falando o que eu penso em meu espaço, não tenho nenhuma obrigação de ouvir todas as partes, muito menos tenho que elogiar este músico se acho o trabalho dele uma grande porcaria. Talvez esteja na hora do público em geral saber que, em seu blog ou em sua coluna, o jornalista não tem obrigação nenhuma de ser imparcial, ou muito menos tentar agradar a todos.
Se o bom jornalista Juca Kfouri está falando em sua coluna que a escalação da seleção brasileira não é boa e que o Corinthians jogou mal, é sua opinião. Se ele está reportando os fatos sobre a convocação do Brasil ou contando ao leitor após a partida tudo o que aconteceu logo após o jogo, ele deve se ater o máximo possível aos fatos, evitando a parcialidade. Porém é bom deixar claro que a imparcialidade perfeita não existe.

Qualquer jornalista sempre vai se deixar influenciar por uma determinada palavra, que conduza o leitor para uma determinada opinião ou a própria estrutura do texto vai fazer isso. Os cortes feitos pelo editor na matéria do jornalista que foi para a rua apurar os fatos e redigiu a matéria também pode influenciar na imparcialidade.
Vira e mexe recebo algum comentário mal-criado, ofensivo e furioso de alguém que não gostou de minha opinião sobre o músico A, sobre o filme B ou sobre o político C. Ora, por acaso sou setorista do caderno de política da Folha? Se estivesse fazendo uma matéria sobre a Dilma ou o Serra e empregasse determinada palavra ou deixasse de ouvir as outras partes envolvidas no fato reportado, críticas seriam justas e o clamor por parcialidade seria aceitável. Mas se estou falando o que penso sobre os candidatos em meu blog, não tenho obrigação de tecer loas ou dar vivas a candidatos que não me agradam.
Paulo Henrique Amorim tem o direito de gostar do governo Lula e da candidata Dilma. Reinaldo Azevedo, da Veja, pode sem problemas discordar do que o presidente diz e criticar seu governo. Ambos são jornalistas, com carreiras consolidadas. Democraticamente posso concordar com as opiniões de Amorim e discordar do que fala Azevedo e não é pelo fato deles serem jornalistas que em seus blogs e eventuais colunas eles não poderiam expressar suas opiniões. Já vi ambos sendo criticados por darem opinião e supostamente não serem "imparciais" em seus blogs, mas como espero ter deixado claro, em seus sites pessoais eles têm o direito de falar o que pensam, sem necessariamente dar o mesmo espaço ou destaque para opiniões contrárias.


Espero que muitos leitores pensem e reflitam bastante, antes de bradarem ou gritarem escandalosamente por "imparcialidade", quando um jornalista está dando sua OPINIÃO e não elaborando uma reportagem acurada sobre os fatos.

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