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quarta-feira, 12 de maio de 2010

A garota que nunca envelhece



Publicada em 10/05/2010 às 10h56m
O Globo

RIO - Os cientistas esperam obter novas pistas sobre os mistérios do envelhecimento sequenciando o genoma de uma menina de 17 anos que tem o corpo e a mentalidade de uma garotinha de não mais do que 1 ano. Brooke Greenberg tem idade suficiente para dirigir um carro (nos Estados Unidos, na maioria dos estados, a lei permite ter carteira de habilitação com 16 anos) e já poderia votar no ano que vem, mas pesa apenas 10 quilos e tem 76 centímetros de altura. Estudos preliminares mostraram que sua dificuldade para crescer pode ter ligação com defeitos nos genes que fazem o resto da humanidade envelhecer.

Se a hipótese for confirmada, a pesquisa pode esclarecer questões ainda misteriosas sobre o envelhecimento e sugerir novas terapias para problem,as ligados à idade.

- Pensamos que o caso de Brooke apresenta uma oportunidade única para entender o processo de envelhecimento - disse Richard Walker, professor da Escola de Medicina da Universidade do Sul da Flórida, que está liderando o estudo. - Ela pode ter uma mutação genética nos genes que controlam sua idade e seu desenvolvimento, por isso ela parece ter congelado no tempo. Se pudermos comparar seu genoma seremos capazes de descobrir os genes e saber exatamente como agem e como podem ser controlados.

O estudo vai ser o tema principal de uma conferência na Royal Society, em Londres, esta semana. A suposição é que o envelhecimento é controlado por uma quantidade pequena de genes e entendê-los pode abrir uma nova porta para terapias que vão melhorar a qualidade de vida das pessoas e retardar a velhice.

Brooke vive com seus pais Howard e Melanie Greenberg e com suas três irmãs em Reisterstown, subúrbio de Baltimore, nos EUA. Aos 17 anos, ainda tem as fraldas trocadas, é posta para dormir e come papinhas. Ela mostra algum desenvolvimento, como ter aprendido a rastejar, sorri quando recebe cosquinhas, mas ainda não fala nem tem dentes. A menina. porém, já sofreu graves problemas de saúde, como convulsões, um AVC e dificuldades respiratórias. Uma suposição de que apesar de não estar crescendo, Brooke está envelhecendo. O pai de Brooke diz que espera que seu genoma seja sequenciado para ajudar a filha e a outras pessoas:

- Brooke é uma criança maravilhosa. Ela tem comportamentos como o de um bebê de 6 meses, mas sabe se comunicar ao seu modo e sempre conseguimos entender o que ela quer nos dizer.

Walker e seu grupo de trabalho, que trabalham no caso de Brooke, já publicaram um estudo no qual sugerem que há parte do corpo da menina que já envelheceram, mas num ritmo mais devagar e de maneiras diversas.

- Nossa hipótese é que Brooke tem alterações no gene ou nos genes que coordenam o modo como o corpo se desenvolve e envelhece - explica o cientista. - Se pudermos usar o DNA dela para identificar este gene mutante, então poderemos testar em laboratório co animais como retardar ou acelerar o processo de envelhecimento. Podemos até responder a questão de por que somos mortais.

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