Em depoimento de quase três horas hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão da Câmara Municipal de São Paulo, o diretor de operações da Eletropaulo, Sidney Simonaggio, culpou o vento pelas sucessivas quedas de energia ocorridas na cidade durante a semana passada.
Milhares de consumidores chegaram a ficar no escuro por 48 horas. "São eventos como esse (ventania) que nos inspiram a buscar novas soluções para melhorar a rede", argumentou o diretor. Ele defendeu também que o serviço da companhia melhora a cada ano na capital e rebateu críticas recentes do governo do Estado e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Responsável pelo gerenciamento operacional da manutenção da Eletropaulo, Simonaggio disse que o vento, seguido de temporal, foi o principal responsável pelos problemas no atendimento à população. "Os ventos começaram pela manhã e atravessaram toda a madrugada. Depois, quando estávamos trabalhando, houve a chuva do dia 8, que agravou a situação. Foram duas ocorrências atípicas", disse. "Quando estávamos tentando normalizar os serviços por causa da ventania, veio a chuva. Foram dois eventos na sequência", acrescentou.
Ele disse que 2.500 funcionários terceirizados trabalharam na manutenção da rede na semana passada. "Estamos observando o agravamento das condições climáticas e como isso tem impacto nas nossas vidas. E a cada novo temporal a gente se prepara melhor para esses eventos", explicou.
As primeiras justificativas públicas da Eletropaulo para a falta de manutenção que se seguiu à série de apagões da semana passada causaram indignação entre os sete vereadores que integram a CPI. Simonaggio foi bombardeado pelos parlamentares ao dizer que a eficiência da companhia no atendimento à população tem aumentado a cada ano. O diretor, questionado se, como cidadão, estava satisfeito com o serviço de fornecimento de energia na cidade, respondeu de forma afirmativa. "Mesmo quando não estava na companhia, e por conhecer o setor elétrico, já achava o serviço da Eletropaulo muito bom", declarou.
"Parece que nós estamos falando de empresas diferentes aqui, porque a Eletropaulo que fornece energia lá na Vila Maria (zona norte) só dá problemas para a população. Essa eficiência citada pelo diretor é só ele quem conhece", disparou Wadih Mutran (PP). O presidente da CPI, Antonio Donato (PT), solicitou aos representantes da empresa os relatórios de serviços de manutenção prestados na semana passada. "Problemas meteorológicos sempre vão acontecer. Cair energia é até normal, mas ficar 48 horas sem dar manutenção para quem ficou no escuro mostra que os investimentos não são suficientes para suprir a demanda dos consumidores", criticou o petista.
Investimentos
Simonaggio afirmou que os investimentos da Eletropaulo em melhorias na rede crescem 14% ao ano. "É mais do que a média de crescimento do mercado. Só neste ano vamos investir mais de R$ 700 milhões. Não é pouca coisa", afirmou. O diretor disse que hoje são realizadas 1.020 podas em árvores por dia, em média, por 37 equipes da empresa.
Ele também revelou que a Eletropaulo consegue R$ 61 milhões por ano ao alugar espaços nos seus 2,5 milhões de postes para empresas de telefonia e de TV a cabo. Segundo Simonaggio, 90% desse montante arrecadado é abatido do valor final da tarifa cobrada dos consumidores. Vereadores, porém, criticaram a sobrecarga de fios nos postes e acusaram a empresa de não querer soterrar a fiação aérea para seguir lucrando com o aluguel dos postes. "Não existe agravamento nenhum do risco de queda de energia por causa do aluguel dos postes", respondeu o diretor.
O Vale
Comentário do Celso:
Essa empresa americana está mascarando a verdade ao culpar os ventos pelas interrupções de energia. É exatamente pela falta de investimento em novas tecnologias e formatos de redes de distribuição, bem como o enxugamento de seu pessoal e terceirização de atividades essenciais, que as interrupções longas acontecem.
É só atentar nos filmes americanos em que aparecem pequenas cidades com a fiação subterrânea que, neste caso, aguenta até furacões sem interrupção de energia.
É a maximização dos lucros em detrimento da qualidade de fornecimento dos lucros para propiciar grande remessas para a matriz e pagamento de dividendos aos acionistas!
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