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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Eletropaulo culpa ventania por série de apagões


Em depoimento de quase três horas hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão da Câmara Municipal de São Paulo, o diretor de operações da Eletropaulo, Sidney Simonaggio, culpou o vento pelas sucessivas quedas de energia ocorridas na cidade durante a semana passada.

Milhares de consumidores chegaram a ficar no escuro por 48 horas. "São eventos como esse (ventania) que nos inspiram a buscar novas soluções para melhorar a rede", argumentou o diretor. Ele defendeu também que o serviço da companhia melhora a cada ano na capital e rebateu críticas recentes do governo do Estado e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Responsável pelo gerenciamento operacional da manutenção da Eletropaulo, Simonaggio disse que o vento, seguido de temporal, foi o principal responsável pelos problemas no atendimento à população. "Os ventos começaram pela manhã e atravessaram toda a madrugada. Depois, quando estávamos trabalhando, houve a chuva do dia 8, que agravou a situação. Foram duas ocorrências atípicas", disse. "Quando estávamos tentando normalizar os serviços por causa da ventania, veio a chuva. Foram dois eventos na sequência", acrescentou.

Ele disse que 2.500 funcionários terceirizados trabalharam na manutenção da rede na semana passada. "Estamos observando o agravamento das condições climáticas e como isso tem impacto nas nossas vidas. E a cada novo temporal a gente se prepara melhor para esses eventos", explicou.

As primeiras justificativas públicas da Eletropaulo para a falta de manutenção que se seguiu à série de apagões da semana passada causaram indignação entre os sete vereadores que integram a CPI. Simonaggio foi bombardeado pelos parlamentares ao dizer que a eficiência da companhia no atendimento à população tem aumentado a cada ano. O diretor, questionado se, como cidadão, estava satisfeito com o serviço de fornecimento de energia na cidade, respondeu de forma afirmativa. "Mesmo quando não estava na companhia, e por conhecer o setor elétrico, já achava o serviço da Eletropaulo muito bom", declarou.

"Parece que nós estamos falando de empresas diferentes aqui, porque a Eletropaulo que fornece energia lá na Vila Maria (zona norte) só dá problemas para a população. Essa eficiência citada pelo diretor é só ele quem conhece", disparou Wadih Mutran (PP). O presidente da CPI, Antonio Donato (PT), solicitou aos representantes da empresa os relatórios de serviços de manutenção prestados na semana passada. "Problemas meteorológicos sempre vão acontecer. Cair energia é até normal, mas ficar 48 horas sem dar manutenção para quem ficou no escuro mostra que os investimentos não são suficientes para suprir a demanda dos consumidores", criticou o petista.

Investimentos

Simonaggio afirmou que os investimentos da Eletropaulo em melhorias na rede crescem 14% ao ano. "É mais do que a média de crescimento do mercado. Só neste ano vamos investir mais de R$ 700 milhões. Não é pouca coisa", afirmou. O diretor disse que hoje são realizadas 1.020 podas em árvores por dia, em média, por 37 equipes da empresa.

Ele também revelou que a Eletropaulo consegue R$ 61 milhões por ano ao alugar espaços nos seus 2,5 milhões de postes para empresas de telefonia e de TV a cabo. Segundo Simonaggio, 90% desse montante arrecadado é abatido do valor final da tarifa cobrada dos consumidores. Vereadores, porém, criticaram a sobrecarga de fios nos postes e acusaram a empresa de não querer soterrar a fiação aérea para seguir lucrando com o aluguel dos postes. "Não existe agravamento nenhum do risco de queda de energia por causa do aluguel dos postes", respondeu o diretor.
O Vale

Comentário do Celso:
Essa empresa americana está mascarando a verdade ao culpar os ventos pelas interrupções de energia. É exatamente pela falta de investimento em novas tecnologias e formatos de redes de distribuição, bem como o enxugamento de seu pessoal e terceirização de atividades essenciais, que as interrupções longas acontecem.
É só atentar nos filmes americanos em que aparecem pequenas cidades com a fiação subterrânea que, neste caso, aguenta até furacões sem interrupção de energia.
É a maximização dos lucros em detrimento da qualidade de fornecimento dos lucros para propiciar grande remessas para a matriz e pagamento de dividendos aos acionistas!

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