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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Crack entra na rota dos caminhoneiros

A Gazeta
Droga é utilizada por motoristas para se manterem mais tempo ao volante.

Na busca por horas a mais em frente ao volante, caminhoneiros estão encontrando uma forma perigosa de se manter acordados. Depois das anfetaminas - os chamados "rebites" -, a cocaína e o crack se tornaram os novos aliados na corrida contra o tempo das estradas.Em 2008, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) detectou a presença da cocaína - substância que também dá origem ao crack - em 10% das amostras de urina colhidas de caminhoneiros. "E o número certamente já aumentou", afirma o inspetor Emanuel Oliveira.

Na ocasião, apenas 354 dos 732 motoristas abordados na operação chamada "Comando da Saúde nas Rodovias" aceitaram fazer o exame toxicológico, mesmo tendo o anonimato garantido. "Isso nos leva a crer que o número de usuários é bem superior. Eles foram abordados durante o dia, quando a viagem é mais tranquila, e, em geral, apenas aqueles que acreditam que o exame dará negativo aceitam fazê-lo", explica. As anfetaminas apareceram em 63% das amostras; e a maconha, em 12%.O motivo apontado para o uso das substâncias é quase sempre o mesmo. Estimulantes do sistema nervoso central, as drogas aumentam o estado de alerta em poucos minutos e, em associação com outros estimulantes, estendem a capacidade do organismo de se manter sem descanso por cerca de três horas.

Jornada estendidaNa prática, a jornada de oito horas diárias de trabalho prevista para os caminhoneiros nem sempre é cumprida, seja pelas empresas ou pelos motoristas, que muitas vezes atuam como autônomos, donos dos seus próprios caminhões.

No "Comando da Saúde nas Rodovias" realizado na última quarta-feira, dia 11, 44% declararam estar trabalhando além da carga horária. Em 2008, eram 35%. A PRF pretende repetir, neste ano, o exame toxicológico para os motoristas. Outras três ações do comando devem ser feitas até dezembro.

Projeto prevê menos tempo ao volante

O Congresso Nacional analisa um projeto de lei que pretende mudar a jornada de trabalho dos motoristas. A proposta é que o trabalhador passe a ter, regulamentados, pelo menos 30 minutos de descanso a cada quatro horas ao volante. Hoje, a jornada é de oito horas, podendo ser estendida por até duas horas, e o intervalo mínimo entre uma viagem e outra não é regulamentada.

Ainda, de acordo com o projeto, o motorista pode dirigir por uma hora a mais além das quatro para chegar a um local de descanso adequado.Segundo o superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado (Transcares), Mario Natali, a mudança na legislação é bem aceita pelas empresas. "Vamos, inclusive, nos reunir na próxima sexta-feira para discutir o assunto com os empresários. Na maior parte das vezes, o motorista autônomo é quem trabalha a mais, justamente porque depende da sua produção", diz.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Estado, Edson Bastos, concorda, mas acrescenta que, em parte das empresas, o motorista também ganha por comissão. "O piso salarial, de R$ 1.061,00 é muito pouco. A empresa acaba oferecendo 5% ou 10% pela carga. Isso incentiva o caminhoneiro a trabalhar mais horas", frisa.
Especialista alerta para risco de "desmaiar" ao volante

Prejudicial para qualquer usuário, a associação do crack ou da cocaína com a direção é vista com ainda mais preocupação pelas autoridades de trânsito e por médicos especialistas. Capaz de prolongar o tempo de viagem do condutor por até três horas, as drogas psicoestimulantes caracterizam-se por uma perda de efeitos repentina. No volante, isso pode ser sinônimo de dormir na direção. "E o resultado disso nem é preciso explicar", diz o presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Carlos Salgado.

Ele explica que o crack é menos compatível com o efeito esperado na direção, já que o pico da droga acontece em poucos minutos. "A 'onda' é muito rápida. Por isso só vai adiar o sono se estiver associada a outras drogas, como a própria cocaína ou as anfetaminas", explica.Já o 'pico' da cocaína demora um pouco mais para acontecer e pode durar até três horas. "Essas drogas ativam a produção da dopamina, que é um hormônio de comunicação cerebral capaz de ativar a atenção e propiciar um estado de alerta", explica.

No entanto, se o motorista fica 12 horas sem dormir, assim que o efeito da droga passa a exaustão surge repentinamente. "Ele pode ter um desmaio, literalmente, ao volante. Além disso, o crack e a cocaína provocam alterações bruscas de humor e irritação, podendo torná-lo mais agressivo ao volante", acrescenta.Drogas para acordar e relaxarViajar mais de 12 horas seguidas e passar até 35 dias longe de casa é rotina na vida do caminhoneiro E.E., de 42 anos, que admite usar "de tudo um pouco" para se manter acordado na estrada. Casado e pai de dois filhos, ele trabalha para uma empresa de Sorocaba, em São Paulo, onde mora, e diz já ter experimentado crack e cocaína na beira das rodovias que cortam o Sudeste, a convite de outros caminhoneiros. Para descansar nos postos de parada, a maconha é a preferida. "Ela ajuda a relaxar e tirar a tensão. A gente não quer colocar a vida de ninguém em risco, mas precisa trabalhar", alega. Negando a possibilidade de se viciar nas substâncias, ele afirma se preocupar apenas com a família. "Não quero que minha mulher saiba disso nunca, porque sei que ela não concordaria. Tudo o que eu faço é pensando no melhor para eles. Mas eu não vejo nada de mais. Só faço de vez em quando", diz.Caminhões

40% dos acidentes - É a participação dos veículos de carga nos acidentes ocorridos nas rodovias federais que cortam o Espírito Santo, em 2010. Em cerca de 55% deles houve pelo menos uma morte

Fonte


E tem gente, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que é a favor da legalização de todas as drogas, incluindo o crack. Defender algo assim deveria ser crime.

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