O líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, viveu durante os últimos cinco a seis anos no complexo residencial em Abbottabad, cidade próxima da capital do Paquistão, disse nesta terça-feira o assessor de contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan.
Bin Laden foi morto com um tiro de um dos cerca de 20 militares da Marinha dos Estados Unidos que invadiram, em helicópteros, sua mansão de alta segurança em Abbottabad, cidade a apenas cerca de 50 km da capital paquistanesa. A mansão ficava ainda a menos de um quilômetro de uma academia militar que treinava membros para as Forças Armadas do Paquistão.
A localização da mansão levou a duras críticas ao Paquistão e à especulação de que o país teria ajudado o líder terrorista a se refugiar. Alguns legisladores norte-americanos chegaram a exigir a revisão dos bilhões de dólares em assistência que os Estados Unidos fornecem ao Paquistão, em troca de apoio na luta contra o grupo islâmico Taleban.
Nesta segunda-feira, Brennan reconhecera que é "inconcebível" que Bin Laden não tinha um "sistema de apoio" no Paquistão. "As pessoas estão falando em se esconder debaixo do nariz. Nós estamos avaliando como ele foi capaz de se esconder por tanto tempo", disse.
"Bom, eu acho que a última informação é de que ele estava nesse complexo pelos últimos cinco ou seis anos e que praticamente não interagia com outras pessoas fora do complexo. Mas ele parecia estar muito ativo dentro do complexo", disse Brennan, nesta terça-feira, no programa de TV "Early Show", da CBS.
Brennan afirmou ainda que Bin Laden era "muito ativo" dentro do complexo e chegou a divulgar vídeos e áudios neste período.
"Sabemos que ele estava em contato com algumas altas autoridades da Al Qaeda. Então o que estamos tentando fazer agora é entender no que ele estava envolvido nos últimos anos, explorar qualquer informação que conseguirmos no complexo, usar essa informação e continuar nossos esforços para destruir a Al Qaeda", afirmou.
Ele afirmou ainda, em entrevista à rede de TV CNN, que os EUA estão especialmente interessados em possíveis pistas sobre as circunstâncias que levaram Bin Laden a Abbottabad, em meio ao material apreendido na mansão.
"Eu sei que os paquistaneses estão interessados nisso. Como Bin Laden ficou no complexo pelos últimos seis anos sem ser detectado? Que tipo de apoio ele teve do lado de fora deste com plexo, na área de Abbottabad ou, mais amplamente, no Paquistão?", questionou Brennan.
CASA
Abbottabad é um destino popular de férias de verão, localizado em um vale cercado de morros verdes perto da Caxemira paquistanesa. Militantes islâmicos, principalmente os que lutam na Caxemira indiana, costumavam ter campos de treinamento perto da cidade.
A mansão de Bin Laden na cidade foi construída em 2005. Alguns jornais especulam que ela já tenha sido construída com todos os recursos de segurança para manter o líder da Al Qaeda seguro.
Mesmo assim, a mansão se destacava das demais. Segundo o jornal "Telegraph", ela ocupava uma área oito vezes maior que qualquer vizinho. Era protegida ainda por dois portões de segurança e muros de cinco metros, com arame farpado no topo.
O prédio principal, a casa de Bin Laden, tem três andares. Poucas janelas de todo o complexo tinham vista para a parte externa e o terraço era escondido dos vizinhos por um muro de dois metros.
Apesar do tamanho, não havia telefone ou internet e todo o lixo produzido no complexo era queimado, segundo autoridades americanas consultadas pela Reuters.
FOTOS
Brennan disse ainda que os EUA estão considerando se vão ou não divulgar as fotografias e vídeos registrados durante a operação.
"Nós queremos ter certeza de que faremos isso da maneira correta. Nós também queremos antecipar qual será a reação da Al Qaeda e de outros à divulgação de certas informações, para que possamos tomar os passos corretos em antecipação", disse Brennan, em entrevista ao canal CNN.
"Qualquer outro material, seja fotos ou vídeos ou qualquer outra coisa, estamos avaliando e vamos tomar as decisões apropriadas", disse.
Questionado sobre computadores e documentos apreendidos na operação, Brennan disse que o material está sendo avaliado pelas autoridades americanas.
"Nós estamos mais interessados em conseguir qualquer insight sobre qualquer plano terrorista que possa estar em andamento, para que possamos tomar as medidas para parar qualquer tipo de planejamento. Em segundo, estamos tentando avaliar se há pistas de outros indivíduos da organização ou pistas sobre as capacidades da Al Qaeda", disse.
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário