RIO - A cantora Maria Bethânia entrou nos Trending Topics Brasil do Twitter na manhã desta quarta-feira, depois de ter recebido autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão, destinados à criação de um blog. De acordo com a colunista Monica Bergamo, da "Folha de S.Paulo" , a página "O Mundo Precisa de Poesia" terá um vídeo diário da cantora interpretando poemas, numa série de 365 clipes dirigidas por Andrucha Waddington.
Os internautas que colocaram a hashtag #mariabethania nos Trendings Topics consideraram um exagero o dinheiro recebido para colocar o blog no ar. "Pô, Maria Bethânia, R$ 1,3 milhão em lei de incentivo para criar um blog? Não conhece wordpress.com?", indagaram os @blogueirosparanaenses, referindo-se à ferramenta de publicação gratuita Wordpress.
Sobraram também críticas para o MinC, que autorizou a captação para o projeto. Pelo Twitter, o músico Lobão jogou lenha na fogueira. "Sugeriria fezermos uma campanha tipo: DEVOLVE ESSA PORRA BETHANIA!!! Daí essa MPB formada por cadáveres insepultos querendo permanecer no presente contínuo através da chapa branca".
-Quem liga para a desafinada e estridente da Maria Betânia?
-Alguém está interessado em ver esta chata interpretando porcarias de poemas que ninguém liga, dirigida por uma completa desconhecida e irrelevante diretora?
-Infelizmente se tem um setor totalmente incompetente do Governo Federal é o Ministério da Cultura, que raramente de fato leva cultura à alguém;
-Tomara que depois da onda de protestos, isso seja revisto e ela não receba um só centavo de dinheiro público.
MinC confunde leis ao explicar aprovação do projeto de Bethânia
Era para ser um esclarecimento simples. Mas virou uma nova confusão.
Ao redigir uma nota para explicar a aprovação de um projeto da cantora Maria Bethânia, o MinC (Ministério da Cultura) acabou por expor uma fragilidade interna que nada tem a ver com as polêmicas que, habitualmente, cercam a renúncia fiscal para projetos da área cultural.
A polêmica começou anteontem, quando a coluna Monica Bergamo, na Folha, noticiou a aprovação da captação de R$ 1,3 milhão para a produção do blog "O Mundo Precisa de Poesia".
A cantora é a protagonista do projeto, que deve incluir 365 vídeos de 60 segundos --um por dia do ano-- com coordenação do sociólogo Hermano Vianna e direção de Andrucha Waddington (do longa "Eu Tu Eles").
O assunto entrou rapidamente para a lista dos mais comentados no Twitter.
O ministério, naturalmente, teve de vir a público para se explicar. No início da tarde de anteontem, mandou uma nota por meio de assessoria de comunicação. E foi aí que começou o outro imbróglio.
TROCARAM AS BOLAS
Se, para o cidadão comum, a diferença entre Lei Rouanet e Lei do Audiovisual é tão pouco óbvia quanto qualquer fórmula da física, para qualquer produtor ou gestor cultural, a distinção entre os dois mecanismos de renúncia fiscal é algo imediato, simples. Rotineiro, enfim.
Por isso chamou a atenção o erro cometido anteontem.
Na nota redigida pela assessoria de comunicação do MinC, estava escrito que o projeto de Bethânia, aprovado para captação pela Lei do Audiovisual, havia sido aprovado pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). Acontece que a CNIC só analisa projetos que se utilizam da Lei Rouanet.
A Lei do Audiovisual, diferentemente, voltada ao apoio a obras cinematográficas de produção independente --a Rouanet pode ser utilizada por manifestações culturais de qualquer natureza--, é gerida pela Ancine (Agência Nacional de Cinema).
Questionada pela reportagem da Folha sobre a incongruência, a assessoria de imprensa do MinC levou quase três horas para se manifestar. Redigiram uma "errata" na noite de anteontem.
Procurado novamente pela Folha, o cineasta Andrucha Waddington deixou claro que já tinha perdido a paciência. "Parece que eu tô roubando alguém", afirmou. "É tão patética a discussão que eu não quero mais falar."
O cineasta Jorge Furtado, que criticou o barulho em torno de um projeto absolutamente legítimo, contemporiza a falha. "Eu não distingo, também. O cinema que faço não usa Roaunet, então nem sei como funciona", diz.
RESPOSTA DO MINC
Procurado ontem pela reportagem, o MinC admitiu o "equívoco" e disse ter confundido "o nome do setor de atuação da secretaria com os nomes das leis que viabilizam captação de recursos via renúncia fiscal".
Folha
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