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sábado, 29 de janeiro de 2011

Para Crea, "há riscos de novos apagões" no Rio de Janeiro

Moradores de diversos pontos do Rio de Janeiro precisaram tirar as velas das gavetas na sexta. Faltou luz em vários bairros da Zona Norte à Zona Sul, passando pela Zona Oeste, além de Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense. A maior parte dos bairros foi atingida de madrugada, mas, em alguns lugares, o problema continuou até a tarde. Especialistas alertam que a rede elétrica precisa ser renovada ou, assim como no ano passado, a população fluminense corre o risco de passar o verão no escuro.
 
Para o engenheiro eletricista Luiz Antônio Cosenza, do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio (Crea-RJ), o material usado pela Light e pela Ampla na distribuição de energia não acompanhou o aumento do consumo nos últimos anos: "o problema já existe há tempos e não é resolvido de uma hora para outra. Com certeza há riscos de novos apagões".
 
 
Comissão concluiu que faltou investimento
As constantes faltas de energia causaram transtornos para os cariocas no verão do ano passado. Uma comissão chegou a ser criada na Câmara do Rio para apurar o problema. Os trabalhos, presididos pelo vereador Paulo Messina (PV), concluíram que a gestão anterior da Light deixou de investir. "Houve negligência nos investimentos e hoje estamos sofrendo os reflexos disso", afirmou o vereador.
 
Apesar dos problemas ocorridos, a Light afirma que está investindo na melhoria da rede. Segundo a empresa, só para manutenção foram destinados R$ 10 milhões em 2010, R$ 6 milhões a mais que no ano anterior. A concessionária ainda diz que investiu R$ 525 milhões só para distribuição.
 
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por sua vez, constatou falta de manutenção na rede subterrânea, que alimenta regiões como Zona Sul e Centro. A empresa ressalta que, para a melhoria dessa rede, "foram destinados R$ 32 milhões em 2010, R$ 20 milhões a mais que o aplicado em 2009".
 
 
Na Tijuca, tarde sem energia elétrica prejudica moradores e comerciantes
No dia mais quente do ano, quando os termômetros chegaram a marcar quase 42ºC, a dificuldade para enfrentar o calor ficou ainda maior com a falta de luz. À tarde, de 12h às 17h, não havia energia em alguns pontos da Tijuca, e moradores tiveram que improvisar para suprir a falta de ar-condicionado e ventiladores. Muitos saíram de suas casas e foram caminhar pelas ruas. Outros resolveram sair do bairro e ir para onde havia energia.

Na Rua Alfredo Pinto, uma senhora de 81 anos, que mora em um edifício, não conseguiu retornar para sua casa, que fica no sétimo andar. "Não consigo subir pelas escadas, vou ter que ficar na portaria até a luz voltar", lamentou a aposentada Sara Gutwilen.
 
Comerciantes também sofreram com a falta de energia do bairro. "Em um ano enfrentei vários problemas por falta de luz. Mas com este calor está difícil de trabalhar", reclama Antônio Alves, dono do estabelecimento.
 
Recente pesquisa da Fecomércio-RJ apontou que mais da metade dos comerciantes da capital foi afetada pela falta de energia elétrica nos dois últimos meses de 2010. Ainda segundo o levantamento, esses comerciantes amargaram um prejuízo médio de R$ 11,1 mil, cada. No fim de 2009, apagões causaram R$ 1 bilhão em perdas.
 
Na madrugada de sexta, a interrupção no fornecimento de energia ocorreu por volta das 0h40 devido a uma falha na subestação da Light em Piedade, deixando sem luz até de manhã os moradores de lá e dos bairros do Méier, Abolição, Engenho Novo e Engenho de Dentro. O problema também foi registrado em Realengo, Centro, Catumbi, Estácio, Catete, Flamengo e Laranjeiras. Na Tijuca, algumas áreas ficaram no escuro até a tarde.
 
Na Baixada, trechos de ruas em Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita e Nova Iguaçu foram afetados. A Light apura as causas da interrupção. A Ampla explicou que em pontos isolados de São Gonçalo faltou luz na madrugada por causa do contato de um vergalhão com a rede elétrica. Em Niterói, a concessionária ainda apura os motivos de casos pontuais de queda de energia.

Esta notícia reflete o caos em que se encontra o sistema de distribuição de energia elétrica no país, gerido por empresas na sua maioria estrangeiras, que "compraram" estatais vendidas a preços simbólicos pelos tucanos, as quais priorizam a remessa de lucros para suas matrizes no exterior em detrimento de investimento na expansão de suas redes.
 

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