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terça-feira, 28 de agosto de 2012

GINA INDELICADA VS MÃES DE MAIO



Muita gente acredita que as redes sociais (Orkut, Facebook, Twiter, YouTube, etc) são mecanismos que nos permitem trazer para a Internet questões importantes da vida cotidiana, debatê-las, desenvolve-las, enfim, fazer algo útil e benéfico por nossas vidas. Assim, constantemente, vemos postagens visando ajudar animais, crianças carentes, mães de maio, ou qualquer outra coisa do gênero, tudo trazendo a esperança de seus criadores (ou postadores iniciais), de que algo real e benéfico vai acontecer.

Pura ilusão.

A genuína luta por um mundo melhor ainda passa bem longe da Internet. Ainda é travada no mundo real. Esqueça qualquer coisa que te disserem sobre campanhas importantes nas redes sociais. Para a vida real, essas campanhas não tiveram, não tem, e pelo menos por um bom tempo ainda, não terão qualquer eficácia.

Por que digo isso? Simples. Mais de 95% das pessoas que acessam e movimentam de verdade as redes sociais estão unicamente interessadas em diversão fácil e rápida, entretenimento de conteúdo intelectualmente pobre, mas que consiga lhes arrancar algumas gargalhadas. Numa análise comparativa podemos crer que, a cada 1.000.000 de usuários do facebook no mundo todo, 950.000 querem mesmo é fotos e videos engraçados, sem efetiva preocupação com causas sociais. Eles podem até compartilhar e curtir fotos de cachorros perdidos, crianças passando fome na África, ou mensagens contra corrupção na política, mas é o máximo. Agora, a surpresa: leve essa causa para o mundo real, para as escolas, vizinhanças, clubes, locais de trabalho, etc. e você verá uma boa parte dessas pessoas (as que não fizeram nada mais que compartilhar um arquivo digital), fazendo algo efetivamente prático. Ok, o número de pessoas realmente dispostas a se engajar e agir com afinco nas causas sociais é assustadoramente baixo tanto no mundo real quanto no virtual, mas você vai se espantar com o tanto de pessoas capazes de assinar uma petição, doar algum alimento, ou um pouco de dinheiro para sua ação em prol dos animais, das crianças famintas, ou contra a corrupção.

Em suma, se você percebe que alguma causa importante vai mal das pernas, ou é boicotada na Internet, não se preocupe. Pegue sua bandeira, seu megafone e vá para a realidade, pois o mundo virtual AINDA não é o lugar das causas sociais. E, como prova disso, cito o próprio título deste texto. Procure no facebook, maior e mais famosa rede social da atualidade, por páginas ou grupos envolvidos seriamente em lutas sociais e causas de importância. Todos levaram meses e meses para conseguirem alguns dois, três, ou quatro mil seguidores. Praticamente nenhum conseguiu sequer chegar aos 50.000 e os pouquíssimos que passaram disso, tiveram que deturpar seus ideais primordiais, ceder aos encantos do humor fácil, apelativo e barato. Podemos citar como alguns exemplos, a página Política & Cidadania, criada em abril de 2012 e que, quatro meses após, tinha menos de 3.000 seguidores. Temos ainda a página S.O.S. Meio Ambiente, criada no mesmo mês e atualmente com 13 mil seguidores. Já a página de humor Gina Indelicada, criada em agosto de 2012, seis dias após sua criação já contava com 950 mil seguidores.

Não, a Internet não é feita de pessoas idiotas, ou para pessoas idiotas. Não é isso que se busca afirmar neste texto. Como disse acima, bem mais da metade dos seguidores da página de humor citada por último faria algo (ainda que pouco), por causas sociais. A questão suscitada é que não se deva, por ora, dar importância crucial ao que acontece com a página das Mães de Maio no Facebook, ou à baixa audiência do vídeo de maus tratos a animais no YouTube. É bem provável que, um dia, a genuína luta por uma sociedade melhor aconteça e faça acontecer no mundo virtual. Mas, por enquanto, a Internet está aí quase que exclusivamente “para nooooossa alegriiiiiiaaaaaa”.


Um dos problemas do Facebook é que as pessoas fazem comentários pouco aprofundados sobre todos os assuntos possíveis, deixando debates importantes de lado.

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