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domingo, 4 de setembro de 2011

Kadafi gosta de leite de dromedária e adora sexo com virgens



Muamar Kadafi - o ditador mais procurado hoje no mundo - deve estar tendo dificuldade de tomar seu leitinho: ele só bebe leite fresco de dromedária, e havia anos os animais o acompanhavam a todos os cantos da Líbia. Mas nestes tempos de revolução, com seus desafetos - os rebeldes - à beira de conquistar todo o país, o "rei dos reis da África", como Kadafi se autoproclamava, sumiu. E nas dezenas de túneis e esconderijos que ele construiu, não há espaço para dromedários.
- Havia sempre dromedários especiais do Kadafi, onde quer que ele estivesse - conta Anis Lazer.


Melhor não ter Anis como inimigo: ele era um dos guarda-costas do ditador e do seu filho mais poderoso, Saif. Trabalhava desde 2008 a serviço da família. No discurso de Kadafi em Trípoli de 16 de fevereiro de 2011, quando estourava a revolução na Líbia, Anis apareceu na televisão bem atrás do dele, impassível e assustador, como "todo guarda-costas tem que ser", explica.
O moço de 32 anos, de pernas e braços musculosos, pulou a cerca para o lado dos rebeldes, como muitos do círculo próximo de Kadafi. E sua contribuição para a revolução parece ter sido preciosa. Exímio atirador, treinado na Polônia especialmente para fazer parte do grupo de elite de guarda-costas da família Kadafi, ele não apenas se tornou fonte para os rebeldes sobre as manias e rotinas do ditador, como treinou jovens em combate de rua e tiro para a batalha de conquista de Trípoli, a capital. Anis diz que suas qualidades foram colocadas à prova na revolução de Trípoli.
- Nenhum dos rebeldes que eu treinei morreu. Sá um ficou ferido na perna - orgulha-se.
Amazonas, só com 'peito e bunda'
Anis já era uma espécie de autoridade em Trípoli antes de Kadafi cair em desgraça. Na Líbia, Kadafi era tão poderoso que qualquer pessoas que trabalhasse a seu lado - cozinheiro ou guarda-costa - também tinha poder. Os amigos de Anis em Trípoli, sua cidade natal, verificavam os boatos telefonando para ele:
- Quando circulou o primeiro boato de que Kadafi tinha fugido da Líbia, eu liguei para ele, perguntando: "É verdade que Kadafi fugiu?" Ele garantiu que não - contou Khaled Midhat, um amigo.
Anis rebate:
- Eu não me achava poderoso. Mas as pessoas, por me verem com Kadafi, achavam que era.
O percurso deste líbio até o círculo de Kadafi foi curioso. Ele conta que trabalhava como operário de construção na ilha de Malta. Chegou a ser chefe dos operários. Mas a mãe pediu para ele voltar. Físico musculoso e rápido no gatilho, ele começou em 2008 trabalhando como guarda-costas da família de Saif - até, em 2010, chegar ao círculo de Kadafi, depois ser treinado por poloneses e selecionado para fazer parte do grupo de de proteção do ditador.
- Quando começou o curso, éramos 150. Depois de três meses, só sobraram 15. Eu era um deles - orgulha-se.
Anis falou da rotina com Kadafi. E mostrou a rapidez com que preparava o gatilho para matar quem ousasse atacar o ditador. Ele escreveu num pedaço de papel, o tempo: "0.93", ou seja, menos de um segundo. Andava sempre com quatro pentes, com 17 balas cada. Kadafi tinha medo de morrer, diz o guarda-costas, e era um líder de poucas palavras com seus servidores. Além dos óculos escuros, o ditador tem várias outras manias. Uma delas: detesta poeira. Num país que, no verão, tem temperaturas acima de 40 graus, ele também não gostava de ar-condicionado na potência máxima.
- Tudo em volta dele tinha que ser constantemente limpo com álcool - revela o ex-funcionário.
E não abria mão de caminhadas de manhã cedo. Anis também descreveu um clima de animosidade entre os guarda-costas homens e as famosas amazonas do ditador - um grupo de 200 mulheres guarda-costas que costumava desfilar com ele e impressionar visitantes estrangeiros. Cinco destas mulheres denunciaram recentemente terem sido vítimas de estupro pelo ditador.
- Kadafi confiava mais nas mulheres do que da gente. Usava as amazonas para se exibir. Mas éramos nós, os homens, que realmente garantíamos a proteção dele. Ele também não gostava que elas (as amazonas) fossem magras. Kadafi gostava de mulheres com bastante peito e bunda - contou.
Os guarda-costas homens também não ousavam ficar olhando para as amazonas "por medo que Kadafi decidisse: agora, casa com ela!". Anis relembra que Kadafi gostava de ter relações sexuais com mulheres virgens. Depois, ele costumava entregar a mulher para casar com um primo, um funcionário ou um guarda-costa. Não tinha como dizer "não". Em troca, o escolhido ganhava uma casa.
- A relação melhorava com Kadafi para quem casava com uma delas. Ele gostava de deitar na cama e ter 10, 15 meninas em volta dele. A maioria era tipo modelo líbia. Mas não era necessariamente para ter sexo. Se tivesse com todas, estava morto - disse Anis, rindo.
O mais difícil era protegê-lo nos seus acampamentos no deserto:
- Tinha que ficar 8 horas, 9 horas em pé, sem se mexer. Eu usava óculos, os passos tinham que ser suaves. O mais importante era fazer as pessoas ficarem com medo da gente. Ninguém podia $aproximar dele. E quem não obedecesse as ordens de Kadafi pegava até dez anos na prisão ou morria.
Pouco antes do início dos bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anis foi destacado para proteger um dos chefes militares da fortaleza de Kadafi em Sirta, cidade natal do ditador. Ele saiu de lá, com o chefe e outros kadafistas, fugindo dos bombardeios que destruíram a fortaleza onde ficavam. E conta como ele e outros homens de Kadafi fugiram de carro, na estrada entre Brega e Ras Lanuf, enquanto as bombas da Otan caíam por perto.
- Vendo as bombas caírem, eu me perguntava: "Onde estão os mísseis do Kadafi?"
Anis contou também como, aos poucos, os partidários do regime foram se dispersando e abandonando o barco.
- Quando Kadafi fez o famoso discurso (prometendo combater os "ratos" rebeldes em cada rua e esquina), eu chorei. Eu sabia como tudo iria acabar. Kadafi não conhece Deus. Mas custei a escapar por medo de represália contra minha família (pai, mãe, uma irmã e três irmãos).
Com seu boné e sua barbicha parecida com a de Fidel Castro, o ex-ditador de Cuba, Anis diz que gostava de ser guarda-costa de Kadafi, mas não propriamente do ditador. Ele hoje assumiu o discurso-modelo de um rebelde. Com que Líbia ele sonha?
- Com uma Líbia que seja a melhor.em que as pessoas sejam livres para fazer o que queiram.o país mais bonito e que vai ajudar outros países.
O GLOBO

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