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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
São José pode ter usina para transformar lixo em energia
Prefeitura analisa viabilidade técnica, econômica e ambiental da instalação de uma usina de energia no aterro sanitário
Beatriz Rosa
São José dos Campos
Transformar lixo em energia elétrica é possível? Para o secretário de Meio Ambiente de São José, André Miragaia, sim. Para ele, o lixo pode se transformar na nova fonte que irá mover máquinas e cidades, por meio de energia limpa.
Para formatar essa nova política de geração de energia com fontes alternativas, André defende a instalação de usinas geradoras de energia que produzam de 10 a 100 megawatts, movidas a gás natural, biomassa, etanol ou outros combustíveis sustentáveis.
Seu objetivo: estimular a instalação de uma planta de geração de energia no aterro sanitário do município e transformar em energia a maior parte do gás produzido pela queima e decomposição das cerca de 600 toneladas de resíduos sólidos depositados no local.
A lei atual já permite a instalação dessas usinas, mas apenas para consumo próprio e movidas a gás natural.
A proposta é polêmica e tem encontrado resistência entre ambientalistas e vereadores. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
1- De que forma a instalação de usinas termoelétricas irão contribuir para o tratamento do lixo de São José?
O tratamento térmico do resíduo do lixo é a solução que irá garantir sobrevida ao aterro, que tem mais 12 anos de vida útil. Existe um mix de soluções que começa pela separação mecânica do lixo, pois boa parte dele chega contaminado.
Isso irá nos permitir separa lixo seco de orgânico. O rejeito do seco será incinerado e utilizado como combustível para geração de energia por meio do vapor da água aquecida a mais de 900 graus, podendo chegar até 1.300.
O lixo orgânico vai para a compostagem anaeróbia --processo de degradação do lixo em local sem oxigênio para se transforma em biogás. Nesse processo, o lixo perde 60% de seu volume e somente o que sobra vai para o aterro. E nós ganharemos mais 40 anos de vida útil no aterro.
2 - Enquanto a proposta não sai do papel, que medidas o governo adota para melhorar o tratamento do lixo?
A área do aterro aumentou em mais 161 mil metros quadrados, o que nos garantiu mais 12 anos de vida útil.
A cidade produz 600 toneladas de lixo por dia, mas esse número tende a aumentar com o crescimento da população.
A Urbam investe na coleta seletiva há mais de 20 anos, mas hoje apenas 8% do lixo que chega ao aterro é destinado à coleta seletiva.
Sabemos que mais de 90% do lixo aterrado é reciclável. Ainda vai muita coisa para o aterro e não podemos esperar que o hábito das pessoas mude, por isso, precisamos mecanizar a separação do lixo, queimar os dejetos e reduzir o volume de resíduo no aterro.
3 - A instalação de usinas termoelétricas na cidade é alvo de crítica de ambientalistas e vereadores, que temem o aumento da poluição atmosférica na cidade. Como o senhor irá romper essa preocupação?
Iremos contratar um inventário ambiental das fontes de energia geradas na cidade. Parcerias com a USP e o Inpe também irão nos ajudar a identificar a interferência dessas fontes na qualidade do ar na cidade. Também iremos mostrar que o modelo de tratamento de lixo proposto é sustentável e não irá afetar a qualidade do ar. Aterrar o lixo é uma agressão e uma dívida para as gerações futuras. O que está em jogo não é se a energia gerada na cidade irá ultrapassar os 100 megawatts previstos na lei, mesmo porque a energia a ser produzida será limpa e irá atender os padrões ambientais exigidos. A nossa discussão é como resolver o problema do lixo, como evitar a contaminação do solo e do lençol freático.
4 - Mas e os apontamentos da Cetesb de que o ar da cidade está saturado. A instalação de novas usinas não poderá agravar ainda mais esse quadro?
As emissões de poluentes de uma usina movida e lixo estão bem abaixo dos parâmetros ambientais exigidos. Sai o carvão, o óleo cru e o gás natural e entra o lixo como principal combustível, uma fonte de energia limpa e renovável. Hoje, temos apenas uma estação de monitoramento da qualidade do ar na cidade, o que não pode precisar com exatidão os níveis de poluição. Sabemos também que a fumaça que sai dos carros representam 80% da emissão de poluentes, além das emissões industriais.
5 - E como o senhor pretende discutir essa proposta com a sociedade?
Por meio de seminários, palestras e debates a partir de março de 2011. Também Iremos reativar o Comam (Conselho de Meio Ambiente) para buscar o melhor modelo. Iremos mostrar que o modelo antigo de destinação do lixo não é sustentável. Estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental da instalação da planta também estão sendo feitos e tudo isso será mostrado a sociedade de forma transparente.
6 - Qual o modelo de gestão dessa usina? Ela terá viabilidade econômica.
Por meio de concessão que poderá ser de até 30 anos. A empresa que vencer a concorrência poderá vender a energia produzida dessa usina que terá entre 10 e 13 megawatts. E o município ainda ganha compensações ambientais no valor de até 1% do valor a ser investido no projeto. Esse modelo é comum na Europa e aos poucos está chegando no país. Nossa meta é implantar esse modelo nos próximos quatro anos quando a cidade deverá produzir cerca de 750 toneladas de lixo por dia. A ativação da termelétrica significará a produção de energia limpa suficiente para abastecer uma bairro com 25 mil pessoas.
7 - Como o senhor avalia a política nacional de Resíduos Sólidos aprovada recentemente pelo Governo Federal?
Nossa proposta vai de encontro com essa política que valoriza o uso de energias alternativas. São Paulo já saiu na frente com uma resolução sobre a instalação de usinas para tratar o lixo na Baixada Santista, no Litoral Norte e na grande São Paulo. No Rio de Janeiro, há estudos sobre tratamento térmico de resíduos. No Rio de Janeiro, há estudos sobre tratamento térmico de resíduos, apesar de no Brasil, ainda não haver nenhuma planta instalada, mas elas são inúmeras na Alemanha, Itália e Franca.
Fonte: O vale
Comentários:
Este tipo de termelétrica é totalmente questionada por ambientalistas e cientistas, pois emite muito CO2 e emite muitos gases tóxicos e metais pesados. A prefeitura poderia inovar e espalhar nos prédios públicos painéis solares, implantar em áreas planas painéis deste mesmo tipo para a captação de energia para a cidade e promover formas mais inteligentes da reciclagem do lixo. A cidade também poderia exigir que as empresas de ônibus colocassem mais veículos híbridos ou até colocar em algumas linhas ônibus elétricos, como já existe em São Paulo.
Outra medida que reduziria a poluição na cidade seria a implantação de um grande metrô de superfície, interligando as principais regiões da cidade. O PSDB encomendou um estudo, que alegou que o metrô seria inviável, porém o problema era apenas o trajeto, que acompanharia o caminho das linhas de transmissão elétrica da Bandeirantes. Se o problema é este, que pensassem em outros trajetos. A prefeitura muito dinheiro, então dá para fazer isto.
O PSDB vai na contração da história, incentivando a geração de lixo, quando deveria trabalhar pela redução contínua da geração de resíduos sólidos urbanos.
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