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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lula sai da presidência para entrar na história




Lula é filho do Brasil, bem como filho de um contexto bipolar, donde um lado tinhamos duas visões antagônicas da realidade política brasileira: um Estado opressor, centralizado política e economicamente com seus sequazes, e do outro a luta incisiva contra tal Leviatã mediante a resistência pela democratização e por melhores condições de vida. Ele é representado por esta última: sua batalha é política, ideológico-cultural e social. O primeiro desses embates representa a história que Lula traçou até chegar à presidência; o segundo representa sua visão da realidade, coerentemente adaptada às situações da época em que lutou e da época em que governa, mas que muito de sua luta passada conserva validade;a terceira, enquanto social, é a hegemônica popularidade de Lula no país, que, gradualmente, conquistara adeptos das mais diversas classes sociais e das complexas cadeias de idéias no âmbito intelectual brasileiro. Lula é, portanto, filho e pai: seu legado transmitir-se-á de presidente para nação como se transmite de pai para filho aquilo que se é.

Sua luta é uma viagem pelo Brasil, guiado pelos objetivos e pela interpretação do que vivenciara. Apreendemos, desde sua viagem a Santos, a precariedade sócio-econômica não só dos mais pobres em um governo militar incompetente, centralizador e opressor; mas até mesmo a baixeza física dos patrimônios públicos às mãos de um governo inimigo do bem-estar comum, individual ou coletivo. Se somarmos os óbices que Lula teve de enfrentar, desde a conviver com um pai agressivo, uma situação familiar não estável, mediante a situação em que o país vivia, temos de concluir, inevitavelmente, que Lula, como outros filhos do Brasil, é um herói. Abandonou sua terra, perdera a esposa, mas não a vontade de viver. Ademais, ao invés de desistir, lutou por melhores condições de sua vida e da dos trabalhadores. Mas como filho renegado que foi, tornou-se pai de uma geração sindicalista cônscia dos problemas econômicos do país. Malgrado o sucesso, o insucesso não demorou a atormentá-lo: o regime militar. Adiantando um pouco a história, Lula também superou as desumanidades das milícias sádicas que o capturaram: hoje é presidente de uma das nações mais importantes do mundo, com mais de 80% de popularidade.

Governou para os mais pobres, diminuiu a desigualdade no país, criou universidades federais e ampliou o poder de compra dos brasileiros. Não deixou de dialogar e negociar com os empresários, diminuindo à números nunca vistos as taxas de desemprego. Levou mais de 7 milhões de pessoas para a classe média, contribuiu para que a indústria automobilística batesse sucessivos recordes de produção etc. Poderíamos aqui enumerar muitas realizações do governo Lula.
Como legado, deixa um Brasil que acelerou nas pesquisas petrolíferas e descobriu o Pré-Sal, que trará riquezas que, se usadas de maneira responsável, darão um patamar de qualidade nunca visto no país.
Lula sai para entrar nas páginas na história, deixando o terreno preparado para que sua sucessora Dilma Rousseff, que assume amanhã, construa uma obra maior do que a sua. Possivelmente ela terá mais facilidade para aprovar as reformas que Lula quis e não conseguiu graças à sanha oposicionista de alguns partidos raivosos, como PSDB e DEM.
Somos todos gratos ao presidente Lula. A história jamais o esquecerá.

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