Do blog do Eli :
Pare um pouco. Não vá com tanta sede ao pote. Antes de continuar, pergunte a você mesmo: o que é "evolução" na ciência? O que significa dizer que os humanos ainda estão evoluindo? É que as pessoas estão ficando melhores, mais inteligentes, mais astutas, menos tolas ao votar nos senadores? Nada disso. Evolução não é melhoria. Evolução não é progresso. Para ser mais exato, na verdade evolução pode ser melhoria e progresso, mas não é. Confuso?
O caso é que melhoria e progresso são conceitos bastante frouxos e relativos, e só por isso já não servem para a ciência. São conceitos ligados ao modo como enxergamos o que é bom e o que é ruim, e como bem sabemos, o lixo de alguém pode ser o luxo de outra pessoa, e existem na história da filosofia diversas formas de enxergar a moral. Em geral os filósofos dedicam seu pensamento nessa questão a uma área de investigação filosófica chamada Ética ou Filosofia Moral. Pergunte a um filósofo o que é bem e mal (e melhoria nada mais é que o avanço do bem sobre o mal), e você provavelmente receberá outras perguntas como resposta: "Depende. De acordo com Platão? Ou Epicuro, ou Spinoza, ou Kant... (etc. etc.)?"
Em poucas palavras, melhoria e progresso são objeto de estudo da filosofia, não da ciência.
Evolução, do latim evolvere (desdobrar-se), não é nada disso na biologia. Mark Ridley a define no glossário do livro Evolução:
O caso é que melhoria e progresso são conceitos bastante frouxos e relativos, e só por isso já não servem para a ciência. São conceitos ligados ao modo como enxergamos o que é bom e o que é ruim, e como bem sabemos, o lixo de alguém pode ser o luxo de outra pessoa, e existem na história da filosofia diversas formas de enxergar a moral. Em geral os filósofos dedicam seu pensamento nessa questão a uma área de investigação filosófica chamada Ética ou Filosofia Moral. Pergunte a um filósofo o que é bem e mal (e melhoria nada mais é que o avanço do bem sobre o mal), e você provavelmente receberá outras perguntas como resposta: "Depende. De acordo com Platão? Ou Epicuro, ou Spinoza, ou Kant... (etc. etc.)?"
Em poucas palavras, melhoria e progresso são objeto de estudo da filosofia, não da ciência.
Evolução, do latim evolvere (desdobrar-se), não é nada disso na biologia. Mark Ridley a define no glossário do livro Evolução:
Você não vai encontrar a palavra "evolução" em nenhum lugar do livro Da origem das espécies de Charles Darwin. O que ele chamava de "descendência com modificação" é, portanto, o que chamamos hoje de evolução, como Ridley lembra. Evolução é mudança, modificação, causada principalmente pela seleção natural (a sobrevivência não aleatória de variedades que surgem casualmente). E como as características dos seres vivos estão fundamentadas principalmente nos genes, evolução então é a mudança nos genes? Não exatamente. Mudança nos genes por si só é mutação. Evolução seria então a diferença na persistência de mutações diferentes, ou variedades diferentes de genes, ao longo das gerações.
Como existem mutações favoráveis para a sobrevivência (como a mutação de uma família de italianos que evita que o colesterol se acumule em suas artérias) e mutações desfavoráveis para a sobrevivência (como as que causam os fetos anencéfalos), necessariamente nem todas as variedades de genes persistem com o passar das gerações. As frequências (ou seja, porcentagens) dos genes mudam. Existem técnicas genéticas para detectar se a evolução está acontecendo.
Voltemos então à pergunta: os humanos ainda estão evoluindo? As linhagens das populações humanas estão se modificando? A frequência dos genes humanos está mudando?
Stephen Stearns, um biólogo da Universidade de Yale, se juntou a outros cientistas para responder a esta pergunta. Seus resultados foram publicados pela revista científica PNAS, e dizem sim.
O estudo mostra que, por mais que a Medicina trabalhe para amenizar o resultado das mutações desfavoráveis, o Homo sapiens está sim evoluindo e sendo moldado pela seleção natural, talvez até nas mesmas taxas evolutivas de outros seres vivos.
Os pesquisadores analisaram características importantes para a saúde humana em dados de uma pesquisa realizada durante 60 anos com 2000 mulheres dos Estados Unidos, e descobriram, através do número de filhos de cada uma das mulheres, que a diferença neste número mostra que a seleção natural está favorecendo mulheres um pouco mais baixas, mais gordinhas, com menores níveis de pressão sanguínea e colesterol, que têm filhos quando estão mais novas, e que atingem a menopausa mais tarde.
Em suma, a evolução está acontecendo nos humanos, e, segundo o estudo, em taxas que são de médias a baixas, o que só corrobora resultados anteriores em outras áreas como a genética molecular.
Agora discuta com seus amigos: isso é melhoria? Depende, diz o filósofo: você gosta de mulheres baixinhas e cheinhas?
(Lembrando que se a seleção natural persistir neste caminho nos Estados Unidos, não significa que esteja na mesma rota no resto do mundo. Como todo biólogo sabe, é o meio-ambiente que determina para onde vai a seleção natural.)
Em suma, a evolução está acontecendo nos humanos, e, segundo o estudo, em taxas que são de médias a baixas, o que só corrobora resultados anteriores em outras áreas como a genética molecular.
Agora discuta com seus amigos: isso é melhoria? Depende, diz o filósofo: você gosta de mulheres baixinhas e cheinhas?
(Lembrando que se a seleção natural persistir neste caminho nos Estados Unidos, não significa que esteja na mesma rota no resto do mundo. Como todo biólogo sabe, é o meio-ambiente que determina para onde vai a seleção natural.)
Um comentário:
Se você partir do pré-suposto que o remédio enfraquece o sistema imunológico, estamos ficando cada vez menos evoluído (claro, Darwin não diria isto).
Cada vez o fraco é assegurado e o forte é massacrado.
Nas nossas salas de aula temos que esperar o último a copiar e não o primeiro. Parece haver a lógica da vitória do fraco...
Sendo mais breve... sim! Estamos "desevoluindo".
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