Guardados há mais de duas décadas em depósitos da Eletronuclear em Itaguaí e Angra dos Reis, no estado do Rio, os equipamentos comprados pelo governo brasileiro nos anos 80 para a Usina Nuclear Angra 3 devem ser desencaixotados no início do ano que vem.
O edital bilionário para a contratação do consórcio que fará a montagem dos equipamentos eletromecânicos foi lançado na semana passada. Serão gastos R$ 1,93 bilhão e a expectativa é que, com o avanço das obras civis no canteiro de Itaorna, onde já operam as usinas Angra 1 e Angra 2, a montagem dos equipamento da terceira usina nuclear brasileira comece em maio de 2012. Angra 3 deve entrar em operação comercial em dezembro de 2015, ao custo total de R$ 10 bilhões.
Apesar de estocados há tanto tempo, a estatal garante que os equipamentos estão em boas condições de uso e não se defasaram tecnologicamente. São tubulações, bandejas de cabos, sistemas de cabeamento, estruturas metálicas, vasos, tanques, válvulas, entre outros, que custaram ao país US$ 750 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão). Isso representa praticamente a metade do valor que a Eletronuclear terá que desembolsar para adquirir os equipamentos eletroeletrônicos que, ao longo desse período, evoluiram tecnologicamente, como sistemas informatizados de instrumentação e controle da usina e painéis elétricos. Em abril do ano passado, a contratação dos suprimentos importados foi orçada em R$ 2,2 bilhões.
Os equipamentos eletromecânicos foram adquiridos no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, firmado em 1975, que previa a construção de duas usinas gêmeas, cada uma capaz de gerar cerca de 1,3 mil megawatts: Angra 2 e Angra 3. Mas só a unidade 2 foi concluída.
A Usina Nuclear Angra 3 começou a ser erguida em 1984, mas a obra foi interrompida dois anos depois, não só por falta de recursos. Havia, na época, muitas dúvidas quanto à conveniência do uso de energia nuclear e aos riscos de acidentes e impactos ambientais. Em 2007, o governo federal decidiu retomar a construção da usina, pressionado pelo crescente consumo de energia do país e porque boa parte dos equipamentos já estava paga.
Ao longo dessas duas décadas, a manutenção da obra paralisada, incluindo estocagem e preservação dos equipamentos, seguros, inspeções periódicas e manutenção do canteiro de Itaorna custou ao país mais de R$ 600 milhões, ou US$ 20 milhões (R$ 32 milhões) por ano.
Agência Brasil
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