Quem acompanha a mídia com um olhar diferenciado sabe que, entra eleição, sai eleição, algo é forjado pela direita contra os petistas. Vamos relembrar alguns fatos:
- Em 1989, no segundo turno da eleição presidencial, camisetas do Partido dos Trabalhadores formam colocadas nos seqüestradores de Abílio Diniz para ligar o partido a um crime;
- Já em 1986, Eduardo Suplicy era candidato ao governo de São Paulo. O governador Franco Montoro, filiado ao PMDB na época e posteriormente ao PSDB, acusou o PT de “entregar armas” aos bóias-frias na cidade do Leme, em São Paulo. Os bóias-frias entraram em confronto com a polícia, o que resultou na morte de 2 pessoas;
- Também naquela eleição de 1986 foi lançado o boato que o PT havia assassinado um agricultor. Boato este que jamais avançou (aqui).
Violação de Sigilos Fiscais
Nesta eleição não seria diferente. Todos que acompanham política nos últimos anos sabem que viria mais uma acusação esdrúxula por parte dos golpistas, o que a gente nunca sabe é o quê e quando.
Tudo começou com um pseudo-dossiê – que nunca existiu – capitaneado por Luiz Lanzetta, supostamente criado para desestabilizar a campanha de Serra. A revista Veja e o Jornal Folha de S. Paulo tentaram “alimentar” este falso dossiê por várias semanas. Como era algo sem fundamento, logo caiu no esquecimento.
Ainda na mesma linha, começaram a aparecer denúncias de quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB. Em pouco tempo, o que era dossiê virou quebra de sigilo fiscal. Como diz o jargão popular, Eduardo Jorge nunca foi “flor que se cheire”. Quando era Chefe da Casa Civil de FHC, Jorge esteve envolvido nos mais diversos escândalos (aqui). Tentava-se transformar o vilão em vítima. Logo os jornalistas sérios deste país perceberam que se tratava de mais um factóide de campanha, dado o histórico de Eduardo Jorge.
Mas a Folha e a Veja não estavam dispostas a desistir do factóide. Algumas semanas depois foi revelado que o sigilo de outros 3 tucanos também havia sido violado: Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Preciado, todos vinculados ao alto escalão do PSDB e também envolvidos nos mais diversos escândalos (aqui).
Ainda sobre Eduardo Jorge, foi descoberto que o sigilo do tucano foi acessado em um posto da Receita Federal na cidade de Mauá, ABC Paulista. A senha usada para o acesso é da servidora Adeildda Ferreira Leão dos Santos, usada em 08 de outubro de 2009 por volta as 13h. No dia, porém, a servidora havia saído mais cedo para almoçar e comemorar o aniversário de casamento. A servidora não tem filiação político-partidária, o que não atendia o interesse da imprensa golpista (aqui). A versão de “balcão de negócios” com dados fiscais foi imediatamente descartada pela grande mídia, embora existam matérias sobre a venda de dados fiscais já na era FHC (aqui).
No início deste mês, o PSDB e a imprensa golpista lançam a última cartada do factóide: a violação do sigilo fiscal de Verônica Allende Serra, filha do presidenciável do PSDB.
Desmontando as mentiras da imprensa golpista
O acesso aos dados fiscais de Verônica Serra foi feito por intermédio de uma procuração fraudulenta, onde a assinatura de Verônica Serra era falsa e o reconhecimento de assinatura pelo tabelião também era falso. O requerente: Antonio Carlos Atella Ferreira, um homem com 4 CPFs. Atella é tão controvertido que nem ao certo a mídia sabe o que ele faz: O Jornal Nacional o chamou de advogado, a Folha de contador e a revista Isto É de despachante. Na sexta-feira, o Jornal Nacional apressou-se para afirmar que Atella foi filiado ao Partido dos Trabalhadores.
É de se pensar: um homem com 4 CPFs falsos, que entregou na Receita Federal uma procuração falsa de Verônica Serra, com um reconhecimento de firma também falso, por que apenas a filiação ao PT é verdadeira?
Não é. Na tarde de sábado, Edinho Silva, Presidente Estadual do PT de São Paulo, afirmou em coletiva que a filiação de Antonio Carlos Atella Ferreira jamais foi efetivada por um erro de grafia (aqui). A Folha bem que tentou desmentir esta versão, mas foi rebatida por José Eduardo Dutra, presidente do PT (aqui).
Quem é filiado mesmo a um partido é um dos requerentes dos dados fiscais de Verônica Serra apontados por Attela: Ademir Estevam Cabral, filiado ao PV de Francisco Mourato, em São Paulo e desaparecido desde então (aqui).
Mas a mídia golpista e os demotucanos liderados por Serra parecem que não vão desistir de emplacar “este engodo” ao povo brasileiro. Na capa da Folha de S. Paulo de hoje, a seguinte manchete: Dado de vice de Serra foi aberto por petista em MG.
Ué!? Os dados fiscais de Eduardo Jorge não tinham sido violados em Mauá no dia 08 de outubro de 2009 com a senha da servidora Adeildda Ferreira Leão dos Santos? Em uma outra reportagem, a mesma Folha informa que o dados fiscais de Eduardo Jorge foram consultados 22 vezes em datas e horários diferentes pela Receita Federal, Banco Central, Polícia Federal e Ministério Público. O responsável pela investigação, Guilherme Bibiani Neto, Chefe da Corregedoria da Receita, afirmou que até agora não é possível determinar que os dados foram violados, em outras palavras, que os dados foram acessados sem motivação profissional. No meio destes acessos, mais um petista aparece: Hermano Lemos Machado, da cidade de Formiga, Minas Gerais.
Em um amplo leque de consultas de dados, com acessos em diferentes órgãos, achar um petista nesta ampla lista é “achar pelo em ovo”. O próprio corregedor da Receita já afirmou que apenas dados básicos (telefone, CPF e etc.) de Eduardo Jorge foram consultados (aqui). O servidor de Formiga disse que acessou Eduardo Jorge por engano, quando percebeu, corrigiu o erro e sequer passou da página inicial, o que confirma a versão do corregedor.
Perguntas que ficam no ar
Suponhamos por um segundo que realmente partiu do PT a violação do sigilo fiscal dos tucanos e da filha de Serra, então, algumas dúvidas plausíveis:
- Se os dados foram acessados no final do ano passado, quando Dilma estava bem atrás de Serra nas pesquisas de intenção de voto, por que não foram utilizados pelos petistas?
- Serra sabia da violação dos dados fiscais da filha e se queixou com o presidente Lula exatamente no dia 25 de janeiro de 2010, aniversário da cidade de São Paulo. Se Serra sabia desde janeiro, por que não falou disto desde o primeiro dia de campanha, esperou estar bem abaixo nas pesquisas para tirar esta carta da manga?
- Se, na época das supostas violações, Aécio Neves era cotado para ser candidato à Presidência, por que não existem “violações” do sigilo fiscal do ex-governador de Minas?
Histórico do PSDB
Como é sabido há muito tempo, quem tem histórico comprovado em violar dados e a abusar de poder para constranger adversários é o PSDB. Vamos relembrar os principais fatos:
- No final da era FHC, Roseana Sarney era bem cotada nas pesquisas para a sucessão presidencial. O PSDB com a Polícia Federal “enterraram” qualquer chance de vitória de Roseana com uma invasão arbitrária da empresa da candidata (aqui);
- Para aprovar a reeleição, o PSDB “vazou” dias antes da votação na Câmara uma lista de dívidas de deputados com o Banco do Brasil;
- Até hoje não ficou claro o episódio da compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. A Justiça continua investigando (aqui)
O cenário na época da violação dos dados
No final de 2009 a escolha de José Serra para candidato à Presidência não era unanimidade dentro do PSDB. Aécio Neves também estava na disputa.
Todos que acompanham o jornalismo político perceberam que Serra e Aécio passaram a mandar recados um para o outro via imprensa. Consegui até resgatar um deles. É um artigo do Estadão, uma mensagem clara para Aécio Neves intitulada; Pó pará, Governador? Embora o jornal O Estado de S. Paulo prime pelo mais alto nível da forma culta da Língua Portuguesa, por que um artigo tem um nome tão vulgar? Para bom entendedor, meia palavra basta… (aqui) Aécio também mandou seus recados para Serra (aqui).
É nesta época que começam os rumores de dossiês, não de petistas contra tucanos, mas entre Aécio e Serra. O próprio pseudo-dossiê do PT é parte de um livro escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., que usou o laptop do jornal O Estado de Minas (favorável a Aécio) para as suas pesquisas.
Parte da imprensa não cai no golpe
Revistas sérias como a Isto É não caíram no golpe do PSDB e a quebra de sigilo. No editoral desta semana, Carlos José Marques, Diretor da revista, afirmou que os projetos políticos foram deixados de lado para e o foco centrado única e exclusivamente em desmoralizar o adversário.
Na página 42 da Época desta semana, a revista é claríssima ao afirmar “Amaury (Ribeiro Jr.) colecionava informações colecionava informações sobre Verônica Serra, Ricardo Sérgio e Marin Preciado. O interesse de (o jornal) O Estado de Minas nas investigações pode estar relacionado ao apoio entusiasmado que o jornal deu ao projeto de candidatura presidencial do ex-governador mineiro Aécio Neves, que travou, até o final do ano passado, uma disputa interna do PSDB com Serra em torno da escolha do candidato dos tucanos à Presidência”.
Até mesmo a Revista Veja desta semana, diz na página 76, que “a hipótese mais provável (para a exclusão de Attela do PT) é que o Tribunal Superior Eleitoral tenha encontrado alguma divergência nos dados cadastrais”.
Há na Isto É uma entrevista em tom de mágoa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nela, FHC afirma com todas as letras que “a campanha de Serra não está sintonizada com o país”, (íntegra)
O jornalista Fernando Rodrigues sintetizou o desespero de Serra: o tucano se agarra ao caso da quebra de sigilo do mesmo modo que um afogado se agarra a uma tábua. É o desespero de quem sabe que não vai passar do primeiro turno.
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