A maioria das grandes cidades brasileiras cresce de forma desordenada, sem uma infraestrutura para atender às necessidades básicas de seus habitantes, especialmente em transporte público. Há uma grande preocupação de toda a sociedade em encontrar formas de garantir uma melhor qualidade de vida para as gerações futuras, que inclui a construção nas regiões metropolitanas de uma rede de transporte público ambientalmente sustentável, econômica, regular, adequada e integrada, com o objetivo de gerar benefícios para todos os cidadãos e promover a inclusão social das populações mais pobres.
A qualidade de vida a que me refiro está baseada em cinco pontos fundamentais: educação, saúde, saneamento básico, segurança pública e transporte de massa, mais precisamente o transporte metroferroviário.
Como não sou especialista nos quatro primeiros pontos, vou concentrar-me apenas no transporte metroferroviário, que, sem dúvida alguma, é indutor de desenvolvimento urbano sustentável, promotor da integração com os demais modos de transporte, causador de valorização imobiliária e gerador de empregos em diversos setores da economia, além de ser um importante vetor de reaquecimento da engenharia nacional e da indústria. Ao mesmo tempo, o transporte metroferroviário consegue reduzir expressivamente o número de acidentes e mortes no trânsito, economizar combustível, melhorar significativamente os índices de poluição sonora e atmosférica e proporcionar mais conforto e ganhos de tempo a seus usuários.
Na verdade, o presente artigo é uma continuação ou, melhor, uma ratificação do meu artigo do mês passado, intitulado A solução é o transporte urbano sobre trilhos, que também preconiza a ideia de um sistema de transporte de massa baseado em metrôs e trens urbanos. Caro leitor, não se trata de uma obsessão de minha parte pelo transporte metroferroviário mas apenas de uma forte convicção que tenho sobre a potencialidade dessa modalidade de transporte para melhorar a qualidade de vida das populações urbanas.
No quesito tempo de viagem, por exemplo, nenhum outro modo de transporte pode levar tanto benefício para as populações da periferia, que moram a grandes distâncias dos locais de trabalho e chegam a ficar de rês a quatro horas por dia dentro de um meio de transporte. O tempo é um valioso bem intangível, e a economia de tempo que pode ser proporcionada pelo transporte metroferroviário é um benefício fundamental para as pessoas, que podem usar o tempo ganho com suas famílias, descansando, em atividades de lazer ou de qualquer outra forma. Os projetos de transporte não deveriam apenas quantificar monetariamente as reduções de tempo de viagem mas demonstrar qualitativamente os seus benefícios e garantir que eles efetivamente ocorram. A qualidade de vida está diretamente relacionada ao tempo livre das pessoas. Pode-se dizer que não há vida para aqueles que não têm tempo.
Os investimentos para a construção e expansão de sistemas metroferroviários são, realmente, de grande monta, mas, a longo prazo, esses investimentos sempre produzem os magníficos benefícios citados anteriormente, que os tornam plenamente viáveis sob o ponto de vista socioeconômico.
Segundo o Banco Mundial, em termos econômicos, o transporte público é a seiva que dá vida às cidades e, em termos sociais, pode contribuir com a redução da pobreza, pelo fato de ser o meio de acesso (ou de impedimento) ao trabalho, saúde, educação e serviços sociais essenciais ao bem-estar dos menos favorecidos.
Salvo melhor juízo, penso que não deve haver outra solução diferente do transporte metroferroviário para resolver os graves problemas de mobilidade urbana nas grandes metrópoles brasileiras. As vias urbanas já estão saturadas e a construção de mais viadutos, mergulhões e linhas expressas somente criarão mais problemas para a população. Não tenho dúvida alguma de que cidades servidas por sistemas de transporte baseado em trilhos urbanos, integrados e abrangentes, são mais felizes e oferecem maior qualidade de vidas para seus cidadãos.
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