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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Reaças contra o financiamento público de ciência

Montagem de satélite no INPE-SJC

Vez em quando aparecem direitistas, defensores do Estado Mínimo e que acham que o governo federal não deve investir em pesquisas científicas.
Aos que querem a abolição do financiamento de pesquisas científicas por parte do governo no Brasil. É simples. O princípio universalmente aceito entre os economistas é tal: “não existe almoço grátis”. Todos sabem, e é evidente, que toda empresa privada que investe em pesquisas não o faz por pura bondade: aguarda retorno em forma de lucro. Não há o que se condenar aqui, vide que não compartilhamos com o espírito medieval cristão da “usura”. O que há de se rejeitar é o que se segue: os que recebem financiamento privado estão sujeitos ao jugo do interesse empresarial da pesquisa; e na medida em que não haveria independência de grande parte dos estudantes para pesquisar o que bem entendem, e muitas das vezes temas que não têm feedback no lucro, não só haveria limitação nos temas pesquisados, como grande parte do conhecimento humano, incluindo as ciências humanas, não teriam apoio para pesquisa fundamental. Esta seria a conseqüência inevitável do que querem nossos amigos de Estado mínimo: por defenderem a liberdade, acabariam restringindo-a neste quesito: esta, per se, é só possibilidade, enquanto que sem verbas, não se realizaria. Grande parte dos estudantes, portanto, estariam à mercê do interesse privado, sem possibilidade de bolsas do governo para pesquisar aquilo que desejam.


Pode-se argumentar, obviamente, que haveria algum traço de ingenuidade em supor que o governo não teria interesse por trás de alguma pesquisa. Façamos o seguinte: quais são os casos concretos em que aos que recebem bolsas de pesquisa lhes são exigidos do governo que se pesquise quais e tais temas? Os alunos que recebem créditos para pesquisa têm liberdade para a pesquisa, não estando subordinados a quaisquer interesses que não os seus próprios. A liberdade que os tão “libertários” propõem, neste caso, seria irrealizável sem o governo. O mercado, por si, não é capaz de conciliar todos os interesses de seus cidadãos. Grande parte das pessoas precisa de ajudas do governo, e é insensato que alguém não possa se coadunar com mais inclusão (sem exclusão). O mercado inclui, mas não de todo por si. Nem todas as pesquisas retornam lucro: se assim o fosse, o que fazer com a quase totalidade das pesquisas das ciências sociais, da economia, da filosofia e de outras ciências humanas? E, em contrapartida, nossos “libertários” esquecem-se de sua existência.

Exemplos de bom financiamento público de ciência no Brasil:

Laboratório Nacional de Luz Síncroton

Programa nuclear da Marinha

Inpe

Estação Antártica Comandante Ferraz





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