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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Mulher paralítica mexe braço robótico através do pensamento
Um braço robótico controlado pelo pensamento. O que parecia cena dos mais inventivos filmes de ficção científica ocorreu no Centro Médico da Universidade de Pittsburgh, dos Estados Unidos. Jan Scheuermann, uma mulher de 52 anos que está paralisada do pescoço para baixo há 13 anos devido a uma doença degenerativa no cérebro, recebeu a prótese e já consegue pegar objetos e movê-los de lugar.
O nível de agilidade do suporte, segundo os cientistas responsáveis pelo procedimento, é o que mais perto se chegou, até o momento, de um braço normal. A operação a deixou com uma capacidade de controle e fluidez jamais vista em cirurgias deste tipo, alegam.
Foram semanas de treinamento até Scheuermann conseguir dominar o controle da mão. Conseguiu após dois dias. Com o tempo, passou a pegar objetos, orientá-los e movê-los com uma taxa de sucesso de 91,6%. A velocimento aumentou com a prática.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores implantaram dois dispositivos de microeletrodos no córtex motor do lado esquerdo. É a parte do cérebro que influencias os movimentos. Os cientistas usaram uma técnica de escaneamento do órgão chamada ressonância magnética funcional para encontrar a parte exata que se acendia após a paciente ser orientada a mexer o membro inutilizado.
Após este passo, os eletrodos foram conectados à mãos robótica através de um computador com um algoritmo complexo que traduzia os sinais que imitam a forma que um cérebro intacto controla membros saudáveis.
— Estes eletrodos são dispositivos notáveis por serem muito pequenos — explica Michael Boninger, um dos autores do estudo.
O principal avanço, segundo Boninger, é a maneira como o algoritmo opera. A tradução de sinais do cérebro tem sido um dos maiores desadios para que a mente possa controlar próteses.
— Agora não há mais limite para decodificar o movimento humano — disse. — A novidade se tornar ainda mais complexa quando você trabalha em peças como uma mão, mas eu acho que, uma vez que você pode influenciar o movimento desejado no cérebro, então as questões sobre como isso pode acontecer ganham diversas possibilidades de resposta.
A conexão é feita através de um fio entre a cabeça da paciente e a prótese. Os pesquisadores já planejam, porém, incorporar a tecnologia sem fio para eliminar a necessidade.
Acreditam também que um circuito sensorial poderia ser desenvolvida para dar um retorno ao cérebro. A novidade permitiria que o usuário conseguisse fazer a diferença entre superfícies quentes e frias, ou lisas e ásperas.
Para Jan Scheuermann, a experiência foi transformadora.
— Renovou o seu propósito de vida — disse Boninger. — No primeiro dia em que conseguiu mover o braço, havia um sorriso de alegria. Podia pensar sobre a movimentação de seu pulso e algo acontecia.
Outros testes já haviam permitido a humanos escreverem através do pensamento. A nova operação, porém, é considerada um passo significativo no avanço da tecnologia de próteses controladas pelo cérebro. No mês passado, pesquisadores na Suíça usaram eletrodos implantados diretamente na retina para permitir que um paciente cego conseguisse ler.
O desenvolvimento das conexões entre cérebro e máquina apresenta uma evolução rápida e cientistas preveem que a tecnologia poderá eventualmente ser usada para ignorar danos nos versos e despertar os músculos paralisados de uma pessoa. Enquanto o momento não chega, a ciência se preocupa com exoesqueletos robóticos que permitem a paraplégicos e quadriplégicos voltarem a andar.
— A interface entre cérebro e máquina é um feito notável em tecnologia e biomedicina — comemou Grégoire Courtine, do Instituto Federal de Tecnologia Suíco, que não esteve encolvido no estudo, mas fez comentários na revista científica “Lancet”, onde foi publicado. — Embora muitos desafios existam pela frente, esses tipos de sistemas estão rapidamente se aproximando do ponto de uso clínico.
O Globo
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