Para a presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Sarita Schaffel, os dados são reflexo da doutrina da religião, que estimula a leitura e tem a aquisição de cultura como um de seus pilares.
— O povo judeu é o povo do livro. Aprendemos ao longo dos anos, com as seguidas perseguições que sofremos, que a cultura é o único elemento que ninguém pode tirar de um povo. Por isso, a família judaica considera a educação dos filhos uma prioridade — conta Sarita, que acredita que a associação entre renda e religião ainda gera preconceito por parte de grande parte da sociedade — Existem muitos judeus que passam dificuldades, mas somos muito solidários entre nós.
O professor de Sociologia da Religião da PUC-RS Ricardo Mariano considera naturais os dados referentes ao judaísmo mostrados pela pesquisa. Para o especialista, o fato de a religião ser hereditária — só nasce judeu quem é filho de mãe judia — favorece a manutenção de taxas de instrução e renda altas.
— O judaísmo é uma religião étnica, ninguém se converte judeu. Por isso, o perfil de quem pratica a religião não muda. Além disso, o Judaísmo tem a instrução como um de seus pilares principais, afinal depende da leitura e do estudo do livro sagrado para a prática religiosa. O alto grau de instrução leva, naturalmente, a uma renda maior — explica Mariano.
- Judeus e espíritas são os grupos religiosos que sempre têm aparecido no Censo como tendo presença nas faixas de renda mais altas, e também naquelas com maior nível de instrução. No caso dos judeus, por exemplo, eles têm a característica de serem uma religião de segmento, com uma forte participação no setor empresarial, e localizada em áreas das classes A e B da população -- afirma Cesar Romero Jacob, cientista político da PUC-Rio.
Entre os espíritas, 98,6% são alfabetizados
Outro grupo religioso que chama a atenção pelo alto grau de instrução é o espírita. Os dados dos devotos do espiritismo chamaram atenção pelo número de alfabetizados, 98,6%, o maior entre os quatro maiores grupos religiosos contabilizados pelo estudo — católicos, evangélicos, espíritas e praticantes da umbanda e candomblé.
O professor de Ciências da Religião da PUC-SP, Edin Abumanssur, credita esses números ao universo social em que a religião circula:
— O espiritismo tem entre seus adeptos muita gente de classe média e é assim desde o século XIX quando chegou ao Brasil.
Para Ricardo Mariano, a forma como a religião é transmitida também influencia na configuração do perfil de quem a pratica.
— A transmissão do espiritismo não se dá pela TV, pelo rádio, mas sim através da literatura. Assim, a capacidade de ler se torna um requisito para a prática religiosa — afirma.
No outro extremo, os grupos religiosos de menor renda e escolaridade são de igrejas evangélicas pentecostais. Na Igreja Evangélica Pentecostal Deus é Amor, apenas 1% possui nível superior completo e a renda média per capita é de R$ 345.
O Globo
A fórmula "religiosidade e estudo" sempre funciona bem, independente da crença que se professa. A cultura milenar, no caso dos judeus, tem uma influência muito interessante sobre estes resultados. O fomento aos estudos e à uma boa educação financeira sempre devem ser copiados por qualquer família, judia ou não.
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