Hoje, um cursinho de Campinas, no estado de São Paulo, anunciou que todos os alunos ganharão um iPad para o curso, e após o término do ano letivo poderão ficar com ele. Eba! O único chato é que a mensalidade aumentou 50%: para um ano de cursinho no Integral, os pais pagarão R$17.700, ou 12 macias prestações de R$1.745. Ontem foi a vez da faculdade Estácio anunciar que os alunos receberão tablets com Android, mas nenhum detalhe sobre aumento de preço ou modelo foi especificado.
Se a discussão é polêmica nos EUA, aqui no Brasil a sensação é ainda mais aguda. O aumento nas mensalidades é óbvio – se cada pessoa numa classe de 30 alunos receber o iPad mais básico (R$1.649), são R$50 mil reais na conta da instituição – e parece muito mais simples comprar um tablet à parte do que se sentir atraído pela escola pela “doação” no fim do ano.
Como bem frisa Nilbo Nogueira à Folha, é “fantástico” ter uma ferramenta assim, mas o que fazer com ela? E, principalmente, quais são as vantagens de um tablet em relação a um notebook nesta situação?
A conclusão parece simples: os tablets podem ser revolucionários, mas ainda são uma tecnologia embrionária. Isso significa que eles ainda têm suas limitações e não há no momento nenhum tipo de conteúdo voltado para educação e ensino que possa ser utilizado pelas escolas (ok, a não ser o leitor de PDF). Além do mais, focar em uma só atividade do iPad é algo terrível de se fazer. Há vários aplicativos, brincadeiras e besteiras no caminho – e não duvide da habilidade dos alunos de desbloquear a App Store durante as aulas.
Além do mais, como nosso review do iPad deixou claro, o tablet é uma ótima ferramente de consumo de conteúdo. Leitura de livros que cairão no vestibular? Ótimo. Agora escrever redações, resolver problemas matemáticos e terminar aquele trabalho de biologia de última hora… Isso não será feito no iPad, nem mesmo com o teclado físico vendido separadamente. Ou seja, o aluno continuará tendo cadernos, talvez até livros – ou vão escanear obras com direitos autorais também? – e o tablet será mais um peso naquela mochila rasgada.
No fim das contas, Nilbo Nogueira acaba tocando no ponto crucial de toda a polêmica: seria a escolha das instituições de ensino por tablets uma grande jogada de marketing?
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