Presidenciável tucano fala em criar 154 AMEs, os ambulatórios de especialidades; modelo é recebido com dúvidas por muitos médicos
As filas no Sistema Único de Saúde (SUS) foram alvo de promessa do presidenciável José Serra (PSDB). O tucano disse ontem que acabará "de vez" com a espera para exames e consultas médicas. Notícia postada em seu site afirmava que Serra, se eleito, irá criar 154 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), vai criar AMEs e UPAs
São "clínicas projetadas para fazer consultas, exames de alta e média complexidade, como ultrassonografias e endoscopias, e até pequenas cirurgias", explicou. As clínicas levam o mesmo nome das implantadas durante seu governo no Estado de São Paulo.
(Copiou do Presidente Lula...)
O modelo das AMAs proposto por José Serra para pronto-atendimento, como o de uma crise de pressão alta tem semelhança, com as UPAs, unidades disseminadas pelo governo Lula principalmente a partir de 2008.
O que dizem os especialistas no caso
A expansão de UPAs e AMAs levou o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes) a alertar, em 2008, que é "inaceitável" dar prioridade às UPAs e AMAs, "modelo ultrapassado e imediatista de instalação focada de unidades". O temor era de que a aposta de investir em pronto-atendimento desviasse investimentos da atenção básica, praticada por postos de saúde e pelo Programa Saúde da Família, responsáveis pela prevenção e acompanhamento dos pacientes, e que têm sido esquecidos pelos gestores de todo o País.
Outra preocupação era de que a criação de outros serviços fragmentaria ainda mais a rede de saúde pública no País.
Para especialistas ouvidos pelo Estado, a promessa feita por Serra tem limitações. Eles destacam que é impossível acabar com as filas no sistema público. "Isso é bobagem, não haverá tanta redução assim (no tempo de espera)", diz Jorge Kayano, médico sanitarista e pesquisador do Instituto Polis. Para ele, os 154 AMEs propostos por Serra são "gotas no oceano". Ele concorda que o maior gargalo no atendimento são, de fato, as consultas com médicos especializados, mas defende que os AMEs sejam criados em parceria com programas prestados por Estados e municípios.
Vânia Nascimento, presidente da Associação Paulista de Saúde Pública, concorda: "Os AMEs só darão certo se forem um pacto entre as três esferas da federação". Para ela, não é possível aplicar o modelo de São Paulo em Estados com necessidades diferentes. Ela aponta a importância de ampliar investimentos no acompanhamento do paciente sobretudo para doenças crônicas, como diabetes ou hepatite. "Se não for criada uma estrutura de acompanhamento do paciente, os AMEs ficarão sobrecarregados."
As esperas são realidade comum a todos os sistemas universais de saúde, mesmo nos países desenvolvidos como a Grã Bretanha. O que os difere é a determinação de critérios de organização. Em São Paulo, há pouco dados oficiais sobre o problema. Recente pesquisa de satisfação do governo paulista apontou que, em relação a exames e procedimentos ambulatoriais de alta complexidade, de 42.082 questionários respondidos por pacientes, 64% afirmaram ter esperado menos do que 21 dias. Outros 29% esperaram entre 21 dias e seis meses. E 7%, mais de seis meses. O Estado de S.Paulo
Fila em Hospital de São Paulo: Retrato do descaso do PSDB com a saúde
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