Fui ver o perfil mais compartilhado da suposta mãe e não há nenhuma informação maior sobre o caso.
A mulher, em postagens passadas na sua linha do tempo, apenas reclama desde 2010 que “seu Orkut foi bloqueado”, que “quer viajar com a galera” etc. Não há nenhuma menção à criança com seu grave erro. Será que ela esperou chegar o ano de 2013 para espalhar de maneira macabra a foto de sua filha machucada? Por que não foi novamente em uma delegacia, registrar um B.O. contra o hospital? Por que ela mesma não procurou uma emissora de TV, para pedir ajuda? Por que não foi no Ministério Público? Por isso podemos afirmar: a história não merece credibilidade. Encontrei no Facebook pelo menos 10 versões da história, com 10 nomes de hospitais diferentes, 10 nomes de crianças e 10 supostas causas para o ferimento.
Em histórias similares, quando os fatos são verídicos, as pessoas deixam telefones de contato, para maiores informações. No caso, não há. Por que também não é usada uma foto recente da criança e sim de quando ela era bebê?
Fotos de crianças machucadas e bradando por justiça existem na internet desde a invenção do e-mail. Gente com problemas psicológicos inventando histórias para ganhar curtidas, compartilhadas e tornar seu perfil na rede social famoso também existem há anos. Ninguém prova qual a fonte da imagem, se o problema é verdadeiro etc. Não há problema, os preocupadíssimos justiceiros de internet compartilham sem nenhum ceticismo, sem questionar absolutamente nada.
Promover uma campanha de doação de sangue entre os amigos, para reunir todos no hemocentro mais próximo? Arrecadar alimentos para os pobres do seu bairro? Fazer uma simples campanha para ceder o lugar no ônibus para os idosos? Visitar um hospital de crianças? Não. A turba em catarse gosta mesmo é de fotos de bebês decepados e bastante feridos, para chocar e expor uma criança que, no momento daquela foto, realmente estava machucada, mas que não há provas que sustentem a história.
Ainda que seja verdade e a criança esteja realmente há cinco anos com um grande ferimento, o que vai resolver, compartilhar indefinidamente a imagem? Uns bradam “ o governo tem que fazer alguma coisa! Acorda Brasil! LEVA NO LUCIANO HUCK! Tem que matar os políticos corruptos que permitem isso! Nada no SUS presta!”, mas se você chega ao perfil da suposta mãe, o mesmo está bloqueado e não há nenhum telefone, seja dela, de um hospital, de um médico que acompanhe o caso, etc. Expondo a foto da criança ferida, os alienados e os que possuem ferimentos no bom-senso não estão ajudando em nada, a não ser a espalhar o mundo-cão na internet. São os mesmos que postam em seus murais foto de gato de cabeça cortada, cão morto e gritam : “POR JUSTIÇA AOS ANIMAIS!”, mas estas “Madre Teresas” de ocasião nunca deram água para um cão abandonado na rua, por exemplo.
Espalhar a foto de um bebê brutalmente machucado tira toda a dignidade do mesmo, não resolve absolutamente nada (por não haver informações confiáveis sobre o caso e nem como resolvê-lo, se for verdade) e apenas espalha o grotesco.
Se você se importa realmente com problemas sociais e de saúde, vá doar sangue no hemocentro mais próximo, faça visita aos doentes em qualquer hospital, procure a pastoral da saúde da sua igreja e ajude a arrecadar alimentos para os pobres, visite a Câmara Municipal da sua cidade e veja como os vereadores estão criando projetos que realmente ajudam a população (dê sugestões também), fiscalize o dinheiro público através dos portais de transparência dos governos etc.
Você não vai salvar ninguém se ficar compartilhando a foto de um bebê todo machucado na internet. Pense.
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