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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Coração artificial usa tecido bovino



Há tempos, os cientistas procuram desenvolver um coração artificial durável, que possa funcionar de maneira tão eficaz quanto o oferecido pela natureza. Tentando cumprir esse objetivo, uma empresa francesa produziu um coração artificial que utiliza tecidos bovinos e que, em breve, será testado em pacientes humanos.

As superfícies que entram em contato com o sangue humano nesse coração são feitas de tecido bovino, em vez de materiais artificiais como o plástico, que pode causar problemas como coágulos.

"O modo como eles incorporaram superfícies biológicas nos pontos que entram em contato com o sangue é realmente uma grande vantagem", disse o doutor Joseph Rogers, professor-associado na Universidade Duke em Durham, na Carolina do Norte, e diretor-médico de seu programa de transplante cardíaco e apoio circulatório mecânico. "Se eles acertarem esse desenho, poderão mudar o jogo, reduzindo a necessidade de remédios anticoagulantes."

Em desenvolvimento há 15 anos pela empresa Carmat, sediada em Paris, o coração foi aprovado para testes clínicos em centros de cirurgia cardíaca na Bélgica, na Polônia, na Arábia Saudita e na Eslovênia.

Na França, onde o dispositivo ainda não foi liberado para implantação em humanos, os reguladores exigiram mais testes com animais, que estão sendo feitos.

Esse é o primeiro coração artificial a usar derivados bovinos -especificamente, o tecido do saco pericárdico que envolve o coração dos animais. No passado, tecidos biológicos foram usados somente em válvulas de bombas de sangue mecânicas, disse o doutor Rogers.

O coração artificial pode ajudar pacientes que esperam na (vagarosa) fila por um transplante de coração definitivo, que deve vir de outro ser humano.

Por isso, um coração totalmente artificial para uso prolongado seria de grande valia, mas ainda é muito cedo para saber se o coração da Carmat, ainda não testado em humanos, será esse equipamento.

O custo do dispositivo da Carmat seria de aproximadamente US$ 200 mil, disse o doutor Piet Jansen, diretor-médico da empresa. Ele não espera que o produto seja posto no mercado europeu antes do final de 2014.

O coração da Carmat tem duas câmaras, cada qual dividida por uma membrana. Essa membrana tem tecido bovino de um lado, o que fica em contato com o sangue, e poliuretano do outro, que toca o sistema miniaturizado de bomba com motores e fluidos hidráulicos que modificam a forma da membrana. (O movimento da membrana empurra o sangue para o corpo.) A eletrônica e o software embutidos ajustam o ritmo do fluxo sanguíneo. Os pacientes podem portar as baterias em um coldre embaixo do braço ou em um cinto, entre outras opções.

O tecido bovino também é usado em válvulas cardíacas artificiais que foram criadas pelo doutor Alain Carpentier, cirurgião cardíaco e pioneiro em reparo de válvula cardíaca, que também é fundador da Carmat e seu diretor-científico. O tecido bovino é tratado quimicamente para que seja estéril e biologicamente inerte.

O equipamento é regulado por sensores, software e microeletrônica. Sua energia vem de duas baterias de íons de lítio externas.

O projeto e o desenvolvimento do coração também contaram com estratégias de testes aeroespaciais da Companhia Europeia de Defesa Aeronáutica e Espacial (EADS, na sigla em inglês), uma das apoiadoras da Carmat, disse o doutor Jansen.

Segundo o médico, uma das exigências do projeto do coração era que ele durasse cinco anos. A empresa vem fazendo testes de bancada para ver ele se consegue durar tanto.

A doutora Lynne Warner Stevenson, diretora do programa de cardiomiopatia e falência cardíaca no Hospital Brigham e Feminino em Boston, está otimista como o novo equipamento. "Eu aplaudo os pioneiros que o desenvolveram", disse.




Folha

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