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terça-feira, 9 de abril de 2013

Alguns fatos desagradáveis sobre Margaret Thatcher



Texto de Daniel Ortellado:

Se Margaret Thatcher  fosse uma pessoa comum, possivelmente estaria na cadeia sob a pecha de psicopata; aquela pessoa que não tem empatia por ninguém e acha que suas ações que resultam em morte e dor são justificáveis pois sua visão é a única correta. Mas como foi primeira ministra, com apoio das elites e dos bancos, nessa linda democracia de representação indireta que temos no mundo ocidental, ela teve passe livre para:

[Como Ministra da Educação nos anos 70] Cortar o leite das merendas escolares, muito embora estudos mostrassem que este era a forma mais eficiente e barata de suprir a carência de nutrientes e deficiência de cálcio da juventude com baixo rendimento escolar por conta dessa condição. Tudo isso, só para cumprir as promessas de campanha do partido conservador de diminuir impostos, o que lhe rendeu o apelido de “Ladra do Leite” e a impediu de receber um Phd honorário pela Universidade de Oxford pela tamanha desumanidade e demonstração de falta de entendimento das necessidades transversais da educação;

Apoiar as ditaduras de Saddam Husseim [entre 250 e 400 mil mortes] vendendo armas “não letais” (tanques, caças, radares) como foi comprovado por documentos desclassificados depois, em que ela se mostrava satisfeita com o negócio. A ditadura de Augusto Pinochet [40 mil mortes oficiais de civis] a quem atribuía o fato de ter “trazido a democracia para o Chile” e de quem ficou amiga pessoal nos anos 90 a ponto de recebê-lo abertamente em sua casa na Inglaterra e de criticar na imprensa a tentativa de julgá-lo pelos crimes da ditadura, considerando isso “um absurdo”. Do ditador indonésio Suharto [entre 500-1milhão de vítimas no Timor Leste, Papua e em seu país] a quem se referia abertamente como “Nosso melhor e mais estimado amigo”. Do ditador Pol Pot e o Khmer Vermelho [700 mil mortes] a quem primeiro negou de forma cínica qualquer envolvimento mas tendo que admitir publicamente em 91 depois que documentos caíram nas mãos da imprensa, comprovando que os financiava desde 1983;

Chamar publicamente os trabalhadores de baixa renda de preguiçosos e sanguessugas por dependerem de benefícios sociais, enquanto seu filho Mark vivia uma vida de playboy como corredor de carros, inclusive tendo sido resgatado após seis dias perdido no deserto durante o Rally Paris-Dakar graças aos benefícios da mamãe;

Classificar publicamente Nelson Mandela e o Congresso Nacional Africano de terroristas por lutarem pela emancipação dos negros e o fim do Apartheid. E enquanto o mundo todo fazia sanções econômicas para pressionar o fim da segregação, simplesmente se negar a boicotar o país, continuando assim a beneficiar o regime. Postura da qual o partido conservador inglês até hoje se envergonha, sendo o atual primeiro ministro David Cameron o último a se desculpar publicamente.

Afirmar publicamente que “Cada um deve ser responsável por si” para depois dar suporte ao filho Mark Thatcher que viria a ser condenado pela justiça da África do Sul por financiar uma tentativa de golpe de estado na Guiana Equatorial (chamada de Kwait Africano) em 2004, num esquema que favoreceria os ingleses na extração de petróleo local com a posse do futuro ditador. Mark pagou uma multa de 500 mil dólares e foi beneficiado por uma sursis de quatro anos sem cerceamento da liberdade, num desses acordos judiciais onde cada um deve ser responsável por si. A não ser que você seja filho de Thatcher.

Assinar um acordo de armamentos militares em forma de aviões de caça com a Arábia Saudita conhecido como Al Yamamah que viria a se tornar um mega esquema de corrupção, com suspeitas de enriquecimento ilícito de vários conservadores, inclusive suspeitas de 20 milhões de libras desviadas para o filho Mark Thatcher numa investigação que foi depois arquivada pelo parlamento britânico sob alegação de ser mais importante manter relações amistosas com o país em vista de ataques terroristas, sendo essa posição de interesse maior da nação (do que condenar os corruptos);

Pressionar e censurar a BBC, dando-lhes a alcunha de “Bolchevic Broadcast Company” [Companhia Bolchevique de Comunicação] por estes recusarem adesão a seu endeusamento junto aos jornais conservadores e por insistirem em fazer uma cobertura neutra sobre os conflitos na Irlanda do Norte;

Instituir a Cláusula 28 que impedia o ensinamento de tolerância e luta contra homofobia nas escolas inglesas sob a alegação de “promoção da homossexualidade”, em ato institucional que hoje até seus maiores incentivadores como Michael Howard, Francis Maude e o atual primeiro ministro David Cameron, consideram publicamente “um erro e um ato vergonhoso que merece pedidos de desculpas”.

Dar a ordem de bombardear o navio Belgrano na guerra das Malvinas, quando os argentinos já estavam voltando para casa e fora da Zona de Combate, resultando na morte de mais de 300 pessoas;

Aprovar a taxação sobre serviços públicos mesmo com apenas 12% de aprovação popular, fazendo com que os ricos acabassem pagando menos e os trabalhadores de baixa renda pagando mais, resultando em seu declínio e renúncia.

A lista é tão grande que nem cabe num post já tão enorme. Daria um dia só pra falar de como ela acabou com os sindicatos e fodeu com a vida de todos os mineiros do reino unido.

Mas destaco também algumas frases emblemáticas que demonstram a doença mental que acometia essa senhora. Tais como:

"Um mundo sem armas nucleares seria menos estável e muito mais perigoso para todos nós". [30 de Março de 1987, banquete no Kremlin].

"Você não mente de propósito, mas às vezes tem que ser evasiva."

“Não existe esse negócio de Sociedade.”

“Mas é uma afronta ao senso comum, bem como uma caricatura de justiça, manter a posição de que um chefe de governo deva aceitar automaticamente a responsabilidade penal por tudo o que é feito enquanto está no poder.”

[6 de Outubro de 1999 em entrevista a BBC, ao defender o ditador Augusto Pinochet e sua não responsabilidade nas mais de 40 mil mortes tidas como oficiais durante seu regime ditatorial]

Há quem diga que essas frases e os atos descritos acima são demonstrativos de uma grande pessoa e líder.

Num contexto mais mundano, pessoas com essa visão de mundo estão presas como párias sociais e tidas como monstros nas cadeias mundo afora. No poder, no entanto, livremente atuam e ainda recebem aplausos de pessoas com a mesma inclinação.


Tatcher defendendo Pinochet (link);


Corte ao leite (link);

Acordo de armas criminoso envolvendo seu filho Mark (link);

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