Pesquisadores do Rio de Janeiro produziram uma substância que promete um tratamento mais eficaz e menos penoso contra o câncer. Os testes já foram feitos em células doentes, mas ainda não começaram em seres humanos.
A substância que atraiu os pesquisadores é produzida pelo ipê, árvore nativa do Brasil e abundante por aqui. O lapachol já tinha sido usado no tratamento de pacientes com câncer na década de 70, mas gerou vários efeitos colaterais.
Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criaram agora uma nova substância em laboratório. Aproveitaram parte da composição do lapachol e de uma outra substância, extraída de uma planta do Canadá.
“O nosso objetivo foi aproveitar o que havia de melhor em cada uma dessas estruturas e produzir uma nova substância que matasse as células cancerígenas e não apresentasse efeito tóxico significativo nos pacientes”, explica Paulo Roberto Ribeiro Costa, coordenador da pesquisa.
Os primeiros resultados foram positivos: a substância sintetizada foi testada em células de leucemia e câncer de pulmão de laboratório, que foram destruídas em três dias.
Depois, o teste foi feito em camundongos sadios para verificar se eles apresentariam efeitos colaterais. Os animais não tiveram queda de pêlo, nem perda de peso, o que é comum em quimioterapias.
O passo seguinte foi definitivo para a pesquisa. A substância criada no laboratório foi aplicada em células retiradas de dez pacientes com leucemia do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Esses pacientes não respondiam mais ao medicamento considerado de ponta no tratamento da doença. A nova substância matou as células cancerígenas.
Agora, os estudos estão sendo feitos em camundongos doentes. Daqui a dois ou três anos, o objetivo é começar a testar a substância em seres humanos.
“Esses resultados trazem uma esperança muito grande mesmo para pacientes em estágios avançados do câncer”, destaca o biomédico Eduardo Salustiano, da UFRJ.
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