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sábado, 31 de agosto de 2013

Por que não doar para o Criança Esperança



Todo mês de agosto é a mesma coisa: o Renato Aragão faz cara de bom moço, um monte de artistas da Globo vão fazer um show coletivo e a emissora fica umas duas semanas falando de dois em dois minutos os telefones para doar 10, 20 ou 40 reais. Tudo muito bonito, na teoria. O dinheiro é doado para a UNESCO, que repassa para um monte de entidades. Todos ficam felizes, a Rede Globo fica com uma imagem positiva perante a sociedade e alguns projetos são ajudados. Aparentemente, está tudo bem.

Mas, então, por que doar para o Criança Esperança é errado?

1) Falta de transparência no repasse dos recursos: por mais que a Rede Globo mostre como a sua doação chega à UNESCO e depois é repassada às entidades cadastradas, não há informações detalhadas de como isso acontece. A própria prestação de contas do projeto não discrimina os valores que foram encaminhados para cada entidade.

Não é, obviamente, o caso de acreditar em conspirações que dizem que a Rede Globo desvia o dinheiro arrecadado. Mas ficam algumas perguntas no ar. Um exemplo: de acordo com a própria Rede Globo, foi arrecadado um total de R$ 17.762.610,91 ano passado, e, de acordo com a própria prestação de contas do projeto, foi investido o total de R$ 17.263.278,00. Onde estão os R$ 499.392,91 restantes?

2) Excesso de burocracia: se você olhar a lista dos projetos apoiados no último ano, vai ver coisas muito interessantes: orquestras, projetos em favelas, projetos contra violência doméstica, bastante coisa legal. Além disso, 86 projetos foram beneficiados, 56 deles com mais de R$ 100 mil. Só que, ao ver a convocatória para os projetos, os requisitos são:


- Ser legalmente constituída no País (ter personalidade jurídica);
− Ter no mínimo três anos de fundação e atuação;
− Ter experiência na área temática proposta;
- Estar inscrita no Conselho Municipal e/ou Estadual e/ou Nacional de sua área de atuação (conselhos de Assistência Social, conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, conselhos de Educação, conselhos de Saúde); e
− Apresentar contrapartida para o desenvolvimento do projeto.

Isso limita bastante o número de projetos “apoiáveis”, apesar de ser um mecanismo compreensível para evitar fraudes. Mas o que mais atrapalha é justamente o fato de que deve haver todo um processo de seleção de projetos em entidades consolidadas para que a Rede Globo repasse o dinheiro (lembre-se, não sabemos critérios e valores por entidade) à Unesco e, depois, da Unesco, esse dinheiro seja repassado às entidades. Se as pessoas fizessem as doações diretamente às entidades (que são pessoas jurídicas e tem contas para receber tais doações) todo esse processo seria evitado.

3) Excessiva fragmentação e doação sem saber a destinação do dinheiro: as pessoas leigas acham que Criança Esperança e Teleton são “a mesma coisa”. Não são. No Teleton você tem uma única entidade beneficiada (A AACD), uma meta de doações (R$ 26 milhões, em 2013) e um projeto prévio, que normalmente é a construção de um novo hospital para o público-alvo da AACD (crianças com necessidades especiais). Tudo com um foco e um objetivo específico.

No Criança Esperança não é assim: você não sabe as entidades que serão beneficiadas quando faz a doação. Nem mesmo quantas entidades serão beneficiadas. São dezenas de projetos pontuais, e a auditoria do que é feito com o valor é muito mais difícil. A excessiva fragmentação, além de favorecer a corrupção, acaba privilegiando os projetos de curto prazo, uma vez que o cadastramento de entidades apoiadas é anual e a entidade nunca sabe se o seu projeto será apoiado no ano seguinte.

4) Disseminação da cultura de filantropia na classe média, e não na classe alta: hoje o termo “filantropia” se confunde com o termo “caridade” e abrange diversas organizações religiosas. Mas em sua origem como “política ordenada de doações”, no Império Romano, no século IV, era um termo pagão utilizado para “concorrer” com a caridade praticada pelos cristãos.

A filantropia moderna, por sua vez, não deixou o caráter de “política ordenada de doações”. Mas, no Brasil, sempre se confundiu com o próprio termo “caridade”. De acordo comSilvana Maria Escorzim:


Historicamente no Brasil as ações filantrópicas estiveram arraigadas à concepção caritativa de ajuda ao próximo sob o prisma da moral cristã, na qual há o reconhecimento do valor da pobreza como redentora dos pecados.

Essa mentalidade religiosa de ajuda ao próximo foi decisiva para definir o caráter da filantropia no Brasil. As doações no Brasil são feitas, em sua maioria, pela classe média. Muitas delas de maneira informal. E a maioria das doações se divide em dois tipos: as que são feitas para instituições religiosas e as que são feitas para projetos como o Criança Esperança.

E aí é que está o problema. Programas como o Criança Esperança ajudam a eternizar o brasileiro de classe média como ator principal da filantropia no país. Ao contrário do que ocorre nos EUA, por exemplo, em que empresários são responsáveis pela maior parte do volume de doações para filantropia – e em geral para instituições específicas, como universidades.

Existem outras questões que agravam o quadro, como a burocracia para doações às universidades no Brasil e a ingerência, nos projetos, de empresários que investem no terceiro setor em busca de resultados rápidos. Mas o fato é que o Criança Esperança, como órgão da Rede Globo associado à UNESCO, só contribui para difundir no Brasil essa cultura de que quem tem que fazer filantropia é a classe média, e não os ricos.

Observação: não é que os ricos norte-americanos sejam bondosos. A filantropia tem motivos muito específicos por lá. Rockefeller e Carnegie passaram as últimas décadas de vida praticando filantropia para tentarem recuperar suas imagens, desgastadas pelo rótulo de empresários monopolistas. Filantropia, em geral, é uma forma das empresas e empresários melhorarem suas imagens com a sociedade.

Além disso, há uma diferença tributária importante. Enquanto no Brasil a taxa de inventário sobre o patrimônio, quando alguém morre, é de 4%, nos EUA essa taxa chega a 50%, podendo ser abatida por doações. A taxação de fortunas no ato da herança, além de impedir a eternização de aristocracias, é um poderoso instrumento de incentivo às ações de filantropia por parte das classes mais altas (mas o projeto do Imposto sobre Grandes Fortunas, previsto na Constituição de 1988, segue sem nem ter sido apresentado no Congresso)

5) Não é caridade, é marketing: Rockefeller, além de um grande filantropo, foi o inventor das Assessorias de Imprensa (que hoje empregam 68% dos jornalistas do Brasil). E tudo isso tinha um grande abjetivo, além de “fazer o bem para o próximo”: melhorar sua imagem, corroída por políticas monopolistas detratórias, junto à sociedade.

Com a Rede Globo também é assim. Da mesma forma que ocorre com a grande maioria das empresas que fazem trabalhos de filantropia ou de “responsabilidade social”: em geral, são apenas iniciativas para melhorar a imagem dessas empresas ou desses capitalistas. Você vê a preocupação social sobrepujar o interesse empresarial apenas em alguns poucos casos, como, por exemplo, o da Fundação Bill & Melinda Gates, que é a maior fundação de caridade do mundo, atualmente, e faz questão de se manter institucionalmente separada da Microsoft, empresa controlada por Bill Gates.

Portanto, quando você está doando para o Criança Esperança, só está contribuindo para que a Rede Globo mantenha uma imagem institucional positiva perante a sociedade. E é basicamente para isso que a emissora faz uma campanha tão intensa.

Conclusão

Quer fazer uma doação de R$ 10, 20 ou 40? Faça para uma instituição que você conhece, e não para uma empresa que está fazendo um show beneficente e cobra ingressos de R$ 40 nele. Ou, senão, faça melhor: doe para um morador de rua. Ele certamente ficará mais grato e fará um uso melhor. Vamos parar com esse preconceito de “ah, eu só dou comida para moradores de rua, dinheiro nunca, vai saber o que ele vai comprar”. Quando você dá algo para alguém não a maior mesquinhez possível é tentar decidir o que a pessoa deve fazer com aquilo.

Não é que a filantropia seja errada. Pelo contrário, ela deve sempre ser feita. O próprio Teleton é um projeto louvável. Só que o Criança Esperança incorpora um monte de atitudes condenáveis sem dar o devido retorno para a sociedade. Quer doar? Tem um monte de entidades filantrópicas por aí, e a grande maioria delas precisa de sua doação mais do que o show apresentado pelo Renato Aragão.


Fonte

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

VOO CONTRA O CÂNCER - Ajudando a divulgar



Precisa-se de aviões
para a guerra
contra o câncer.
Alguma companhia

aérea se candidata?

Rápidos, cômodos e seguros, os aviões são usados em viagens a lazer, para visitar parentes, fazer compras, reencontrar os amigos. Mas poderiam ser utilizados por um motivo ainda mais especial: salvar vidas.

Em Barretos, interior de São Paulo, está o maior e mais avançado hospital oncológico da América Latina e o único IRCAD das Américas(Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica).

Estamos falando do Hospital de Câncer de Barretos, que atende, diariamente, via SUS, 4.000 pacientes vindos de todos os 27 estados do país. Pessoas que viajam horas e até dias para terem acesso ao que há de mais moderno em tratamento no mundo. Sendo que, a apenas 8 km do hospital, existe um aeroporto prontinho, com uma pista maior do que a do Santos Dumont (RJ), só que sem voos comerciais.

Ou seja: não faltam passageiros, não falta infraestrutura, só falta o avião.

Ajude a espalhar esse projeto e convencer as companhias aéreas a criarem um voo para Barretos.

FONTE: http://www.voocontraocancer.com.br/


Vi no blog da Victória Parente

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ofensas a "médicos cubanos" expõem o pior do Brasil

Botafogo 2 x 2 Atlético-MG; Botafogo classificado para as quartas-de-final da Copa do Brasil






Ontem o Botafogo mostrou o que é jogar com vontade, com respeito à camisa do Glorioso. Grande partida do Rafael Marques, correndo o campo todo e marcando um gol decisivo. Ótima partida também do Júlio César na lateral esquerda, grande partida do Dória e não poderia esquecer das grandes defesas do Jéfferson. Mais uma vez Oswaldo de Oliveira mostrou que sabe armar time com variação de jogadas e que o time pode sim ir longe, independente de quem saiu do elenco ou desfalcado.
O grupo está mesmo fechado e calou a boca dos detratores.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Porque os médicos cubanos não são "escravos"

Parece até meio óbvio explicar este tipo de coisa, mas como tem gente repetindo isto, por falta de informação ou má-fé, melhor fazer esta publicação:



Brasil 247
Parece que o último argumento contra a contratação dos médicos cubanos é a remuneração que vão receber. Pois é ridículo, quando prevalecem fatos, indicadores internacionais e números, falar mal do sistema de saúde e da qualidade dos médicos de Cuba. A revalidação de diploma também não é argumento, pois os médicos estrangeiros trabalharão em atividades definidas e por tempo determinado, nos termos do programa do governo federal. Não tem o menor sentido, também, dizer que os cubanos não se entenderão com os brasileiros por causa da língua – primeiro, porque vários deles falam o português e o portunhol, segundo porque os médicos cubanos estão acostumados a trabalhar em países em que a lingua falada é o inglês, o francês, o português e dialetos africanos, e nunca isso foi entrave.
Resta, assim, a forma de contratação e, mais uma vez sem medo do ridículo, falam até de trabalho escravo. Essa restrição também não tem procedência, nem por argumentos morais ou éticos (e em boa parte hipócritas), nem com base na legislação brasileira e internacional. Vamos a duas situações hipotéticas, embora ocorram rotineiramente.

1 – Uma empreiteira brasileira é contratada por um governo de país europeu para uma obra. Essa empreiteira vai receber euros por esse trabalho e levar àquele país, por tempo determinado, alguns engenheiros, geólogos, operários especializados e funcionários administrativos, todos eles empregados na empreiteira no Brasil. Encerrado o contrato no país europeu, todos voltarão ao Brasil com seus empregos assegurados. Quem vai definir a remuneração desses empregados da empreiteira e pagá-los, ela ou o governo do país europeu? É óbvio que é a empreiteira.

2 – Os governos do Brasil e de um país africano assinam um acordo para que uma empresa estatal brasileira envie profissionais de seu quadro àquele país para dar assistência técnica a pequenos agricultores. O governo brasileiro será remunerado em dólares pelo governo africano. A estatal brasileira designará alguns de seus funcionários para residir e trabalhar temporariamente no país africano. Quem vai definir a remuneração dos servidores da empresa estatal brasileira e lhes fará o pagamento, a estatal brasileira ou o governo do país africano? É óbvio que é a empresa estatal brasileira.

Por que, então, tem de ser diferente com os médicos cubanos? Eles não estão vindo para o Brasil como pessoas físicas, nem estão desempregados. São servidores públicos do governo de Cuba, trabalham para o Estado e por ele são remunerados. Quando termina a missão no Brasil (ou em qualquer outros dos mais de 60 países em que trabalham), voltam para Cuba e para seus empregos públicos.

Não teria o menor sentido, assim, que esses médicos, formados em Cuba e servidores públicos cubanos, fossem cedidos pelo governo de Cuba para trabalhar no Brasil como se fossem pessoas físicas sendo contratadas. Para isso, eles teriam de deixar seus postos no governo de Cuba. Como não faria sentido que os empregados da empreiteira contratada na Europa ou da estatal contratada na África assinassem contratos e fossem remunerados diretamente pelos governos desses países. Trata-se de uma prestação de serviços por parte de Cuba, feita, como é natural, por profissionais dos quadros de saúde daquele país.

A outra crítica é quanto à remuneração dos médicos cubanos. Embora menor do que a que receberão os brasileiros e estrangeiros contratados como pessoas físicas, está dentro dos padrões de Cuba e não discrepa substancialmente do que recebem seus colegas que trabalham no arquipélago. É mais, mas não muito mais. Não tem o menor sentido, na realidade cubana, que um médico de seus serviços de saúde, trabalhando em outro país, receba R$ 10 mil mensais. E, embora os críticos não aceitem, há em Cuba uma clara aceitação, pela população, de que os recursos obtidos pela exportação de bens e serviços (entre os quais o turismo e os serviços de educação e saúde) sejam revertidos a todos, e não a uma minoria. O que Cuba ganha com suas exportações de bens e serviços, depois de pagar aos trabalhadores envolvidos, não vai para pessoas físicas, vai para o Estado.

A possibilidade de ganhar bem mais é que faz com que alguns médicos cubanos prefiram deixar Cuba e trabalhar em outros países como pessoas físicas. É normal que isso aconteça, em Cuba ou em qualquer país (não estamos recebendo portugueses e espanhóis?) e em qualquer atividade (quantos latino-americanos buscam emigrar para países mais desenvolvidos?). Como é normal que muitos dos médicos cubanos aprovem o sistema socialista em que vivem e se disponham a cumprir as “missões internacionalistas” em qualquer parte do mundo, independentemente de qual é o salário. Para eles, a medicina se caracteriza pelo humanismo e pela solidariedade, e não pelo lucro.

É difícil entender isso pelos que aceitam passivamente, aprovam ou se beneficiam da privatização e da mercantilização da medicina e da assistência à saúde no Brasil.

Veja já elogiou vinda de médicos cubanos, em 1999


Matéria de 1999, quando médicos cubanos foram atender no estado do Tocantins. A matéria tinha um tom elogioso e não chamava Fidel Castro de "Ditador".

sábado, 24 de agosto de 2013

Telexfree opera de forma clandestina, diz Anatel

A TelexFree tem se envolvido em muitas problemas nos últimos meses e nesta sexta-feira, 23, recebeu mais uma notícia ruim. A empresa está sendo processada pela Anatel por não ter autorização para oferecer serviços de VoIP.

Segundo a organização, qualquer empresa é livre para realizar chamadas de voz pela internet entre dois computadores. Contudo, quando a ligação é entre um computador e uma linha telefônica, é necessário existir alguma interconexão com uma operadora de telefonia. Para isso, a chancela da agência é necessária.

Segundo o UOL Economia, a empresa foi multada em R$ 4 mil e segue sem autorização para funcionar.

Para quem não conhece, a TelexFree é uma companhia que vende um serviço de VoIP, como o Skype. Contudo, segundo a justiça, o serviço é pouco utilizado e a verdadeira renda é gerada com a inclusão de novos associados, o que caracteriza uma pirâmide financeira, prática ilegal no Brasil.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Médicos cubanos: pode criticar, mas não é trabalho escravo

Leonardo Sakamoto

Se considerarmos que a condição dos médicos cubanos que estão sendo trazidos ao Brasil é de trabalho escravo contemporâneo, como querem fazer crer alguns contrários ao programa Mais Médicos, também teremos que incluir nessa conta milhões de trabalhadores do agronegócio, da construção civil, dos serviços que recebem salários abaixo do piso ou do mercado. O governo cubano deve receber os recursos das bolsas de r$ 10 mil e repassar parte delas aos seus médicos no Brasil.

Renato Bignami, responsável pela fiscalização de casos de escravidão em São Paulo, analisa que, a princípio, os elementos do novo programa do governo federal não caracterizam trabalho análogo ao de escravo. Se considerarmos que configuram a priori, parte do trabalho no Brasil seria escravo. Ou seja, um desconhecimento do artigo 149 do Código Penal, que trata do tema, e da jurisprudência em torno dele.

E os fiscais do trabalho já viram muita gente, inclusive escravos envolvidos em processos do próprio governo federal, como na produção de coletes para recenseadores do IBGE, em obras do Minha Casa, Minha Vida, do Programa de Aceleração do Crescimento, do Luz para Todos…

Ganhar pouco ou mesmo estar em condições precárias de trabalho são coisas diferentes de trabalho escravo. Estampar algo como “trabalho escravo” pode ser útil para dar notoriedade a um argumento, uma vez que é um tema grave e que gera repulsa por parte da sociedade. Mas, por isso mesmo, deve-se tomar muito cuidado ao divulgá-lo, que é o que os jornalistas que cobrem o tema tentam fazer o tempo todo. Saibam que muita coisa fica de fora porque não se sustenta.

De acordo com o artigo 149, são elementos que determinam trabalho análogo ao de escravo: condições degradantes de trabalho (aquelas que excluem o trabalhador de sua dignidade), jornada exaustiva (que impede o trabalhador de se recuperar fisicamente e ter uma vida social), trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas) e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele).

Não espero que o corporativismo tacanho de alguns representantes de associações médicas entendam isso. Mas o cidadão comum, sim, precisa compreender a diferença.

Uma coisa é a política pública em si, de levar médicos estrangeiros ao interior do Brasil em áreas carentes, que – a meu ver – está correta. Outra é deixar de garantir direitos a grupos de trabalhadores, nacionais ou estrangeiros, o que não pode ser aceito.

Se a lei que sair do Congresso Nacional sobre essa política pública, oriunda da análise da medida provisória encaminhada pelo governo, retirar direitos, ela será inconstitucional. Pois mesmo se o regime de trabalho proposto pela MP for excepcional, ele precisa obedecer à Constituição. Caso contrário, vai naufragar. Simples assim.

Essa adaptação vai acabar ocorrendo via controle de constitucionalidade abstrata, pela Procuradoria Geral da República ou pela Procuradoria Geral do Trabalho, ou via milhares de ações individuais por parte dos próprios médicos envolvidos.

Ao mesmo tempo, é fundamental o Ministério Público do Trabalho monitore qualquer irregularidade que prejudique o trabalhador, fazendo com que o governo respeite a Constituição Federal (principalmente o artigo 7o, que versa sobre os direitos dos trabalhadores), as convenções da Organização Internacional do Trabalho e os tratados de direitos humanos dos quais o país é signatário. Prevenir é melhor que remediar.

“Acho difícil acreditar que a Organização Pan-Americana de Saúde validaria uma experiência com mão de obra escrava”, pondera José Guerra, secretário-executivo da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, vinculado à Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, lembrando que a vinda de médicos tem a parceira da Opas.

Marcus Barberino, juiz do trabalho da 15a Região e um dos maiores especialistas jurídicos em trabalho escravo contemporâneo, concorda que não é possível afirmar que o programa incorre em escravidão contemporânea. E que é preciso ter muito cuidado com o conceito. ”A proteção contra tratamentos discriminatórios ao trabalho é de âmbito constitucional e não permite tratamento distinto quanto aos direitos fundamentais. Fora da moldura constitucional, todo programa público será revisto pelo Judiciário naquilo que confrontar com a Constituição, que corresponde ao piso civilizatório universal”, afirma.

Como já disse aqui, a gente perde os cabelos, há anos, tentando fazer a bancada ruralista no Congresso Nacional entender que trabalho escravo contemporâneo não é qualquer coisa, como falta de azulejo no banheiro ou salário baixo, mas um pacote de condições que configura uma gravíssima violação aos direitos humanos. E, de repente, pessoas que desconhecem o tema usam-no em proveito próprio.

Como disse um médico amigo meu que conhece bem a fronteira agrícola amazônica e lá trabalhou: se esse povo todo que fala essas groselhas conhecesse o que é trabalho escravo de verdade ou, pelo menos, a realidade dos trabalhadores rurais do interior do país, não teria coragem de fazer esse paralelo absurdo.

Acima de tudo, isso é falta de contato com a realidade e de respeito com quem realmente está nessas condições e precisa ser resgatado para ter sua liberdade ou dignidade de volta.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Automóveis: A carga tributária caiu e o preço do carro subiu






O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool.

Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool.

Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu: o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o imposto também caiu: 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.

Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento.

Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor.

As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência fora-de-estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.





Correio do Estado


terça-feira, 20 de agosto de 2013

"Alienígenas do passado"

Venda de Órgãos

Tecnologia faz eletrônicos funcionarem sem bateria










Um novo sistema de comunicação sem fio faz com que dispositivos eletrônicos funcionem sem depender de baterias. A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA.

A técnica, batizada de “ambient backscatter”, faz com que os aparelhos captem sinais de televisão e rádio – que nos rodeiam o tempo todo – e converta-os em energia elétrica. A novidade funciona sozinha, dispensando qualquer tipo de intervenção.

A inovação promete dar um passo rumo à concretização da “internet das coisas” e ainda pode se tornar essencial para o sucesso das chamadas “tecnologias vestíveis”, como relógios inteligentes.

A pesquisa foi divulgada em conferência em Hong Kong. Os desenvolvedores afirmam que já testaram a tecnologia com protótipos do tamanho de um cartão de crédito e obtiveram relativo sucesso.

Nos testes, os dispositivos foram posicionados a aproximadamente 10 km de torres de TV e conseguiram comunicar-se entre si sem baterias. As informações eram enviada a uma velocidade de 1 kilobit por segundo – suficiente para realizar pequenas tarefas, como envio d mensagens e emails.

Olhar Digital

domingo, 18 de agosto de 2013

Botafogo 3 x 1 Portuguesa, no Canindé (SP)














Foto: Aurelio Moraes






O Botafogo esteve irreconhecível no primeiro tempo, muito afobado e errando tudo. Só  Vitinho estava jogando bem.  Seedorf mesmo jogando mal orienta toda a equipe, canta as pedras de todas as jogadas. Lodeiro mal também. No segundo tempo, o gol impedido da Portuguesa acordou o alvinegro. Bolívar estava em uma tarde aguerrida e quando fez o primeiro gol foi comemorar com a torcida. Depois, um empate imbecil e os belos tentos de Rafael Marques e Elias.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Brasileiros desenvolvem coração artificial implantável e mais barato



Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia desenvolveram o primeiro protótipo brasileiro de coração artificial totalmente implantável. O dispositivo é indicado para pacientes com insuficiência cardíaca, problema que afeta cerca de 6,5 milhões de pessoas no País e mata em torno de 25 mil todos os anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).



O objetivo do equipamento, que ainda não foi testado em humanos, não é substituir o coração e sim auxiliá-lo no bombeamento de sangue enquanto o paciente aguarda um órgão para transplante. Os primeiros experimentos realizados com bezerros apresentaram bons resultados. "Em países desenvolvidos já existem modelos de coração artificial totalmente implantáveis, mas o custo de importação é elevado – mais de R$ 200 mil – e poucos têm acesso. Nossa ideia é desenvolver uma versão nacional que custe em torno de R$10 mil", contou José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica (Poli) da USP e coordenador da pesquisa financiada pela Fapesp.



Segundo Cardoso, há outros modelos de coração artificial desenvolvidos no Brasil, no Instituto do Coração (Incor) da USP e até mesmo no próprio Dante Pazzanese. Mas são todos equipamentos extracorpóreos. Nesses casos, tubos saem do corpo do paciente e ficam ligados a uma maleta, onde está a bomba e a bateria. "O paciente precisa carregar essa maleta para todo lado e o equipamento fica em contato com o ambiente. Além do incômodo, o grande problema é o risco de infecção", disse Cardoso.



O novo protótipo implantável começou a ser desenvolvido em 2006. A bomba foi feita no Departamento de Engenharia Mecatrônica da Poli e os motores elétricos e circuitos que controlam seu funcionamento foram criados no Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado, coordenado por Cardoso. A parte médica e os ensaios com animais ficaram sob a responsabilidade da equipe do Dante Pazzanese, instituto vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. "A maioria dos modelos existentes no exterior usa bombas do tipo axial, em que o sangue entra por um lado de um tubo e sai pelo outro. Nós optamos por uma bomba do tipo radial, em que o sangue entra pelo centro do cilindro e sai pela lateral", contou Cardoso.



A vantagem, segundo o pesquisador, é que a bomba radial funciona com uma rotação menor. Além de diminuir o ruído – algo importante a se considerar em um dispositivo que fica dentro do corpo –, a agressão ao sangue durante o bombeamento também é menor.



Dois tipos de problemas são mais preocupantes quando o sangue é pressionado de forma exagerada: a liberação excessiva de hemoglobina pelos glóbulos vermelhos, o que poderia intoxicar os rins e o fígado, e a ativação das plaquetas, elevando o risco de trombose. Por esse motivo, um dos grandes desafios dos pesquisadores é prever o comportamento do sangue em função da pressão da bomba, explicou Cardoso. "O sangue é um fluido muito difícil de modelar, pois é composto de partes líquidas e sólidas e, quando você pressiona, ele diminui de volume. É diferente da água, que sempre mantém o volume constante. Fazemos simulações por meio de ferramentas computacionais e experiências em bancada para verificar se a distribuição está ocorrendo na velocidade prevista e se não há pontos de estrangulamento", explica.



Como funciona
​A bomba foi idealizada para ser implantada em uma cavidade próxima ao coração. Tem formato de cone e o tamanho aproximado de uma laranja. Os pesquisadores pretendem aperfeiçoar o dispositivo e torná-lo ainda menor.



A equipe contou com a consultoria do cardiologista Adib Jatene, diretor do Hospital do Coração, na definição da forma ideal da bomba e o local mais adequado para implantá-la.



Também fazem parte do dispositivo uma caixa, que abriga o circuito eletrônico e fica perto da bomba, e uma bobina, que fica próxima à pele e serve para recarregar o aparelho.



"Outro grande desafio para fazer um dispositivo implantável é encontrar uma boa maneira de carregá-lo. Nós desenvolvemos um método que funciona por indução, ou seja, uma bobina é colocada em cima da pele e fazemos passar um corrente por ela. Isso produz um campo magnético que induz a corrente para a bobina interna e carrega a bateria", diz Cardoso.



Os cientistas estimam que a bateria teria de ser carregada diariamente, mas o processo levaria apenas 40 minutos aproximadamente. O paciente levaria consigo um carregador pequeno, ligaria em uma tomada e colocaria a bobina embaixo da camisa. O método mostrou bons resultados nos testes feitos em laboratório, em que os cientistas usaram uma camada de água para simular as características da pele. Mas Cardoso alerta que novos experimentos precisam ser realizados in vivo para ter certeza de que a corrente elétrica usada não vai lesionar os tecidos.



Já o funcionamento da bomba foi avaliado em testes com bezerros, contou o pesquisador. "Mas, até o momento, deixamos o equipamento do lado de fora do corpo dos animais para poder avaliar se o volume de sangue bombeado estava adequado e se a pressão estava correta. Agora vamos fazer novos experimentos com o equipamento implantado e precisaremos deixar alguns fios de fora para fazer as medições", disse.



Nesta segunda etapa da pesquisa que se inicia, contou Cardoso, a meta é transformar o protótipo em um produto capaz de competir com os modelos existentes no exterior. "Além do funcionamento, precisamos avaliar outros parâmetros, como aquecimento, ruído e ajustar o circuito impresso para reduzir ainda mais o tamanho. Existe uma série de problemas de natureza mecânica e elétrica que ainda precisam ser estudados para se chegar ao tamanho mínimo", afirma Cardoso.



Os experimentos feitos até o momento já deram origem a cerca de 50 artigos publicados em revistas científicas e apresentados em congressos.


Terra

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Qual o sentido de agredir jornalistas da Globo?



Funcionários de qualquer veículo de comunicação não definem a linha editorial do mesmo. No caso da Globo, quem define são os filhos do Roberto Marinho, que são os donos da emissora. Agredir jornalistas, tacar qualquer coisa, quebrar veículo da emissora..nada disso vai mudar a linha editorial da mesma. E é simples: Não gosta? Não assista. Mas seja coerente: Não consuma nenhum produto daquele conglomerado de comunicação, pois se você acha a Globo manipuladora mas assina NET, você está financiando a linha editorial a qual você condena.
Lembre também que atualmente, todas as emissoras têm o viés editorial que lhe interessam, tão "manipuladores" quanto o da Globo. Lembre também que até páginas de Facebook podem dar notícias de forma distorcida e manipulada.




Eu assisto qualquer canal, mas sei formar meu senso crítico, para filtrar o que concordo e o que discordo. Brigar com jornalista por causa da linha editorial da emissora é coisa de gente sem educação e sem capacidade mental para formar seu próprio senso crítico. Coisa de gente que quer tudo "mastigado".

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Empresas que prestam serviço para a Petrobras não querem contratar mulheres



Veja na matéria do jornal "O Vale" de hoje:

"Cerca de 30 empresas prestadoras de serviço para a Petrobras contratarão 452 trabalhadores para a manutenção da Revap (Refinaria Henrique Lage), em São José dos Campos.
Só serão aceitos homens com mais de 18 anos e com experiência mínima de seis meses em refinaria".


Qual o problema das empresas com as mulheres? Cada vez mais representantes do sexo feminino trabalham como encanadoras, eletricistas, soldadoras e em outras funções realizadas em campos de obras. É mais do que o caso para o Ministério Público Federal autuar, multar e obrigar as empresas a contratarem mulheres também, que em alguns casos podem ter mais experiência que homens candidatos à vaga. É inadmissível no século XXI preconceito de gênero ou de raça para qualquer tipo de função.

Pior ainda porque são empresas recebendo dinheiro público, de uma estatal que tem uma presidenta e um governo federal também comandado por uma mulher.


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Mulheres conquistam espaço nos canteiros de obras

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

MPT quer que Samsung conceda pausas a trabalhadores



Além de exigir uma indenização mínima de R$ 250 milhões, a Ação Civil Pública (ACP) movida na última sexta-feira (10) contra a Samsung pela Procuradoria Regional do Trabalho da 11ª Região do Ministério Público do Trabalho (MPT) também requer que a multinacional sul-coreana arque com os gastos do tratamento médico dos empregados com doenças ocupacionais e implemente mudanças na linha de montagem de sua fábrica na Zona Franca de Manaus. De acordo com a ação, somente em 2012 foram registrados 2.018 pedidos de afastamento de até 15 dias por problemas de saúde, como tendinite e bursite, além de outros distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (os chamados DORT). A Samsung emprega ao todo cerca de 5.600 pessoas na fábrica.




Dentre os pedidos da ACP, figuram a redução do ritmo de trabalho, já que os funcionários da fábrica realizam até três vezes mais movimentos por minuto do que o limite considerado seguro, segundo auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os procuradores também exigem a limitação de horas-extras – a fiscalização encontrou empregados que trabalham até 15 horas por turno e até mesmo um funcionário que acumulou 27 dias de trabalho, sem folga.

Uma das principais exigências do MPT é a concessão de “pausas para recuperação de fadiga” de 10 minutos após cada período de 50 minutos de serviço – como prevê a Norma Regulamentadora (NR) 17 do MTE, que trata especificamente de questões de ergonomia. “O problema sério é de ergonomia: postos de trabalho irregulares, ritmo muito estressante. A nossa expectativa é que o judiciário conceda pausas como forma de atenuar o desgaste que é inerente a esse tipo de atividade da linha de produção”, afirma Ilan Fonseca, outro procurador do MPT que assina a ação.




Atualmente, quem trabalha na linha de montagem de celulares da Samsung, por exemplo, faz uma ginástica laboral de cinco minutos antes do início do expediente. E, ao longo do turno, tem apenas duas pausas de dez minutos para ir ao banheiro e tomar água – uma de manhã e outra à tarde.

O MPT ainda exige que as máquinas de ponto eletrônico – que registram o início e o fim da jornada – sejam instaladas na portaria da fábrica. Atualmente, o tempo gasto pelo funcionário para percorrer o trajeto entre a entrada da indústria e o seu posto de trabalho (onde ele de fato bate o ponto) não é computado, o que gera um prejuízo salarial ao trabalhador que é ilegal, segundo o MPT.




Terceirização irregular
Outro problema que chama a atenção das autoridades é a contratação de trabalhadores terceirizados em regime temporário. Por lei, uma empresa até pode contratar terceirizados para trabalhar na chamada “atividade-fim” (no caso da Samsung, a fabricação de equipamentos eletrônicos). Porém, esse precedente só é aberto em situações excepcionais, como picos inesperados de demanda. “Não é o caso da Samsung. A quantidade de temporários na fábrica de Manaus é absurda. E eles trabalham na atividade-fim durante longos períodos, ininterruptamente”, afirma o procurador Ilan Fonseca.

Segundo o auditor fiscal do MTE, Rômulo Lins, além de diminuir os custos da contratação de mão de obra, a terceirização também impede que a empresa repense seu sistema produtivo, a fim de gerar menos adoecimentos.

“Se o trabalhador manifestar algum tipo de dor ou de desconforto, o que você acha que vai acontecer? Ele vai ser demitido e a empresa não vai pesquisar a causa da dor nem tentar corrigir o posto de trabalho”, explica o auditor fiscal do MTE. “É muito mais fácil demitir e rescindir o contrato do empregado: ele não vai aparecer nas estatísticas de adoecimento da empresa”, completa.[


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Linfoma: o que é e como tratar



O sistema linfático é responsável pela defesa do organismo. Ele é composto por órgãos, vasos, tecidos linfáticos e linfonodos (popularmente conhecidos como ínguas) que se distribuem em posições estratégicas do corpo para ajudar a defendê-lo de infecções. Quando uma célula normal desse sistema se transforma, cresce de maneira desordenada e dissemina-se pelo organismo, temos o surgimento de um câncer: o linfoma.

Os diversos tipos de linfomas têm comportamento e graus de agressividade diferentes. Eles podem ser divididos em dois grandes grupos: linfoma de Hodgkin e linfoma de não-Hodgkin. O primeiro ocorre em um tipo de célula linfoide conhecido como célula de Reed-Sternberge; o segundo é mais comum e pode surgir em outras células do sistema linfático.

Causas e Diagnóstico – Apesar de não ter causa conhecida, alguns linfomas estão relacionados a infecções crônicas, outros podem ocorrer devido a fatores ambientais, como a exposição a produtos químicos. Por não ter causa conhecida, não há como prevenir o linfoma. O diagnóstico precoce ainda é a melhor maneira de descobrir e tratar a doença a tempo.

O primeiro sinal é a presença de ínguas, mesmo quando não há nenhuma infecção ou dor. Conhecer o corpo é importante, assim fica mais fácil identificar possíveis alterações físicas. O oncologista do Hospital de Câncer de Barretos, Gilberto Colli, lembra que quem tiver um caroço no pescoço, em baixo do braço, rápida perca de peso ou febre de origem indeterminada deve procurar um médico. “As vezes a pessoa tem um gânglio que não dá importância e pode ser um primeiro sinal do linfoma”, comenta.

Gilberto Colli explica que o linfoma pode acontecer em qualquer faixa etária, mas tem dois picos de aumento da incidência: entre a infância e a adolescência e por volta dos 40 anos. A doença é tratada com quimioterapia e ou radioterapia. “Normalmente, o paciente com uma ou duas sessões de quimioterapia já se sente muito bem. Começa a ter apetite, a recuperar peso e fica com outro astral”. Dr. Colli ressalta que boa parte dos casos é altamente curável. Mas, para que seja considerado curado é preciso que o paciente tenha finalizado o tratamento e não apresentado a doença há pelo menos cinco.

Muitos pacientes com câncer temem a quimioterapia devido à queda de cabelo causada pelo tratamento. Ainda não existem medidas preventivas, mas o oncologista explica que o cabelo não demora a crescer e nem todos precisam raspar a cabeça: “Apesar de ser um choque, pois muda a aparência, com o fim do tratamento o cabelo volta a crescer normalmente”, afirma Gilberto Colli.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O cérebro desliga na frente de um líder religioso


Hyperscience

Quando estamos na frente de uma figura que consideramos carismática, as áreas do cérebro responsáveis pela vigilância e pelo ceticismo são desligadas. Essa é a conclusão de um estudo que analisou o cérebro de pessoas quando estão na presença de alguém que afirma ter poderes divinos.

Pesquisadores da Universidade Aarhus, na Dinamarca, estudaram cristãos petencostais, que acreditam que algumas pessoas possuem poderes proféticos, de cura e de sabedoria.


Usando um aparelho de ressonância magnética os cientistas analisaram os cérebros de 20 petencostais e 20 céticos enquanto eles assistiam cultos. Apenas os devotos tiveram mudanças nas atividades cerebrais em resposta às orações.

Partes do córtex pré-frontal, que têm papel fundamental de vigilância e que conferem importância para a informação que outras pessoas nos dão, eram completamente desativadas. Quando quem estava falando não era o pastor ou outro líder religioso, a atividade cerebral dos voluntários diminuía menos.

Para os especialistas isso explica porque algumas pessoas parecem ter mais influência sobre as outras. Não está claro se isso funciona apenas para líderes religiosos, mas os cientistas acreditam que o mesmo aconteça com pessoas com ótima oratória – políticos, advogados, médicos e, até mesmo, nossos pais.

USP testará vacina anti-HIV em macacos



Cientistas da USP (Universidade de São Paulo) começarão a testar no mês que vem em macacos uma vacina de DNA contra o HIV. As cobaias, que não são capazes de contrair o vírus, servirão para avaliar a segurança do produto e sua capacidade de ativar o sistema imune.

A vacina, que vem sendo desenvolvida desde 2001, foi inspirada na bioquímica do organismo de pacientes que são mais resistentes ao vírus. Se o experimento em macacos tiver sucesso, a ideia é fazer testes de segurança em humanos, diz Edecio Cunha Neto, líder do grupo de pesquisa que criou a vacina.

A ideia, segundo ele, é aplicar a vacina em pessoas sem vírus em combinação com outra imunização que ainda venha a ser criada, porque ela não deve ser capaz de conferir proteção total sozinha.

"Ela em si não seria uma cura, seria uma forma de atenuar a doença. Em combinação com outra vacina, poderia contribuir para uma proteção completa contra o HIV."

Cunha Neto começou a desenvolver a vacina junto de Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, estudando o organismo de soropositivos cujos linfócitos T CD4 --células do sistema imune responsáveis por reconhecer os vírus-- eram capazes também de atacar o HIV com toxinas.

Pesquisando a estrutura de proteínas do vírus usadas pelas células do sistema imune no reconhecimento, os cientistas criaram um segmento de DNA que produziria esses plasmídeos --fragmentos de molécula-- ao serem injetados em células humanas. Em testes com o sangue de pacientes em tubos de ensaio, a estratégia mostrou sucesso.

"Em média, o sistema imune de cada paciente reconhecia 5 dos 18 peptídeos que nós usamos", disse Cunha Neto. Segundo o cientista, isso é requisito para que uma vacina funcione em pessoas com diferentes perfis genéticos.

FRANKENSTEIN

Desde 2006, o grupo da USP vinha realizando experimentos com a vacina de DNA em camundongos. Como roedores também não contraem o HIV naturalmente, Cunha Neto criou um parasita "frankenstein" --inserindo pedaços do HIV num vírus da família da varíola. Ao testar a vacina nos animais contaminados com essa criatura artificial, o cientista conseguiu reduzir a carga de infecção.

A próxima etapa da pesquisa será aplicar a vacina em um grupo de 24 macacos resos no Butantan e examinálos. "Queremos verificar se eles geram as células que reconhecem as partículas do vírus", diz Cunha Neto.

Se o experimento com macacos der certo, diz Kalil, será possível começar testes em humanos daqui a três anos.

Esse salto, porém, precisaria do apoio da iniciativa privada, que ainda não manifestou interesse na pesquisa.

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) diz ter investido cerca de R$ 1 milhão no projeto até agora, mas um ensaio clínico custa algo na ordem de centenas de milhões.

Para Esper Kallás, professor de imunologia clínica da USP não envolvido na pesquisa, existe espaço para o trabalho brasileiro se destacar.

"Vários estudos e já estão na fase de testes em humanos. No Brasil, ainda estamos atrás porque o volume de investimento é muito baixo."

Segundo Kalil, a pesquisa brasileira pode ter sucesso onde outras falharam, porque usa uma estratégia distinta das outras, estimulando um conjunto diferente e células do sistema imune em relação às demais.
Folha de SP

domingo, 4 de agosto de 2013

Curtir abobrinhas no Facebook pode ser trabalho em Bangladesh



O "curtir" no Facebook, no YouTube e em outras redes sociais pode não ser tão sincero como se espera e coloca em dúvida como muitas empresas modernas medem seu sucesso no mundo digital.

Um exemplo é uma página do Facebook dedicada a abobrinhas (sim, o legume) que recebeu centenas de curtidas, enquanto outras dezenas de páginas similares sobre a cucurbitácea não têm o mesmo sucesso.

Poderia ser um caso de sucesso não fosse um problema: as curtidas eram falsas, feitas por uma equipe de trabalhadores em Bangladesh, cujo chefe exige US$ 15 (cerca de R$ 34) por mil curtidas da sua "fazenda de cliques".

Em troca, muitos desses funcionários trabalham em um sistema de jornada tripla e chegam a ganhar por ano US$ 120 (cerca de R$ 275).

Para as companhias, esse tipo de serviço seria um atrativo, já que aumentar a sua exposição nas mídias sociais pode ser um bom caminho para atrair clientes.

Segundo pesquisas, 31% dos consumidores levam em conta as notas e as críticas sobre um produto (incluindo as curtidas) antes de comprá-lo.

Isso significa que as "fazendas de cliques" podem ter um papel importante em enganar os consumidores.

E para as empresas que são dependentes de pesquisas sobre popularidade nas redes sociais, essas "fazendas de cliques" são um desafio para saber qual é realmente a popularidade de um produto.

Mas as condições de trabalho ali são degradantes.

Os funcionários ficam em salas sem nada além de paredes e mesas de trabalho, e com janelas com grades, chegam a varar a noite para ganhar muitas vezes US$ 1 em troca de mil curtidas no Facebook ou de mil pessoas que passa a seguir no Twitter.





Folha de SP

sábado, 3 de agosto de 2013

Uma nova forma de monopólio


Folha de SP

Um monopólio não é determinado pela essencialidade do produto monopolizado, mas pela ausência de alternativa viável.

A Microsoft, por exemplo, foi multada pela Comissão Europeia em meio bilhão de euros em 2004 por formação de monopólio não porque seus produtos eram essenciais, mas porque dominavam o mercado.

Tradicionalmente, monopólios surgem por imposição legal, restrição de acesso a matéria-prima, propriedade intelectual, ou processo de fabricação.

O Facebook não é essencial, mas é um novo modelo monopolístico, criado pelo somatório de nossas escolhas individuais.

Se a maior parte da comunicação social on-line de massa ocorre por meio de sua plataforma, não há opção exceto utilizá-la. Como um buraco negro, criada a massa crítica, torna-se impossível escapar.

Possíveis alternativas, como Google+, não são verdadeiras alternativas. Uma plataforma de comunicação só é útil se os interlocutores podem ser atingidos por ela. Daí o Facebook ter assumido condição análoga à de um monopólio. E daí surgirem problemas inerentes.

Primeiro, regras de economia de mercado não funcionam em monopólios. Não há como o usuário deixá-lo sem sofrer consequências simplesmente porque não há alternativas viáveis. O usuário não tem poder de barganha: ou aceita as regras ou cai no ostracismo social on-line.

Ademais, o usuário não é o cliente. O cliente são as empresas de marketing. Usuário e suas informações pessoais são o "produto" que o Facebook oferece aos anunciantes. É na capacidade de vender informação do usuário que reside o valor de mercado da empresa, o que gera conflito de interesses.

Terceiro, o grupo de jovens que controla a empresa é também legislador e juiz de padrões morais impostos ao usuário. Em 2011, a empresa excluiu imagens da pintura "Origem do Mundo", de Gustave Courbet, porque mostrava uma vagina. Neste ano, excluiu fotos do Jamurikumalu no Alto Xingu porque havia índias nuas. E nos últimos dias, excluiu fotos de manifestantes nus.

Não se trata aqui se tais jovens têm problemas em lidar com a própria sexualidade, mas que impõem seus padrões de moralidade a milhões de usuários. Proíbe-os de ler ou ver aquilo que não ofende o usuário, mas ofende quem comanda a empresa. Vale lembrar: quem viu tais fotos optou por seguir determinada página ou usuário.

Por fim, suas decisões não passam por um processo transparente. O usuário não tem chance de explicar-se, defender-se ou recorrer. Nem sequer sabe como ou por quem a decisão é tomada. Tampouco sabe que está sendo julgado. É apenas informado de sua condenação.

É como se, certo dia, você acordasse e descobrisse que alguém (sabe-se lá quem) decidiu que você não pode mais telefonar ou receber cartas.




Fosse um país, o Facebook não seria apenas o terceiro maior do planeta: sua conduta seria equiparável à da Coreia do Norte.

Não fosse um monopólio, o usuário se socorreria na competição. Mas, sendo-o, cabe ao legislador controlar e limitar a conduta da empresa em relação a seus usuários.



GUSTAVO ROMANO, 36, mestre em direito pela Universidade Harvard e em administração pela London Business School, é editor do site "Para Entender Direito"



Comentário:
O Facebook têm coisas engraçadas. Vende curtidas dos seus usuários à empresas, mas quer determinar quem você pode adicionar ou não, assim como quem você conhece ou não. Se uma pessoa não quer ser amiga de outra, basta rejeitar o pedido de amizade e pronto. Bloquear um perfil porque ele solicitou amizades, segundo o site, em "excesso" é uma arbitrariedade baseada em censura estúpida. Se é uma rede social, a ideia é fazer contatos novos, além de falar com pessoas já conhecidas. Deviam entender isto.  Também acontece de censurarem publicações sem problema algum, como a foto de uma mãe amamentando, mas não censuram páginas racistas, nazistas, homofóbicas ou com ameaças de morte.

Resenha do filme "Círculo de fogo (Pacific Rim)"



Guilhermo del Toro é um diretor que sabe aproveitar várias ideias, bebendo em várias fontes e fazer um bom filme.  Referências à "Transformers", "Godzilla" (e todos os seriados japoneses com batalhas entre robôs e monstros), "Independence Day" e "Avatar" não faltam. 

A história centra-se no fato de que estranhos monstros, apelidados de Kaijus, começam a surgir na Terra, vindo de uma fenda entre placas tectônicas no pacífico. A humanidade então desenvolve uma maneira de combatê-los com robôs gigantes, chamados de "Jaegers". Estes são comandados através de conexões neurais por pilotos. Raleigh (Charlie Hunnan) é um deles, mas entra em crise quando perde seu irmão em batalha contra um Kaiju. Ele então vai trabalhar na construção de grandes muros de contenção contra monstros quando é convocado pelo comandante Pentecost (Idris Elba), para voltar à ativa contra os monstros, que passaram a atacar com mais frequência e parecem estar evoluindo.

Já em Hong Kong, em uma grande base de Jaegers, Raleigh conhece Mako (Rinko Kikuchi), que torna-se sua co-piloto nas principais ações da trama contra os invasores. Há toda uma frota de robôs, além de um treinamento complexo envolvendo artes marciais para todos os pilotos, de diversas partes do mundo, que irão comandá-los.


A película alterna bem as cenas de batalha como alguns momentos de humor, como quando o cãozinho Max, de um dos pilotos, circula livremente entre todo o maquinário da base dos robôs ou com a dupla de cientistas loucos Geiszler (Charlie Day) e Gottileb (Burn Gorman), que vão aos poucos descobrindo quais as intenções dos monstros e de onde eles vieram, realizando conexões neurais com partes dos cérebros deles coletadas (!).
Hannibal Chau (Ron Perlman) é um comerciante de órgãos de Kaijus bastante estiloso e com um humor típico dos personagens de seu intérprete, estando presente na maioria dos momentos mais engraçados, com um toque de gângster.


As cenas que lembram os velhos tokusatsus japoneses são as melhores, mas também há doses de drama bem humano quando Mako lembra de seus traumas, por ter testemunhado um ataque de monstros ou quando Raleigh lembra de quando perdeu o irmão em uma batalha no oceano.

A trama em si não é confusa e a trilha sonora de Ramin Djawadi (que também compôs a do "Homem de Ferro") se encaixa bem às cenas de batalha, sempre grandiosas e exageradas como deve ser em um filme de monstros gigantes contra robôs.

Não há como não lembrar de séries como "Jaspion" e "Changeman" quando os monstros atacam Hong Kong, destruindo vários prédios e apavorando a população.

O filme agrada tanto fãs tradicionais do gênero quanto os que apenas querem se divertir com um bom entretenimento no final de semana. Nota 9,0.


Trailer:


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Botafogo 2 x 1 Vitória

1-Dória é o melhor zagueiro do Brasil;
2-Essa equipe joga bem melhor com um centro-avante, como o Elias;
3-Rafael Marques não faz nada pelos lados do campo;.
4-O time jogou bem melhor do que contra o Flamengo e o Figueirense.