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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Em debate morno da Rede Globo, Dilma se sai melhor


Aconteceu tudo ao contrário do que a oposição esperava. O último debate, o da Globo, o de maior audiência, aquele que poderia comprometer Dilma e alavancar Serra e Marina e provocar o segundo turno saiu pela culatra para os oposicionistas. Nem o "fator" Plínio funcionou. A candidata do PT teve, sem sombra de dúvida, o melhor desempenho. Para quem lidera as pesquisas, não sair chamuscada já é uma vitória.

Vencer o debate então é praticamente selar o destino das eleições no primeiro turno.
As regras engessadas do debate impediram um confronto direto entre Serra e Dilma, restando ao tucano fazer ataques indiretos ao governo federal, numa postura antipática.


Para quem passou a semana saltitando "ondas verdes", Marina estava muito apagada na maior parte do debate. Acordou no final e foi justamente para brigar com Serra. Os marqueteiros já tinham avisado aos candidatos que deveriam fugir de embate ríspido com Marina.

Marina insistiu no debate de estratégias, sem propostas concretas. Discurso idealista que atinge uma faixa muito reduzida da população. Seu pronunciamento final foi fraco e a candidata apareceu diante das câmeras da Globo com aparência de triste. Definitivamente, não ajudou a suposta "onda verde" a ganhar musculatura.

Plínio teve sua pior performance, a menos engraçada, a menos espirituosa, e justamente no debate de maior audiência. Segundo informações de bastidores, o debate teve média de audiência de 23 pontos.

Serra não conseguiu ir além das críticas técnicas e econômicas ao atual governo. Não teve oportunidade de apresentar propostas interessantes com argumentação palatável ao eleitor indeciso. O tucano precisava desesperadamente de um desempenho acima da média para conquistar novos eleitores. Ou torcer para um desempenho desastroso de Dilma para arrancar eleitores dela. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Em sua fala final, sequer foi aplaudido pela platéia de tucanos presentes no estúdio da Globo.

Dilma, por sua vez, respondeu a todas as perguntas com serenidade e no episódio que poderia resultar em seu pior momento --quando riram de sua fala sobre doações de campanha--, ela teve presença de espírito suficiente para inverter a situação e acabar a fala recebendo aplausos ao dizer que "lamenta o riso daqueles que têm outra prática".

A candidata petista estava preparada para responder perguntas potencialmente embaraçosas sobre as denúncias envolvendo a Casa Civil, sobre liberdade de imprensa e sobre aborto. Temas com os quais a oposição e a mídia têm atacado a candidata. Mas nem precisou. Preocupados em não adotar posturas agressivas, os adversários de Dilma sequer tocaram nestes assuntos.

O debate acabou sendo um passeio para a candidata favorita. Dilma fez a natural defesa do governo Lula, mas citou o nome do presidente pouquíssimas vezes, mostrando que a campanha ajudou-a a ganhar personalidade própria.

Muitos analistas políticos passaram a semana dizendo que o debate desta quinta-feira seria decisivo. Se for mesmo, aponta para uma decisão no primeiro turno, a favor de Dilma.

Cláudio Gonzalez

Comentários:
Se Serra ou Marina esperavam o debate para reverter o quadro eleitoral, se decepcionaram.
Algumas respostas (boas ou ruins ) do debate:


Dilma: Se saiu muito bem ao falar sobre propostas de segurança pública, mencionando  as UPPs, as unidades passificadoras nos morros do Rio de Janeiro, para combater o tráfico. Também abordou didaticamente os temas do transporte, mencionando a Ferrovia norte-sul e sobre a importância do governo construir moradias, principalmente para gerar empregos, ao contrário da ilegalidade que Plínio sempre propôs, ao falar na ocupação de casas como única solução para combater a falta de moradias. Dilma deu uma boa resposta aos tucanos, quando respondeu ao falar que lamenta as provocações, quando ela falou que  o PT explica todas as doações no site, ao contrário da prática dos que não fazem isso. Dilma não deu nenhuma resposta comprometedora, não foi confrontada com temas polêmicos e só isso já torna-a vencedora do debate. Dilma ficou tranquila a maior parte do tempo, sorridente e se saia bem quando eventualmente ficava nervosa.




Serra: Sempre nervoso, falava coisas que não condiziam com a realidade. Por exemplo, propôs a criação de uma frota de hidroaviões e a criação de uma "defesa civil" nacional. Serra definitivamente não sabe como funciona a defesa civil, que já existe nos estados e coordenas as ações dos bombeiros, por exemplo. Faltou explicar porque ele nada fez para previnir as enchentes em São Paulo, como no bairro Jardim Pantanal da Capital ou na cidade de São Luiz do Paraitinga, no começo do ano. Serra também utiliza  uma argumentação mentirosa ao falar que daria um salário de 600 reais. O candidato não pode prometer isto, já que o orçamento de 2011 já foi votado pelo congresso e ele não explica de onde viria o dinheiro.
Também não deixa de ser uma piada de mal-gosto ver Serra falando em saneamento básico, já que a Sabesp sob a sua gestão e de todos os outros tucanos sempre se preocupou mais em fazer propaganda institucional em outros estados do que investir maciçamente no aumento das residências atendidas em São Paulo. Serra estava nervoso, tentava sorrir em alguns momentos mas não escondia a tensão.
Sobre os problemas da Sabesp, leia:
Sabesp faz propaganda na Bahia


Sabesp fornece água imprópria no Litoral Paulista


Sabesp lança esgoto sem tratamento nos rios do estado




Marina Silva:  Estava séria, agressiva, usando um palavrório prolixo e arrogante. Fala com uma certa estupidez ao eleitor, subindo no pedestal da arrogância com uma certeza soberba de que vai estar no 2o turno, mesmo que todas as pesquisas indiquem que dificilmente haverá um. Como bem falou o jornalista José Roberto de Toledo, do Estadão, ela estava parecendo uma professora chata. Sempre traz teses amplas e genéricas e foi descontruída por Dilma, quando esta lembrou à Marina que devem ser feitas propostas práticas e não genéricas. Marina também foi detonada quando falou que não existe uma agenda de investimentos em transportes, ignorando completamente os investimentos do governo federal que ela sabe que existem. A candidata do PV trouxe mais do mesmo, sem esplanar propostas concretas para a previdência, para o meio-ambiente e sem apresentar nada que trouxesse muitos votos para ela. Falta humildade à Marina Silva. Arrogância sempre afasta os eleitores. Esse ar de antipatia pode tirar votos de Marina e atrapalhá-la ao tentar conseguir mais.








Plínio: Como sempre, franco atirador, aproveitou para pedir votos para a legenda do PSOL. Provocou Serra dizendo que ele gostava de impostos, defendeu como sempre o calote da dívida externa e arrancou alguns risos da platéia. Só.






Marina fala em tom de derrota e fracasso após o debate:


Era 1h10 da madrugada quando a candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, entrou na área de imprensa do debate da TV Globo para conceder entrevista.

Sem citar nomes, ela criticou seus dois principais adversários, mas praticamente assumiu a derrota:

"Sei que existem aqueles que até podem ir para o segundo turno. Aqueles que vão ganhar perdendo porque fizeram alianças incoerentes e inconsistentes. E aqueles que vão perder perdendo porque fizeram um festival de promessas que não se sustentam", afirmou Marina, referindo-se a Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), respectivamente. "Se eu perder, perco ganhando", completou. (Do Correio Brasiliense)





Alguns trechos de Dilma:





















Leia também:
Debate da Rede TV!

Debate da Record

Debate da Band

Debate de ontem, na Globo, na íntegra:





























Um comentário:

Rogério Aparecido Clemente disse...

Nunca antes na história desse país o autor desse bordão escolheria tão bem quem continuasse seu trabalho.

Transformar riso em aplausos, calar o lado tucano da platéia, foi espetacular. Nem o próprio Lula teria esse jogo de cintura. Nem esperaria que Dilma o tivesse. Esse lado alquimista da Dilma, de transformar chumbo disparado contra ela em ouro, eu não conhecia. Não duvido que ela tenha se surpreendido com ela mesma.