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sábado, 9 de outubro de 2010

"Tropa de elite 2" mostra casamento entre milícias e políticos corruptos

Estreou ontem nos cinemas a continuação do aclamado "Tropa de elite", do diretor José Padilha. Na história, que se passa 10 anos depois do primeiro filme, o então Coronel Nascimento tem que lidar com a corrupção dentro da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. O roteiro não têm pudores ao rotular a esquerda, quando Nascimento diz para quem quiser ouvir que esquerdistas defendem os direitos humanos para os bandidos, recado que também é passado pelo hilário apresentador de TV (e depois deputado estadual corrupto) Fortunato, vivido pelo hilário ator ecomediante André Mattos. As cenas onde ele apresenta seu programa policial sensacionalista ao melhor estilo Datena arrancam risadas da platéia.
Desta vez, o filme não culpa os ricos que compram drogas e são financiadores do tráfico, mas sim políticos “graúdos” que estão por trás das ações das milícias, os grupos criminosos que atuam nas favelas do Rio de Janeiro cobrando altas taxas dos moradores em troca de “proteção” e outros serviços. Em ano de eleição, o tema não poderia ser mais propício.
A história mostra a batalha do personagem de Wagner Moura contra este sistema falido e permeado pela corrupção, contando em alguns momentos com o outrora seu antagonista o deputado estadual Fraga, bem representado por Irandhir Santos, que também se destaca nas cenas no começo do filme, quando ele negocia com bandidos na Penitenciária Bangu 1, com momentos que poderiam perfeitamente ocorrer na vida real.


Também podemos destacar os possíveis limites do jornalismo pautados pelo filme, quando a jornalista Clara descobre que uma milícia, e não o tráfico, está por trás de um grande roubo de armas. Fica então uma questão: Sempre vale a pena a um jornalista arriscar a vida atrás de um grande furo de reportagem?
A fotografia do filme continua excelente, com ares de documentário em alguns momentos, contando com as tradicionais tomadas nas ruas das favelas e os tiroteios. As cenas de Nascimento em escritórios também não são burocráticas ou cansativas, ao contrário do que costuma ocorrer neste tipo de história.
Vale destacar que todos os atores se encaixam bem em seus papéis. Desde os milicianos cruéis aos políticos corruptos cínicos, as interrpretações são pontuais e perfeitas.
"Tropa de elite 2" cumpre o seu papel, ao retratar uma realidade inconveniente da política brasileira sem fazer denuncismo vazio e ao mostrar fatos que deveriam ser sempre lembrados pelos eleitores.
Trailer:




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